Todas as invenções – ou direi
descobertas? – do Homem desde que pôs os pés na Terra são extraordinárias. Mas a
criação de um código linguístico para exprimir e organizar o pensamento e para se
entender com o próximo, é das mais espantosas.
A língua em que cada nativo se
exprime é a sua primeira condição de pessoa singular e social, de
individualidade e de pertença, de igualdade e de diversidade.
Sou suspeita, sou de Letras e as
minhas disciplinas preferidas foram mesmo as Linguísticas: o estudo da história
da(s) Língua(s) – independentemente de ser a Portuguesa ou outra – do seu
funcionamento, da sua evolução, de como é usada por cada falante, por cada
pequeno grupo deu-me um imenso prazer.
Porém, apesar de gostar imenso da
língua inglesa e até da francesa que não domino tão bem, não tanto da alemã,
nada há que chegue, para mim, à bela, fresca e rica Língua Portuguesa.
Bem sei que há situações nas
malhas da política em que é importante usar-se o inglês, mas ver estes jota-governantes
que nos calharam em rifa (e ainda não eram sorteados os topo de gama com o
voto) a palrar em inglês por essa Europa fora por tudo e por nada para armar ao
fino, e o irrevogável (ou direi “inenarrável”?) vice-primeiro a hablar espanhuel, dá-me volta ao
estômago! Isto para não falar naquela
moda, não sei se de facto aplicada, de dar as aulas no superior em inglês.
E, exagerada que sou, as minhas
leituras recaem, quase exclusivamente, sobre obras dos bons autores portugueses
– e temos muitos! E são tantos e com obras tão excelentes que lamento não ter
tempo (nem dinheiro…) para ler todos!
Acabei há dias de ler “Bastardos do Sol”, uma das primeiras
obras de Urbano Tavares Rodrigues (1959) que achei uma verdadeira homenagem à
Língua Portuguesa. Claro que ao lermos um romance, o importante é a história, a
acção, as personagens e o meio e o tempo em que se movem; mas em “Bastardos do
Sol” a história apenas transparece por detrás da língua que funciona como uma
poalha leve que se asperge por sobre os acontecimentos e as pessoas e que
finalmente dá ligamento à história. Muito bom. Muito bem escrito!
Também me impressiona muito vê-los a utilizar constantemente anglicismos quando discursam cá dentro. É a prova cabal do provincianismo reinante!
ResponderEliminarObrigado pelas suas palavras no CR.
Bom FDS e até breve ( a ausência será curta).
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ResponderEliminarAfinal, sempre li Urbano Tavares Rodrigues. A Noite Roxa. Um dia terei que o reler. Talvez goste mais, passados alguns anos.
ResponderEliminar~
ResponderEliminar~ ~ Mais um certificado... ~ ~
~
~ Vou registar.
~ Nem sempre a nossa versátil Língua Portuguesa, acompanha uma boa e imteressante obra literária, pelo que, agradeço a partilha. ~
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarAh!, o acordo ortográfico... é uma facada tão grande...
ResponderEliminar...e tem razão a nossa língua é a nossa Pátria, não há nada melhor que ela.
Tocou numa ferida, Graça Sampaio. De facto usa-se e abusa-se de neologismos despropositados e termos em inglês. O francês passou de moda nos tempo que correm mas penso que nunca teve a influência que o inglês tem hoje.
ResponderEliminarHá dias a sr.ª presidente Esteves armou-se em engraçadinha com inconseguimentos, depois foi o Irrevogável a discursar, como bem disse, em espanholês e, por fim, o Pedro dissertou "para inglês ver", em Portugal, na língua de Shakespeare. Sempre que estão na qualidade de representantes de Portugal e desprezam a nossa língua deveriam pagar multa.
Fico aborrecida quando não falam português lá fora, mas fico furiosa quando, em Portugal, se usam termos estrangeiros ou estupidamente aportuguesados.
ResponderEliminarExemplos:
- Soft por Suave
-Power por Poder
-Partenariado por Parceria.
- Handicapado em vez de Deficiente
(Aqui para nós, quem devia ser capada era a besta que inventa estes disparates).
"Bastardos do Sol" foi o primeiro livro que li de Urbano e um dos raros que reli.
Bons sonhos, ma chérie( é que , ao contrário de ti, domino e gosto muito mais do francês do que do inglês ...e de alamão, que detesti, não sei nada)
~
ResponderEliminar~ Eu entendo que, quando Fernando Pessoa citou esta máxima, não se referia à sua pátria europeia, caso contrário, a frase não tinha absolutamente nenhum sentido.
~ Pessoa, autor da Mensagem, tinha uma pátria muito mais vasta do que muitos espíritos estreitos portugueses, que usam esta frase para se oporem ao AO.
~ A pátria de Pessoa, englobava todos os territórios com expressão portuguesa. ~
~ Não forcemos os nacionalistas dos paises em questão a formarem novas regras, criando novas línguas.
~ Honremos Fernando Pessoa! ~
~ Não lhe roubem a maior parte da sua querida pátria: a Língua Portuguesa!
O inglês impera não só nos discursos dos "zezinhos" mas também nas redes sociais!
ResponderEliminarFico possessa!
Urbano Tavares Rodrigues é um grande mestre da nossa língua!
Abraço
~
ResponderEliminar~ É já no fim do corrente mês, que vai encerrar a exposição, "Lisboa em Pessoa", no aeroporto da capital. ~
~ Lamento que não fique algo mais durador no Metro. ~
~ Eu imagino um quadro eletrónico para cada heterónimo, com poesias e textos, apresentados sucessivamente. ~
~ Na minha opinião, tudo o que se puder fazer para incentivar a leitura e o conhecimento, é muito louvável. ~
~
Majo, querida, sou tão entusiasta de Pessoa como tu! É o NOSSO poeta!!
ResponderEliminarE tens razão quando dizes que a sua língua portuguesa abrange todos os que a falam em África, no Brasil, no Mundo!
O importante é falá-la! Agora se tem mais um c ou menos um p, é absolutamente indiferente!
Rogerito, havemos de falar sobre o AO.
ResponderEliminarNão interessa nada!!! A minha mãe escrevia a palavra «mãe» com i no final e tive uma professora de Física que escrevia «açúcar» com dos ss. E depois?! As palavras mantêm-se e pronto! Ou não. Umas são esquecidas, ouras ganham outros significados, outras modificam-se. A língua é dinâmica e forte. A ortografia é apenas o vestuário. E esse muda com os tempos.
~
ResponderEliminar~ Obrigada, Graça, por ratificares a minha exposição.
~ Sabe-se que uma larga faixa da intelectualidade brasileira preferia criar uma língua nacional e passarem a ensinar a Língua Brasileira, nas suas escolas.
~ Estou convencida que não o fizeram, em memória de Fernando Pessoa que muito admiram e estimam, como ficou provado pela extraordinária exposição patente em S.Paulo, em 2010 e depois no Rio de Janeiro.~
~ Não se trata de mais um c, menos um c, trata-se de revitalizar uma língua, retirando-lhe o supérfluo e, assim, contribuir para a perpetuação da pátria de Pessoa. ~
~ Custa, realmente, ver as palavras "podadas", mas só no início. Depressa elas florescem na sua leveza.
~ ~ ~ Tem um ótimo domingo. ~ ~ ~
Majo, em memória de Pessoa e de Agostinho da Silva que lhe vem na sequência.
ResponderEliminarDe ler, a propósito, o livro do Fernando Dacosta sobre o Botequim da Liberdade da Natália Correia.
Beijinhos
Majo, há palavras que aparecem mal podadas. Concordo com a evolução da escrita mas há de facto coisas que não deixam o fato assentar bem.
ResponderEliminar~ Agostinho, garanto-lhe que é apenas uma questão de hábito.
ResponderEliminar~ A interioriação que temos do conceito de erro, faz com que a palavra "podada", tenha uma aparência grosseira.
~ A censura dos puritanos complica.
~ Mas palavras simultâneamente homófonas e homógrafas, temos muitas!
~ ~ ~ Ótimo Domingo. ~ ~ ~
~ Peço desculpa pelo lapso.
ResponderEliminar~ Deveria constar, ""interiorização"".
Bastardo ao Sol e os Insubmissos - marcantes.
ResponderEliminarbeijo