República das Bananas

Que me desculpe o meu querido Sérgio Godinho quando diz que «só neste país é que se diz só neste país», mas quem chegasse cá, vindo de longe sem nos conhecer e tivesse visto as notícias nos últimos dias, haveria de dizer que só mesmo neste país!

Até eu, elemento pertencente, sem apelo nem agravo, à chamada «peste grisalha» (não obstante pinte o cabelo) que nem consegui ouvir até o fim aquele deprimente primeiro-ministro que este triste povo nos fez calhar em sorte quando entaramelou as novas medidas de austeridade direcionada aos funcionários públicos e à dita peste, quase me tenho divertido com o que tem vindo a lume! Senão vejam e depois digam-me se não é de ir às lágrimas! (A rir ou a chorar, nem sei…)

1.      Numa manifestação de funcionários públicos que se realizou hoje contra os cortes que este “governo” se prepara para fazer na classe, uma manifestante com um ar muito enjoado transportava um cartaz em que se podia ler: «Se não concordas, apita!» Se não concordas, apita?! Apita? À beira de perder o emprego e só lhe dá para apitar? Quando é que as manifestações deixam de ser uma fraca demonstração de folclore neste país?

2.      O pusilânime do ministro da Educação para mostrar que tinha escrito um livreco sobre ensino (atenção que não foi um livro sobre ‘educação’, mas tão-somente sobre o (mau) ensino) impôs a sua fúria classificativa (atenção que não foi sobre ‘avaliação’, mas tão-somente sobre classificação) aos miúdos do 4º ano e… (suspense…) mandou que eles, com dez anos e alguns até com nove apenas, assinassem uma declaração em como não utilizariam o telemóvel ou o mp3 ou o tablet (sei lá!) durante o exame… Não é de andar aos rebolões a rir? Mas, calma, há mais! Perante o espanto dos pais, já veio o pretensioso Júri Nacional de Exames esclarecer que a dita declaração não tem valor legal… (Gargalhadas e mais gargalhadas…) Legal?! Aos dez anos?!...

3.      Não quero falar, para vos não quero cansar, naquele outro ministro – pusilânime, também, ou autofágico? – que “não foi eleito coisíssima nenhuma”, mas não posso deixar de referir o facto de o primeiro-ministro vir, no seu melhor ar de escuteirinho suburbano, à televisão na 6ª feira anunciar, ou melhor, deixar prever as novas medidas de austeridade, tomadas nas várias e intermináveis reuniões de Conselho de Ministros e, dois dias depois, vir o seu Vice dizer que não vai poder ser como o primeiro disse porque ele não concorda muito… A este quem lhe chegou bem foi a Fernanda Câncio na passada 6ª feira…

4.      Last but not least – e desculpe-se-me a inglesice – um dia destes, não sei qual porque é pessoa que me recuso a ouvir, o pequeno Marques Mendes terá anunciado que o seu chefe Cavaco iria em breve convocar um reunião de Conselho de Estado. Grande sururu na imprensa e junto de alguns conselheiros! O que obrigou o afanoso presidente de Belém vir a terreiro dizer, com aquela cara de mete-nojo, que convocará o Conselho de Estado «quando for conveniente para o país!» (que será lá para o dia-de-são-nunca-à-tarde…) Ganda nóia, chefe!...