Comemorou-se no domingo, dia 5,
mas nesse dia tudo foi Dia da(s) Mãe(s). Mas como esquecê-la, a ela, também
nossa Mãe, nossa Pátria, à nossa bela e versátil Língua Portuguesa?
Não se deu conta da sua comemoração
este ano! Mas não terá sido certamente apenas por causa das coisas das Mães. É
que embrulhados nas guerras de palavras (de mau português) entre o primeiro e o
vice (este um pouquinho melhor, em termos de português, digo) e apoucados pelos
tristes e pobres comentários que lhes seguiram, esquecemo-nos de celebrar
aquela que nos permite desde há oito ou nove séculos ser chamados de povo,
sermos chamados de cultura.
Difícil escolher um, apenas um,
dos muitos rendilheiros que a trabalharam ao longo dos tempos desde D. Sancho,
desde D. Dinis para a presentear.
Mas escolhi este assim:
«Sou um homem do extremo
ocidental da Europa, cresci a ouvir o marulhar do Atlântico, onde nasceram os
ritmos e os decassílabos de Camões. Creio que toda a nossa língua está marcada
por esse ritmo. Nas suas harmonias e nas suas dissonâncias, nas suas vogais
azuis e verdes e nas suas consoantes sibilantes. Tem a cor do mar e o assobio
do vento Oeste. Amo essa cor, esse assobio, esse murmúrio. E o cheiro a alga e
a sal. E o sol e o sul que estão dentro das sílabas. Há na minha língua uma
aspiração universalista e, ao mesmo tempo, uma nostalgia da errância e um
sentimento de exílio em relação à pátria física e à circunstância histórica
concreta. Há n minha língua uma página chamada Atlântico, onde há sempre uma
viagem que não acaba até outros mares, outros poemas.
O meu amor começa na música
secreta da minha língua, porque a minha língua fez a minha pátria e porque
pátria e língua portuguesa são sempre o outro lado da viagem, da errância e de
outras pátrias.»
Manuel Alegre,
JL 3/Abril/2012
ResponderEliminarObrigada por este momento em que me senti grande!
Beijo
Laura
ResponderEliminarUma excelente escolha.
Lembro que hoje que os pequenitos do 4.º ano fizeram o seu primeiro exame de Língua Portuguesa. Alguns tiveram de se levantar às cinco da manhã para se deslocarem às escolas onde fariam a prova.
Lídia
Gostei da escolha. :)
ResponderEliminarExcelente homenagem! Parabéns!
ResponderEliminarBj. Célia.
O dia da Língua é como os outros dias importantes, quer seja do pai, da mãe, da criança, dos namorados, do animal, da música e tantos outros - é todos os dias!
ResponderEliminarDito isto, gostei da prosa poética de Manuel Alegre! :)
Beijocas, Graça!
Excelente homenagem, senti-me bem ao ler,assim como gostei da escolha de Manuel Alegre.
ResponderEliminarbeijinho e uma flor
Li, e à memória me chega outro texto de que editei este extracto:
ResponderEliminar"Mas tudo cansa! Apagam-se nas frentes Os candelabros, como estrelas, pouco a pouco; Da solidão regouga um cauteleiro rouco; Tornam-se mausoléus as armações fulgentes.
«Dó da miséria!... Compaixão de mim!...» E, nas esquinas, calvo, eterno, sem repouso, Pede-me esmola um homenzinho idoso, Meu velho professor nas aulas de Latim!
(...)"
Cesário Verde, extracto de "Sentimento de um Ocidental"
Bonita homenagem!
ResponderEliminarBeijos
Relembrar o orgulho da nossa língua, da nossa pátria.
ResponderEliminarObrigada amiga por este momento.
beijinho
Fê
Fico feliz por terem gostado. Obrigada pelas vossas palavras. Obrigada, Rogerito, pelo Cesário Verde.
ResponderEliminarE viva a Língua Portuguesa!