terça-feira, 7 de maio de 2013

Dia da Língua Portuguesa



Comemorou-se no domingo, dia 5, mas nesse dia tudo foi Dia da(s) Mãe(s). Mas como esquecê-la, a ela, também nossa Mãe, nossa Pátria, à nossa bela e versátil Língua Portuguesa? 

Não se deu conta da sua comemoração este ano! Mas não terá sido certamente apenas por causa das coisas das Mães. É que embrulhados nas guerras de palavras (de mau português) entre o primeiro e o vice (este um pouquinho melhor, em termos de português, digo) e apoucados pelos tristes e pobres comentários que lhes seguiram, esquecemo-nos de celebrar aquela que nos permite desde há oito ou nove séculos ser chamados de povo, sermos chamados de cultura.

Difícil escolher um, apenas um, dos muitos rendilheiros que a trabalharam ao longo dos tempos desde D. Sancho, desde D. Dinis para a presentear.

Mas escolhi este assim:

«Sou um homem do extremo ocidental da Europa, cresci a ouvir o marulhar do Atlântico, onde nasceram os ritmos e os decassílabos de Camões. Creio que toda a nossa língua está marcada por esse ritmo. Nas suas harmonias e nas suas dissonâncias, nas suas vogais azuis e verdes e nas suas consoantes sibilantes. Tem a cor do mar e o assobio do vento Oeste. Amo essa cor, esse assobio, esse murmúrio. E o cheiro a alga e a sal. E o sol e o sul que estão dentro das sílabas. Há na minha língua uma aspiração universalista e, ao mesmo tempo, uma nostalgia da errância e um sentimento de exílio em relação à pátria física e à circunstância histórica concreta. Há n minha língua uma página chamada Atlântico, onde há sempre uma viagem que não acaba até outros mares, outros poemas.


O meu amor começa na música secreta da minha língua, porque a minha língua fez a minha pátria e porque pátria e língua portuguesa são sempre o outro lado da viagem, da errância e de outras pátrias.»

Manuel Alegre,

JL 3/Abril/2012

10 comentários:


  1. Obrigada por este momento em que me senti grande!

    Beijo

    Laura

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  2. Uma excelente escolha.

    Lembro que hoje que os pequenitos do 4.º ano fizeram o seu primeiro exame de Língua Portuguesa. Alguns tiveram de se levantar às cinco da manhã para se deslocarem às escolas onde fariam a prova.

    Lídia

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  3. Excelente homenagem! Parabéns!
    Bj. Célia.

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  4. O dia da Língua é como os outros dias importantes, quer seja do pai, da mãe, da criança, dos namorados, do animal, da música e tantos outros - é todos os dias!

    Dito isto, gostei da prosa poética de Manuel Alegre! :)

    Beijocas, Graça!

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  5. Excelente homenagem, senti-me bem ao ler,assim como gostei da escolha de Manuel Alegre.

    beijinho e uma flor

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  6. Li, e à memória me chega outro texto de que editei este extracto:

    "Mas tudo cansa! Apagam-se nas frentes Os candelabros, como estrelas, pouco a pouco; Da solidão regouga um cauteleiro rouco; Tornam-se mausoléus as armações fulgentes.
    «Dó da miséria!... Compaixão de mim!...» E, nas esquinas, calvo, eterno, sem repouso, Pede-me esmola um homenzinho idoso, Meu velho professor nas aulas de Latim!
    (...)"

    Cesário Verde, extracto de "Sentimento de um Ocidental"

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  7. Relembrar o orgulho da nossa língua, da nossa pátria.
    Obrigada amiga por este momento.

    beijinho

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  8. Fico feliz por terem gostado. Obrigada pelas vossas palavras. Obrigada, Rogerito, pelo Cesário Verde.

    E viva a Língua Portuguesa!

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