terça-feira, 17 de abril de 2018

Para rir ou... talvez não

Sei que o tema é melindroso, mas não resisti a transcrever o texto de opinião (ou grande parte dele) que o meu facefriend Carlos Esperança publicou hoje lá no facebook. É que, além de estar sobremaneira bem escrito, até dá vontade de rir. Ou de chorar, sei lá.

O texto tem o título de «Demónios e exorcismos» e diz assim:

«A religião que apavorava as noites da infância, com demónios das profundas do Inferno, nas recônditas aldeias da Beira Alta, foi esquecendo o Maligno, talvez por este ter maior medo das escolas do que do sinal da cruz ou ter-se cansado de atormentar as almas.

Se a memória me não falha, todos os párocos tinham então alvará para exorcismos, além das tarefas inerentes ao tríplice múnus do sacramento da Ordem. Agora, só a licença do Ordinário do Lugar, designação canónica do bispo da diocese, habilita para exorcismos, sendo as restantes tarefas do múnus sacerdotal, profético e pastoral comuns a todos.

Hoje, com a escassez de demónios, sem íncubos e súcubos, de vocação libidinosa, cuja existência era atestada por Tomás de Aquino e outros santos doutores, o Papa declarou que o Inferno era uma criação humana.

O Papa pode duvidar, mas a Cúria não, e obrigou-o a recuar no despautério teológico e a dizer que o demónio existe, certificado por exorcistas. Há quatro anos, a Igreja católica reconheceu oficialmente a Associação Internacional de Exorcistas que reúne cerca de 200 especialistas (...)

Declaram os sábios exorcistas, que desde amanhã até ao dia 21 vão lecionar no curso de exorcismo no Vaticano, talvez para ficarem mais próximos do Demo, que “às vezes é preciso tapar a boca porque os demónios cospem muito” e que “ouvindo um grunhido satânico uma vez nunca mais se esquece”, entre outras peculiaridades demoníacas. (...)

Duarte Sousa Lara, que recusou ser administrador de uma empresa pública, lugar que o pai lhe ofereceu (não cabe aqui falar da licitude), para se dedicar ao serviço de Deus e … do Demónio, com mais de 50 pedidos de ajuda semanais, é a estrela dos exorcistas portugueses, reconhecido pela diocese de Lamego onde – diz ele –, exorciza possessos enviados por psicólogos e psiquiatras amigos, casos que não reagem a medicamentos. A afirmação exasperou o presidente do Colégio de Psiquiatria da OM, que o levou a dizer que “o sobrenatural não existe em medicina” e a comparar os exorcistas aos bruxos.

Sendo o sacerdote Sousa Lara filho do devoto censor de Saramago e não de um íncubo, o que o faria nascer bruxa e não exorcista, função reservada a homens, é de crer que este psiquiatra, Miguel Bragança, seja excomungado por falta de fé. O mesmo pode suceder ao padre Anselmo Borges, que disse: “O Diabo e os exorcismos são uma crendice”. Não se duvida de um exorcista e, muito menos, do Catecismo da Igreja Católica:

“Embora Satanás exerça no mundo a sua ação por ódio contra Deus, e embora a sua ação cause graves prejuízos, essa ação é permitida pela divina Providência. A permissão divina da atividade diabólica é um grande mistério.”

Para um ateu o mistério maior é a permissão divina para que o Demo atormente crentes e, nunca, incréus. É um mistério explicável pela maldade de Deus, castigar os que mais ama. Os homens que criaram Deus inventaram mais justo o Demo.

Duarte Sousa Lara gasta em média 20 minutos a realizar um exorcismo e carece de 1 a 5 ou 6 pessoas, conforme a gravidade, para segurar os possessos, normalmente possessas, para que arrotem, vomitem e se torçam, e, eventualmente, tapar-lhes a boca, porque ‘os demónios cospem muito, mordem e é preciso cuidado’. Tem um longo futuro na função, e coincide nas declarações com o mais antigo especialista do ramo, ainda em funções, o padre Humberto Gama, que chegou a fazer exorcismos para a TVI. (...)

Há muitos demónios à solta. Um dos maiores especialistas em exorcismos calcula que são anualmente identificados 500 mil casos de possessão demoníaca, enquanto outro revela que há diabos especializados em diabruras diferentes, sabendo-se que a oração e o sinal da cruz são demonífugos profiláticos, mas não suficientes para dispensarem os experientes exorcistas que regem cursos de formação e aperfeiçoamento no Vaticano.


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(daqui)

8 comentários:

  1. Não é para rir, não-

    É para lamentar que ainda haja criaturas sem vergonha que se aproveitam dos sofrimentos de seres humanos para inculcar medo e culpa !!

    Sonhos bons e sem exorcistas

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  2. A crendice é uma doença. Demoníaca. Há pouco tempo numa aula de antropologia o professor disse que atualmente há cada vez mais padres exorcistas. O que se compreende. Há cada vez menos gente nas igrejas. Se os padres não podem ganhar a vida dentro da igreja, tem de procurar outro jeito de o fazer. E os exorcismos, são bem pagos segundo ele.
    Abraço

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  3. Para se acreditar em exorcismo e em exorcistas, teríamos que acreditar em demónios, ora o 'demónio', a maldade, está é na mente e no coração de gente de má índole...tão simples como isso!
    Infelizmente, a crendice ainda povoa muitas cabeças doentes e ignorantes; presas fáceis de sabidolas oportunistas... e com isto me vou!

    Beijinhos. Boa noite!

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  4. Onde é que eu assino o comentário da São??
    Beijinhos

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  5. Parabéns para o comentário da São. Concordo na íntegra com a sua opinião.
    .
    * Amor = Velas Acesas em Espinhos de Luz. *
    .
    Votos de um dia feliz.

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  6. São, parece que todos concordam com as tuas palavras. Que bom! Eu, pessoalmente, também concordo. Bem hajas.

    Beijinhos gratos para todos.

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  7. Já tinha lido e, no momento fiquei meio dividido nas emoções...

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