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O luar desmaiava mais ainda uma
máscara caida nas esteiras bordadas. E os bambús ao vento e os crysanthemos nos
jardins e as garças no tanque, gemiam com elle a advinharem-lhe o fim. Em róda
tombávam-se adormecidos os idolos coloridos e os dragões alados. E a gueisha,
procelana transparente como a casca de um ovo da Ibis, enrodilhou-se num
labyrinto que nem os dragões dos deuses em dias de lagrymas. E os seus olhos
rasgados, perolas de Nankim a desmaiar-se em agua, confundiam-se scintillantes
no luzidio das procelanas.
Elle, num gesto ultimo,
fechou-lhe os labios co'as pontas dos dedos, e disse a finar-se: --Chorar não é
remedio; só te peço que não me atraiçoes emquanto o meu corpo fôr quente.
Deitou a cabeça nas esteiras e ficou. E Ella, num grito de garça, ergueu alto
os braços a pedir o Ceu para Elle, e a saltitar foi pelos jardíns a sacudir as
mãos, que todos os que passavam olharam para Ella.
Pela manhã vinham os visinhos em
bicos dos pés espreitar por entre os bambús, e todos viram acocorada a gueisha
abanando o morto com um leque de marfim.
A estampa do pires é igual.
(Almada Negreiros, in
'Frisos - Revista Orpheu nº1')
Porque Almada nasceu num dia 7 de abril, faz hoje 125 anos.
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E a escolha para o recordar é magnífica!!!bj
ResponderEliminarE a chávena é maravilhosa!!!bj
EliminarUm texto muito bonito
ResponderEliminarAbraço e bom fim-de-semana
Que bela história e essa xícara, linda!
ResponderEliminarTenha um lindo fim de semana. Abraços
que viva Almada! que viva, pim!...
ResponderEliminarbeijo
E também gostei da ortografia. :)
ResponderEliminarTambém eu...
EliminarOs textos de Mestre Negreiros deixam-nos sempre a flutuar.
ResponderEliminarGostei da tua escolha!...E da porcelana chinesa, bago-de-arroz.:)
Bom Domingo, Graça!
Beijinhos
Muito bom :))
ResponderEliminarHoje:- {Poetizando e Encantando } Embriagada na timidez de um sonho.
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Bjos
Votos de um Óptimo Domingo.
Linda peça e lindo texto do Almada! Já houve mais culto à porcelana; parece-me. Lembro de minha mãe que era aficionada em objetos de porcelana. Hoje já não se vê dar tanta importância... Parece que o ser humano está de desapegando do belo e se apegando ao supérfluo, pois até mesmo às obras de arte como pintura, parece haver menos procura. Bela postagem! Parabéns! Grande abraço. Laerte.
ResponderEliminarTem toda a razão! Sinto, desde muito nova, um especial encantamento por objetos de porcelana; especialmente chávenas. Tenho muitas!! Não sei o que lhes vai acontecer quando eu deixar de existir. Parece que agora não têm valor nenhum... :(
EliminarObrigada pelas palavras e pela visita.
Amigos, fico feliz por terem gostado do texto. A prosa poética de Almada tem a beleza, a leveza do seu desenho, da sua pintura. Um artista completo!
ResponderEliminarBeijinhos e boa semana.
A minha avó paterna tinha um serviço de porcelana chinesa, não sei o que fizeram quando faleceu.
ResponderEliminarO texto está lindíssimo, Graça.
Este homem foi um génio.
Vi as suas exposições, em Lisboa, no ano passado, e no Porto, o mês passado, fiquei fascinada com o seu trabalho.
Beijinho.