Deus pede estrita conta de meu tempo.
E eu vou,
do meu tempo, dar-lhe conta.
Mas, como
dar, sem tempo, tanta conta,
Eu, que
gastei, sem conta, tanto tempo?
Para dar
minha conta feita a tempo,
O tempo
me foi dado, e não fiz conta.
Não quis,
sobrando tempo, fazer conta.
Hoje,
quero fazer conta, e não há tempo.
Oh, vós,
que tendes tempo sem ter conta,
Não
gasteis vosso tempo em passatempo.
Cuidai,
enquanto é tempo, em fazer conta!
Pois,
aqueles que, sem conta, gastam tempo,
Quando o
tempo chegar, de prestar conta
Chorarão,
como eu, o não ter tempo...
Soneto, obra-prima do trocadilho, escrito no século XVII,
por António Fonseca Soares.
Frei António das Chagas, de seu nome António da
Fonseca Soares, também conhecido por Padre António da Fonseca, (Vidigueira, 25
de Junho de 1631 – Varatojo - Torres Vedras, 20 de Outubro de 1682)
Excelente escolha! Amei
ResponderEliminarBeijo, bom Domingo
Obrigada, Cidália.
EliminarBoa semana.
Fazer conta... uma delicada situação, pois quando jovens, o tempo é todo nosso; depois na maturidade, o mesmo torna-se escasso e finito!
ResponderEliminarAbraço.
É mesmo assim, Célia. A partir de certa altura das nossas vidas, o tempo corre veloz! Voa... Que fazer?
EliminarBeijinho.
Um Soneto que é uma verdadeira preciosidade, feita de trocadilhos. Não conhecia e adorei!
ResponderEliminarNão sei se consumimos o tempo, ou se é o tempo que nos consome...fico, agora, eu a pensar.
Beijinhos.
É uma coisa e outra, Janita! Somos causa e efeito do Tempo. «Une gaite».... (em fraciú torna-se mais fino...)
EliminarBeijinho.
Uma verdadeira pérola poética.
ResponderEliminarHoje, um mini conto:- lembranças do meu coração...
Bjos
Lá irei, minha amiga!
EliminarBeijinho.
Não há muito tempo o li, julgo que também num blogue. Só não me lembro qual. O tempo prega-me partidas, afeta-me a memória. :)
ResponderEliminarAndamos numa constante lufa-lufa e depois é no que dá...
EliminarBeijinho.
Bom soneto e gosto de trocadilhos
ResponderEliminarMas a propósito de tempo
Previna-se contra o mau tempo
O Ana pode causar-nos sarilhos
Vamos lá ver se é verdade
EliminarQue a dita Ana aí vem!
Ainda não chegou a tempestade
Por muito que a anunciem...
Muito ineressantes esses trocadilhos.
ResponderEliminarGostei. Um abraço e bom domingo
Acho que é preciso muita imaginação e bastante saber para transmitir estas mensagens tão acertadas de forma tão perfeita.
EliminarBeijinho, Elvira.
Já está em fado :)
ResponderEliminarhttps://youtu.be/irPXq8OpYR0
Ai, não sabia! Como bem sabe, não sou muito entendida em fados...
EliminarObrigada. Beijinho.
Bom dia. Existe um fadista português - Camané - que canta este tema de uma forma divina. Muito bonito. Quase não tive tempo de ler tal o tempo que o tema me inspirou, ficando pensativo sem tempo
ResponderEliminar.
Tema de hoje
Margens de sedução de branca espuma
.
Deixando um abraço humilde e poético.
Domingo feliz
.
Ai, se é cantado pelo Camané, então é que não falho a ir ouvir. Gosto muito da voz dele.
EliminarObrigada pelas palavras e pelas visitas. Boa semana.
Excelente.
ResponderEliminarSubscrevo o pertinente comentário da Célia.
Beijinhos.
~~~~~~
A Célia tem sempre a palavra certa para o comentário, tens razão.
EliminarBeijinho e boa semana!
podemos trocar as voltas ao trocadilho
ResponderEliminarmas não trocamos a volta ao tempo!
coisas bonitas que tu sabes, Graça!
muito bem, sabichona!
beijos
... sempre a mangar de mim.... ai, ai!... MEN!...
EliminarBeijinhos.
Sabes que foi este teu post que me deu a ideia daqueles “trava-línguas” ?… :)) ... e quando vi, não tive tempo para comentar ! :)
ResponderEliminarVerdade ! Achei fantástico este soneto, realmente uma obra-prima de trocadilhos "da conta e do tempo" !!! … E vê lá que já no séc. XVII havia queixas de falta de tempo ! … e eu a julgar que havia tempo para tudo ! ☺
Está uma pérola !!!
Beijinhos na conta e no tempo certo, Graça que agora já tenho tempo.