sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

A Restauração


«Sábado, primeiro de Dezembro de 1640 (dia memorável para as idades futuras), a nobreza da Cidade de Lisboa, para remédio da ruína em que se via, e ao Reino todo, aclamou por Rei o Duque de Bragança Dom João, príncipe begniníssimo, magnânimo, fortíssimo, piedoso, prudente, nos trabalhos incansável, no governo atento, no amor da república cuidadoso, de seu acrescentamento ardentíssimo, e vigilante, legítimo sucessor do Império Lusitano.»

(A Elrey N. S. D. João IIII, Coimbra, 1641, p. 3)


Assim se descrevia numa edição da Universidade de Coimbra, menos de um ano depois dos acontecimentos, os primórdios da aclamação do 1 de Dezembro, posteriormente consagrada como uma das datas emblemáticas da História nacional. Fica claro que o ponto de partida foi, pois, uma conspiração urdida por um número razoavelmente definido e bem delimitado de fidalgos (…).

Nos seus primórdios, o 1 de Dezembro foi, pois, um típico golpe palaciano, perpetrado por um grupo de algumas dezenas de fidalgos, depois identificados como os referidos «quarenta restauradores». O golpe, rigorosamente executado para tomar conta de uma cidade onde estanciavam apenas algumas centenas de soldados castelhanos, foi acompanhado de uns poucos assassínios políticos, incluindo a célebre defenestração ritual – com antecedentes na Europa barroca – que atingiu Miguel de Vasconcelos, secretário de Estado em Lisboa e símbolo local da administração espanhola do conde-duque de Olivares.

(in «História de Portugal», Rui Ramos (coord), A Esfera dos Livros, Lisboa, 2009, pp 295-296)





(Ai se no 25 de Abril tivessem, de igual modo, defenestrado uns tantos traidores e assassinos...)

15 comentários:

  1. Não sei se foi a crise política na Alemanha ou o stress provocado pelos muitos afazeres antes do 1° Domingo de Advento 👑, esqueci este acontecimento histórico tão importante para uma pátria livre de espanhóis.

    Abração da amiga em terras alemães.

    ResponderEliminar
  2. Querida Gracinhamiga I
    Para mim o dia primeiro do mês de Dezembro é o Palácio ducal de Vila Viçosa onde a duquesa de Bragança Doña Luisa de Guzmán ”emporrou” o seu marido para ele aceitar o convite de alguns nobres portuguese com vista a ser rei de Portugal. Estávamos em 1640. Depois de muitas indecisões finalmente acenou que sim: foi o João IV da dinastia de Bragança.

    Mas também é um desfile da “Mocidade Portuguesa” na Avenida da Liberdade, quando ainda puto cavei daquela tropa e em público levei umas galhetas do Comandante de Falange Cunha Teles hoje, por artes de magia, é realizador de cinema, mas tendo sido sempre um “democrata” – diz o gajo…

    Claro que escrevo esta pepineira de gozação… mas verdadeira.
    Bjs da Raquel e qjs do teu amigo Henrique, o Leãozão

    ___________

    O meu irmão está pior: já tem metástases no fígado. Ontem levou a primeira transfusão. Uma grande porra!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Lamento muito, Leãozão...

      Também me lembro bem dos desfiles dos meus colegas fardados à Mocidade Portuguesa... E o hino que cantávamos no liceu: «Portugueses, celebremos o dia da Restauração...»

      Beijinho.

      Eliminar
  3. Um dia importante na História de Portugal.

    Gracinha, Gracinha...não incites o pipal à biolência...

    Beijinhos pacifistas.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. eh eh eh eh... se calhar, não tenho razão....

      Beijinhos pacifistas...

      Eliminar
  4. Bom dia. Sabemos que é feriado, mas muito poucos sabem "o porquê" Adorei


    Hoje, um miniconto { Saudade, da nossa dança... }
    Bjos
    Um Sábado muito feliz.

    ResponderEliminar
  5. Um dia para recordar
    Abraço e bom fim de semana

    ResponderEliminar
  6. Feita a Restauração submetemo-nos a uma nova guerra. O que nos valeu foram os catalães...
    É gramámos a Casa de Bragança até à República que vingou a execução do Duque de Bragança pelo Senhor El Rei D. João ll, procurando reduzí-lo ao anonimato. O António fez, depois, o negócio da Fundação é o João II continuou ignorado.
    Bj.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. De tantos atropelos é feita a nossa História...(e as dos outros, também...)

      Eliminar
  7. Sempre bom lembrar. Muitos gozam do feriado e nem saberão, lol

    Beijo. Votos de um Sábado feliz.

    ResponderEliminar
  8. Este é, sem dúvida, um dos mais importantes dias da história portuguesa.

    Beijinho, Graça, bom fim de semana.

    ResponderEliminar
  9. Finalmente voltámos a comemorar a nossa independência com um feriado erradamente riscado. Somos um País importante na Europa, mas temos de saber mostrá-lo!!!!

    ResponderEliminar
  10. Não comemorar o dia da restauração da República era um crime les patriótico. Felizmente que as almas se iluminaram
    .
    ( https://pensamentosedevaneiosdoaguialivre.blogspot.pt/ )
    .
    Abraço

    ResponderEliminar
  11. Celebramos a independência dos castelhanos e daqueles que quiseram "apagar" o feriado... Grandes independências!

    Beijinhos, amigos!

    ResponderEliminar
  12. D. João nem estava muito interessado, provavelmente Dª Luisa de Gusmão, mesmo sendo espanhola, esteve mais.

    Miguel de Vasconcelos , afinal, era só português de nascimento , pelo que não foi o maior traidor.

    Bom Dezembro, Gracinha

    ResponderEliminar