quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Estilo Polémica

Sabemos o quanto nos agrada uma boa polémica. Para tomarmos partido, para teimarmos defendendo o nosso ponto de vista, para nos irritarmos com o parceiro, etc. etc.

A polémica que hoje aqui trago é uma polemicazinha, até porque não deve ser conhecida do público em geral. Por isso lhe chamei «estilo polémica»; se fosse a malta nova diria «tipo polémica». Enfim.

Então houve um concurso de literatura que decorreu no Brasil que foi o «Prémio Oceanos» (antigo Prémio Telecom de Literatura de Língua Portuguesa) de que tive notícia em meados de outubro num tímido retangulozinho do jornal que informava que, da lista de 51 semifinalistas de autores, tinham sido escolhidos dez finalistas dos quais quatro eram portugueses, a saber: Ana Margarida de Carvalho, Ana Teresa Pereira, Hélder Moura Pereira e Maria Teresa Horta. Apesar do meu encantamento pela poeta Maria Teresa Horta e a sua obra de arte «As Luzes de Leonor», comecei imediatamente a “torcer” pela Ana Margarida de Carvalho de quem li os dois romances verdadeiramente alucinantes no passado verão. Confesso que dos seis finalistas brasileiros nada sei, “desculpe ignorância de macaco” – estou citando Jô Soares no seu extraordinário programa «Planeta dos Homens» dos incríveis anos 70/80.

Na semana passada li que a escritora Maria Teresa Horta repudiava o 4º lugar ex-aequo que lhe tinha sido atribuído juntamente com o escritor Bernardo Carvalho, bem como o respetivo prémio pecuniário (cerca de quatro mil euros). Numa carta endereçada ao júri, Maria Teresa Horta afirma: "Faço-o por respeito pela Literatura, por respeito pelas minhas leitoras e os meus leitores, e sobretudo pelo respeito que devo a mim própria e à minha já longa obra (…). Assim sendo, caros senhores, sois livres de dar a aplicação que vos aprouver aos 15 mil reais que me caberiam, não fosse esta inultrapassável questão que se me coloca e dá pelo nome de dignidade".

Entretanto, na sua página do facebook, a prestigiada crítica de literatura, a professora doutora Maria Alzira Seixo, no seu estilo frontal de sempre, escrevia que os dois portugueses que faziam parte do júri, o crítico literário António Guerreiro e a poetisa Ana Mafalda Leite, tinham sido alunos dela, fracos alunos, que estiveram quase para reprovar e que não entendia como pessoas dessas eram convidadas para integrarem júris de concursos literários.

Só depois li que a vencedora do prémio tinha sido Ana Teresa Pereira – de quem nunca ouvira falar – com o romance Karen. Fiquei também a saber que a autora premiada, nada e criada na Madeira, já não é uma jovem (nasceu em 1958) e publica desde 1989, sendo-lhe conhecidas cerca e duas dezenas de obras.

«Nos últimos dezoito anos, Ana Teresa Pereira construiu uma das obras mais coerentes e sólidas da ficção nacional. De facto, sem que quase déssemos por isso, os mais de vinte romances que publicou, oscilando entre os fairy tales, o fantástico, o policial e o western, não necessariamente por esta ordem, fizeram do seu nome uma referência incontornável.» Eduardo Pitta; Público.

Ignorância minha (outra vez…) Que diria de mim a Professora Maria Alzira Seixo? Não lhe passei pelas aulas lá em Letras porque ela estava mais dedicada às Românicas… 

De qualquer modo, sei que tenho de ler o tal romance Karen.


(Ana Teresa Pereira)


8 comentários:

  1. Apetece-me dizer: Mau perder.... mas fico à espera da tua opinião sobre o Karen :))
    Bjs

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  2. Nunca li nada da escritora premiada.
    Também fiquei curiosa com o titulo.
    Abraço

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  3. Fico à espera da opinião para depois decidir se leio ou não.
    Bjs, bfds

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  4. Nunca ouvi falar da vencedora... ignorância minha, por certo.
    Continuação de boa semana, amiga Graça.
    Beijo.

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  5. Lê, e depois diz se vale a pena que o adquira! Embora já saiba que em literatura, como em tudo, os gostos são relativos...
    Quanto à posição tomada por Maria Teresa Horta, creio não ser mau-perder, mas um pleno direito que lhe assiste e com o qual até tendo em concordar. Opiniões!

    Beijinhos.

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  6. Ah, Graça, esqueci-me...tu não dizes "tipo polémica" como a malta nova, mas dizes "torcer"...qual é a diferença? Agora digo eu: Enfim...não vale a pena andar à pedrada!! :))

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  7. Bom dia. Passando para me deliciar com as suas sempre belas publicações. E se forem namorados, marido/mulher, ou amigos coloridos, sabe sempre bem uma discussãozinha , para depois se fazerem as pazes, não é verdade? ( lol).
    Se estiver em Portugal, um feliz dia de feriado.
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    Tema de hoje

    Manhã, nascer do sol, solfeja a cigarra no arvoredo
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    Deixando cumprimentos poéticos.
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