Só depois de “perdermos” as
coisas (e as pessoas) é que lhes apreciamos a beleza, o valor, a emoção que
provocam em nós.
Habituada desde muito garota a
desembarcar na Estação do Rossio – ainda andei nos comboios a carvão,
imagine-se! – a área, por mais bela que fosse – e era! – não dava para me
extasiar…
Foi, durante anos, aquela
correria louca da estação para o autocarro – Liceu. Da estação para o metro –
Faculdade. Sim, o incêndio no Teatro D. Maria II. Sim, as corridas dos Pides
atrás dos estudantes e/ou outros manifestantes… De resto, era o Rossio.
Mas também era o Rossio da Loja das
Meias, das esplanadas do Nicola, do requinte do chá e torrada na Pastelaria Suíça,
do chiar das rodas dos eléctricos, do café com leite e um donut no Tico-Tico
antes de apanhar o 32 para a Paula Vicente. E aquele hotel ali por cima
carregado de memórias dos refugiados da Guerra, dos ventos de liberdade de 40,
do fechamento de 50. Tão elegante! Que bonito devia ser por dentro! Que
deslumbre seria espreitar das usas janelas lá no alto!
(daqui) |
E agora, passados anos sem conta,
a oportunidade de ir ficar nesse mesmo hotel.
Tudo muito ao estilo da segunda
metade do século XX – o (meu) querido século XX – banhado tudo por aquela
luminosidade que só em Lisboa se vislumbra. Nada dos luxos, das facilidades (como se diz agora, deslumbrados que estamos
com os empréstimos do inglês da América) que se exigem hoje aos hotéis do
novo milénio.
No nosso quarto, situado lá bem
no alto, o mobiliário – bem como a casa de banho, curiosamente – transportou-me
à casa da minha avó onde nasci e vivi a minha infância num Algés dos anos 50.
Tudo requintadamente suspenso nos anos 50/60. Senão, veja-se a sala de estar, centro vivencial de todo o hotel.
Um verdadeiro brinquinho-de-folha-de-oliveira
pendurado na orelha do Rossio, este Hotel Metropole, ali mesmo por cima do
Nicola.
Mais vale tarde do que nunca! Que maravilha teres ficado instalada no Hotel que te deslumbrou nos idos de 50 do século passado, Graça!
ResponderEliminarImagino a emoção! Chegares à janela e confirmares a vista que dantes imaginavas poder ver.
O estilo do mobiliário, embora já em desuso, tem o seu quê de magia e romantismo...até tinhas um pechiché no quarto! :-)
Gostei muito deste teu texto repassado de nostalgia com alegria e emoção à mistura.
Estas fotos já lhes falta um pouco da luminosidade das anteriores. O tempo já tinha ficado mais nublado?
Um beijo e parabéns por esta viagem maravilhosa ao passado, que connosco partilhas!!
Obrigada, Janita, pelos teus simpáticos comentários. As fotos do interior do hotel parece terem ficado um pouco baças, mas isso deve-se ao facto de a luz ser em tom mate... à antiga...
EliminarBeijinhos
Boa noite, Graça.
ResponderEliminarQue diferença há entre os tempos juvenis e os actuais!...Não são apenas os olhos que determinam a percepção de uma realidade diferente. Tudo está mais bonito e colorido hoje. Naqueles tempos havia muito cinzento e preto...
A reportagem? Uma maravilha.
O Agostinho é que é um simpático! De facto naqueles tempos de que nem nos devíamos lembrar muito tudo era cinzento e negro. Vivíamos num país cinzento escuro. Nada que se compare com a atualidade, felizmente.
EliminarO tempo perguntou ao tempo
ResponderEliminarquanto tempo o tempo tem
e o tempo respondeu ao tempo
que tem o tempo do olhar de alguém!
(o tempo fazemos nós, vendo)
É verdade. O tempo é uma categoria demasiado abstrata e estranha...
EliminarQuem diria que ainda ias ficar nesse hotel!
ResponderEliminarE que paisagem maravilhosa. Um belo passeio pela tua querida Lisboa.
:))) Adorável Lisboa, Catarina!
EliminarGostei da viagem. Conheci Lisboa 20 anos depois. Mudaram algumas coisas, mas teimosamente os meus olhos ficaram com aquela visão.
ResponderEliminarComparativamente vejo Leiria diferente. Cresceu e enfeitou-se aqui e ali com a força das novas necessidades.
Alguns recantos ainda conservam a beleza dos outros tempos. O Terreiro, a rua Tenente Valadim, a Praça Rodrigues Lobo e o rio Lis que divide a cidade o meio.
Esses são os espaços mais belos de Leiria, amigo Luís! E Leiria é uma linda cidade! Para mim a Praça Rodrigues Lobo com o Castelo a adorná-la é a maravilha máxima.
EliminarDurante anos, a trabalhar em Sintra, todos os dias apanhava o comboio no Rossio, e sempre a correr, também pouco ligava ao que me rodeava. Há 3 anos fui lá e fiquei maravilhada.
ResponderEliminarUm abraço e continuação de boas férias.
Elvira, Sintra é a minha terra do coração. Vivi lá dos 10 aos 26 anos. E que saudades...
EliminarBeijinho
Lembro-me de tudo desse tempo que descreves. Gostei muito da reportagem fotográfica desse hotel onde agora pudeste ficar...
ResponderEliminarUm beijo.
Obrigada, Graça.
EliminarBeijinho.
Graça, vejo que tem uma grande nostalgia por Lisboa, o que para isso tem razões, lembrando a sua mocidade que por lá viveu. E, já agora, lembro que foi lá no hotel Metrópole, que em 16.09.1974 faleceu o meu conterrâneo Dr. Bissaya Barreto.
ResponderEliminarO meu abraço,
Manuel Tomaz
Obrigada, Manuel Tomaz, pela sua informação. Li sobre isso ontem mesmo quando andava a investigar sobre o Hotel. O Doutor ficava sempre lá hospedado quando vinha a Lisboa. Creio ter sido amigo do peito de proprietário, o Senhor Alexandre Almeida.
EliminarBeijinhos gratos pela sua estimada visita aqui a este meu espaço.
Que lindas fotografias, só agora me apercebi desse Hotel! A próxima vez que for a Lisboa hei-de lá passar.
ResponderEliminarGostei das tuas memórias.
bjs
Obrigada, papoila querida.
EliminarGostei imenso de visitar o Rossio através do teu exto e das tuas fotos. Andaste no Paula Vicente no Areeiro ? O Hotel parece-me muito agradável e gostei... também parecido com o meu tempo ! Lembro-me de uma passagem de ano (?) em que se cantou, como era costume, "A Internacional" no Rossio, e a polícia avançou sobre os manifestantes. Sei que fugi pelo Chiado acima ....
ResponderEliminarGraça, obrigado por alguma recordações !
Gostei das fotografias e também gostaria de passar uma noite nesse Hotel em Lisboa.
ResponderEliminarGostei das fotografias e também gostaria de passar uma noite nesse Hotel em Lisboa.
ResponderEliminarEste é o verdadeiro coração de Lisboa!
ResponderEliminar(gosto tanto de Lisboa... pena que vou lá tão poucas vezes! Olha, fui agora mesmo viajando através das tuas fotos!)
E por falar em coração... gostei de ver os dois casais que aparecem nas fotos: um deles, os roupões com os bombons... o outro estava a espreitar ao espelho! :))
Beijinhos bombonados
(^^)
Que bonito!
ResponderEliminarNarrado assim, como em parte também o vivi, até causa arrepios.
Não estava muito longe, era a Pensão Castanheirense, em São Antão, quase na praça da Figueira. Tudo muito perto. Até pode que já nem exista!
Mas estive no Mundial e lá fui à Varanda de Lisboa... e voltei a ver TUDO, que linda Lisboa desde ali! De todos os lados, é LISBOA!
Hoje, mais do que nunca, abraços de vida... y besos