Ando irritada, enervada, com a
sensibilidade verdadeiramente à flor da pele. Acordo às tantas da madrugada e
não consigo mais conciliar-me com o sono. Sinto-me angustiada. Razão tinha a
minha avó espanhola - que me criou e que faria hoje 120 anos a acreditar nos «papeles» que a Embaixada lhe forneceu
nos idos de 50 do século passado já que o seu assento de nascimento ardeu na
Guerra de Espanha – quando, miudinha ainda, me chamava «senhora das angústias».
Lembro-me bem que sofria desmedidamente com a ausência dos que me eram
queridos, ou quando previa ausências ou mudanças de meio – o que era habitual
lá na família. Lembro-me bem de me rebentarem as lágrimas sem motivo aparente e
do nó que se me formava na garganta que não me deixavam parar de chorar. Isto mesmo
em muito miúda. A minha mãe, uma mulher-de-armas da cepa transmontana (e
Escorpião e professora primária…), que não tinha a paciência nem a doçura de
sua mãe – aquela querida avó que faria hoje 120 anos – perguntava-me porque chorava
eu e eu, na minha ingenuidade de criança, dizia que não sabia. Aí, muitas
vezes, levava uma bofetada e a minha mãe concluía: «Pronto, agora já sabes!» Tratamento
de choque que acabava por … não dar resultado. Outros tempos.
Sempre tive um temperamento algo
depressivo alimentado por um qualquer medo interior que me vem do mais
recôndito do meu ser e do qual pouco ou nada sei dizer. (A psicanálise teria
aqui muito a dizer, mas…)
Este sentir (portuguesmente) melancólico – apesar de
ser uma pessoa especialmente alegre e divertida quando em (boa) companhia – agudiza-se
na Primavera com a minha habitual propensão para a astenia e no Outono que me
traz uma saudade louca de tudo – acho que até do futuro! – dos meus mortos
(precoces), e outras realidades, de outras vidas, de outros espaços. Apetece-me
fugir (de mim, talvez…)
A culpa é do equinócio – só pode…
Assim me sinto agora: muito
angustiada sem saber exactamente porquê. Maldito equinócio!
E para tentar expurgar este mal
que tenta desgastar-me, lanço mão e deixo aqui um fado- canção que
recorrentemente me tem vindo à memória nestes últimos dias.
Ó minha querida... estás mesmo melancólica! Tu que nem morres de amores por fados!!
ResponderEliminarMas Carlos do Carmo merece ser ouvido... e eu até gosto deste tema e já não o ouvia há muito tempo.
O Outono também mexe comigo... mas enquanto o sol nos fizer companhia, vou assobiando para o lado! :D
Beijos doces e fadistas
(^^)
Não morro mesmo de amores pelo fado, mas Carlos do Carmo é outra coisa!!
EliminarObrigada pela palavras. Beijinhos
Às vezes acontece.ficarmos assim. Minha mãe era uma mulher sem estudos, e pouco dada a carinhos, e também tinha esse hábito de me bater, quando eu chorava e lhe dizia que não sabia porquê. E depois dizia exactamente isso. Agora já sabes.
ResponderEliminarSerá que todas as mães são assim?
Gosto muito do Carlos do Carmo.
Um abraço
Não, nem todas as mães são assim - somos todos diferentes (mas todos iguais...)
EliminarTambém gosto muito de Carlos do Carmo. Bjs
Ah, "esta depressão que me anima"
ResponderEliminarhttp://conversavinagrada.blogspot.pt/2010/08/perguntaram-me-porque-me-sentia.html
«não encontro vestido que me sirva
Eliminarjá não sirvo para nada»...
Gracinhamiga
ResponderEliminarAdoro o Fado (e cantei-o na minha juventude, na Toca do Carlos Ramos, e odeio a angústia. Só de pensar que andei como um zumbi durante cinco, leste bem,cinco anos e seis psiquiatras com uma depressão bipolar resultante - dizem os esculápios - de uma passagem fatídica e uma traição nos cinco anos no Ministério das Finanças, nem sei o passei e a Raquel também!
Talvez que essa ansiedade/angústia tenha que ver com o dia 4 de Outubro; mas lembra-te que há mais mundo para além de eleições (desde que não ganhem os fdp (por extenso filhos da puta). Estou a cruzar os dedos...
Bjs da Raquel e qjs do Leãozão
Pois é, Henriquamigo, o dia 4 de outubro também tem muito peso neste estado de alma... Ai, ai, ai...
EliminarBeijinhos
Falta de sol?
ResponderEliminarPode ter esse efeito...
Beijinhos, bom resto de semana, bfds
Nem por isso... o tempo tem estado bastante soalheiro e ameno. Eu é que nem por isso...
EliminarBeijinhos
Momentos em que as lágrimas correm em nós e preenchem os vazios que o tempo nos deixa. Às vezes alivia...outras carrega de dor...
ResponderEliminarDepois virá o bem tempo.
Assim é, caro Luís.
EliminarObrigada pelas palavras.
Beijinhos
Não estás sozinha nesses estado depressivo. Conheço várias pessoas, especialmente amigas (sexo feminino) a quem isso acontece na mudança de estação, principalmente na chegada do Outono.
ResponderEliminarSempre fui de opinião que os "tratamentos de choque" normalmente não resultam, e aqui tenho mais uma prova...
Ânimo, amiga, o sol voltará a brilhar dentro do teu coração, onde agora o céu está cinzento...
Semana de muito sol te desejo.
Um beijo
MIGUEL / ÉS A MINHA DEUSA
Gratíssima pelas palavras meigas. Isto «dá-me forte, mas passa depressa»...
EliminarBeijinho
~~~
ResponderEliminar~ Adoro o outro equinócio, mesmo que sobrevenha a característica astenia.
~ Este deixa-me cada vez mais nostálgica, fase que, ainda assim, aprecio...
~ Graça, amiga querida,
dá um passeio pela manhã e aprecia o sol, o tempo ameno, a brisa suave...
~ Descontração assegurada... Beijinhos.
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Como disse ali acima, «dá-me forte, mas passa depressa»... pelo menos, assim espero.
EliminarBeijinhos
Isso passa Graça Sampaio, mesmo sem bofetadas!
ResponderEliminarMaldito Equinócio. :)
Um abraço
Espero bem... eh eh eh...
EliminarBeijinhos gratos
Não é só a "menina" que sofre com este equinócio ; eu sofro do mesmo mal , desde sempre , mas , tive a sorte de ter sido vista por uma médica que "conheci" na barriga da mãe , minha colega e remédio santo , nada me incomoda . Nada, nada , não ,mas , lemos muito , filtramos tudo , andamos muito atentas ao mundo que nos rodeia , os dias a encolher , o sol cada vez mais frio ....aí está a conjugação perfeita...Pense bem , no fundo somos umas "ingratas"...temos tudo e apesar de muitas coisas mal , até tivemos sorte no canto onde nascemos ...não me " esfole" temos de ver o copo meio cheio. Falo assim...será da pastilha que tomei de manhã ?
ResponderEliminarM.A.A.
Seja da «pastilha» ou do que for, falou muito bem... Também tomo pastilhas dessas, ou de outras... há muitos anos. Que remédio! Mas ainda bem que as há, né?
EliminarBeijinhos
Há luas e há solstícios e, naturalmente, equinócios. Ao que parece, é nestes que se fazem ou pagam as contas. Será?
ResponderEliminarSe olharmos para aqueles que nos rodeiam havemos de achar mais "pacientes" desse mal que refere. Só pedras ou tolos negam esta evidência.
Umas passeatas, alteração de rotinas e saber esperar que a crise passe será o suficiente para equilibrar. E, no S. Martinho tudo estará passado.
Uma boa tarde, Graça.
Que amigos tenho!! Tão queridos e compreensivos! Isto não é para todos...
EliminarQue bom! Só estas palavras todas já dão para ganhar outro ânimo!
Beijinhos gratos
O Outono tem dias (embora poucos) dos mais bonitos do ano. Mas não há nada que chegue ao Verão, dias grandes e noites pequenas...
ResponderEliminarPois é, mas nós gostamos de responsabilizar o pobre do tempo e do passar das estações pelos nossos estados de alma...
EliminarSentimento de emoções que me fez rever nas tuas palavras!
ResponderEliminarTambém a minha avó materna era um doce, a minha mãe nunca me deu uma bofetada, mas também nunca me deu um carinho, no entanto ao fim de 18 meses da sua partida, a saudade acompanha-me.
Um xi coração muito apertado.
Mãe é mãe, não é, Flor?! Eu adorava a minha mãe e ela partiu tão nova e tão cheia de vida! Enfim... Fez-me muita falta
EliminarBeijinhos
Adoro este começo de outono. Os dias calmos sem muito calor, sem frio. Hoje até fui passear na praia coisa que não fazia há tempooooo.
ResponderEliminarNem todos somos iguais.
Um abraço, Graça
Que bom, Benó!! Ainda bem que assim é! Já viu se fossemos todos iguais? Que monotonia....
EliminarBeijinhos
Compreendo bem esse estado de alma, eu também me sinto muito triste ao acordar, é mesmo profundo....depois aos poucos volta tudo ao normal!
ResponderEliminarA chegada do Outono faz-me sempre sentir esta tristeza. Felizmente para mim que é de manhã que ela me surpreende e que se dissipa rápidamente!!!
bjs Graça, que tudo normalize e que a alegria regresse a "bom porto"