Foi bem nos inícios de 1960 que a
nossa amiga TZ disse à minha mãe – que era uma grande amante de praia – que deveria
gostar de conhecer a Praia da Samarra, uma prainha ótima ali no concelho de São
João das Lampas.
E aí vai a minha mãe convencer o
meu pai – que detestava praia e quando lá ia era só para nos levar e descia à
areia de sapatos, fato e gravata – a levar-nos ali a São João das Lampas para
irmos conhecer a dita praia.
Lá nos metemos todos não sei se
no Volkswagen, se no Dauphine com destino à “saloiada”. Nunca percebi como
cabíamos todos nos carros que o meu pai foi tendo! E todos eram os meus pais,
eu, o meu primo-irmão que vivia connosco e sempre, mas sempre, mais um ou dois
amiguinhos da casa.
Chegados a São João, toca de
procurar o caminho para a Samarra. Que achámos por orientação da TZ. O primeiro
sinal de que as coisas não iam correr bem foi o facto de o dito caminho
terminar um bom bocado longe da praia. Mas pior foi ver que o acesso à mesma
era feito por montes e pedregulhos.
Cheios de boa vontade de passar
um bom bocado à beira-mar, lá nos metemos por caminhos exíguos aos altos bem
pedregosos e baixos bem poeirentos para chegarmos lá abaixo. Claro que o meu
pai ficou lá em cima muito sossegado!
Mas o melhor, o mais inesperado,
o mais pitoresco, o mais divertido, foi o cenário com que nos deparámos: uma quantidade
de homens de ceroulas arregaçadas e de mulheres em combinação com a água a
dar-lhes pelos joelhos a lavarem-se com sabão e tudo!
Eu teria, à época, os meus doze
anos, mas nunca mais me esqueci daquela nossa ida à Praia da Samarra. Nunca
mais lá voltámos, mas ríamos a bom rir de cada vez que recordávamos aquela experiência.
Este fim de semana fomos a Sintra
visitar uns amigos e pensei em aproveitar a viagem para passarmos por São João
das Lampas para ver se dava para revisitar a Samarra. E lá fomos.
Não encontrámos pessoas a
lavarem-se no mar – mal fora! – mas o acesso continua a fazer-se por caminhos e
pedregulhos. Se bem que esteja agora a ser feita uma estrada de cimento com
locais para deixar os carros e tudo.
Pessoas que se dirigiam à praia no passado sábado:
A praia e os seus pedregulhos |
Deixo aqui uma fotografia de 1963 da praia que encontrei na net e de que vão gostar.
A "piquena" na foto não sou eu, juro!
De acesso difícil mas bem bonita!
ResponderEliminarPois, nos tais "bons" velhos tempos havia quem não tivesse acesso a água para fazer a higiene diária, que passava assim a higiene "quando e onde calhava". Suponho que mais em alguns rios, dado que a salinidade da água do mar não é muito própria para banhos de higiene... ;)
ResponderEliminarBeijocas!
Gosto muito de praia mas com as desgraçadas pernas que tenho não me atrevo a ir até lá!
ResponderEliminarAbraço
Também conheço a praia da Samarra. Foi-me apresentada por um amigo que tem uma casa em S. João das Lampas. Com a abertura da estrada lá se vai o sossego!
ResponderEliminarTd lindo por aqui.Adorei!! abraços carinhosos a ti.
ResponderEliminarAté estou a sorrir...não conheço esta praia , mas essa cena de se lavarem com sabão no mar , fez-me rir...antigamente , havia o conceito de que muitas lavagens até davam cabo da pele....Graças a Deus que não era a política lá de casa mas por aqui , as pessoas , falavam no tomar banho de Sabor a Sabor , ou seja , no rio já com calor...Dá para rir , não dá ? M.A.A.
ResponderEliminarA praia é bonita, mas eu ficaria a fazer companhia a teu pai.De certeza!
ResponderEliminarBons sonhos
Linda a praia, não conhecia o facto de se lavarem lá com sabão, em 63 eu tinha 6 anitos, ainda não ía á praia, comecei a ir aos 8 e nunca mais parei, apenas este ano que infelizmente não estou a consiguir.
ResponderEliminarbeijinho e uma flor
O que me ri! : )
ResponderEliminarHá alguns anos, a “cottage” que arrendei à beira-lago, com praia privada, estava bem conservada mas via-se que já tinha muitas décadas.
Havia apenas um quarto de banho que era relativamente novo comparado com o resto da casa. Estranhei. Em conversa, a proprietária, uma senhora muito conversadora e simpática, disse-nos que antes de terem quarto de banho era hábito ela e a família tomarem banho com sabão e champô no lago e que muitos vizinhos faziam a mesma coisa mesmo alguns anos depois de terem água canalizada.
Nessa altura uma amiga foi passar dois dias connosco. Então, não é que na manhã seguinte se levanta cedo e munida de sabão e lâmina vai para a praia fazer a depilação das pernas?!
: )
Se tenho aqui ao lado um colega da Divisão de Informática que lava roupa na casa de banho, porque não lavar-se, com sabão e tudo, na praia?? :)))
ResponderEliminarTambém por cá houve disso...não assim tão descaradamente...
ResponderEliminarAinda sou do tempo dos matarruanos...
Ceroulas com atilhos nos tornozelos e na cintura e de braguilha aberta.
Ai as combinações....que lindas ...nada transparentes ...aquilo eram bons tecidos de chita...
Este lugar é um charme, beijo Lisette.
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ResponderEliminarDepois... Bem,depois ficamos a lembrar coisas assim, eternamente, até que, um belo dia,lá voltámos em busca dos risos inocentes que fomos perdendo.
Gosto tanto quando assim acontece!
Obrigada pela partilha. Pode imaginar-se a cena. :)
Beijinhos
Pelo menos, estas praias têm uma vantagem ! Para quem não gosta de ver muita gente por perto, são um sossego ! :))
ResponderEliminarLembro-me de uma praia muito do género dessa, há uns 30 anos, mas não sei como estará hoje. Era a praia do Abano, logo a seguir ao Guincho !
Bjs.
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Praias destas são muito boas e propícias ao Top Less que eu pratico há longos anos ! :)
ResponderEliminarAi este Ricardo!....
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