Eu bem sei que muitos dos meus queridos seguidores não falham a leitura das crónicas das 4ªs feiras do jornalista/escritor Baptista-Bastos pelo que se torna repetitivo transcrevê-las para aqui. Mas a crónica de hoje é por de mais relevante e atual - e por de mais bem escrita - para não a reproduzir.
Não posso deixar de chamar a vossa atenção para o vocabulário meticulosamente escolhido para que o efeito nos leitores tenha a força contundente tão grande e tão contundente como é a atuação do visado sobre o povo. Muito bom!
O mentiroso
Não posso deixar de chamar a vossa atenção para o vocabulário meticulosamente escolhido para que o efeito nos leitores tenha a força contundente tão grande e tão contundente como é a atuação do visado sobre o povo. Muito bom!
O mentiroso
«Pouco há a fazer senão demonstrarmos a nossa indignada
repulsa. O homem é um mentiroso compulsivo. Há dois anos ameaçou-nos com o
empobrecimento, "única alternativa", dizia, à soberba que de nós se
apossara para vivermos "acima das nossas possibilidades." Íamos, pois
ficar mais pobres do que temos sido. Depois, como a Fénix que renasce das
cinzas, gozaríamos de um cintilante futuro. O rol de miséria que se seguiu
causou-nos infortúnios e desditas sem nome. Agora, o mesmo homem, possuído de
amnésia contumaz, veio afirmar que nenhum político seria capaz de afirmar tal
destino. A SIC, pressurosa e cheia de zelo informativo, foi aos arquivos e
retransmitiu a primeira e a segunda mensagens. Acaso para avivar a lembrança do
desmemoriado ou, simplesmente, para reforçar o que dele sabemos: transformou a
mentira numa banalidade.
O pior de tudo é que não nos podemos esconder nem fugir
deste homem. Ele está em todo o lado, com rostos diversos e múltiplos, a mesma
voz enfática, a mesma mentira travestida, as mesmas maneiras afáveis e frias.
Mentir a nós, que temos cama, mesa e roupa lavada asseguradas, é o menos.
Mentir aos desempregados, aos velhos, aos miúdos famintos nas escolas, aos
moços e moças que não sabem o que fazer porque lhes foi tirada a mais ínfima
parcela de sonho - essa, sim, é uma mentira monstruosa, a merecer todas as
maldições, os maiores dos desprezos, a mais vil de todas as execrações.
Como é possível que haja gente, presuntivamente de bem, a
apoiar este mentiroso que não só nos empobreceu materialmente como nos
enfraqueceu a alma, nos amolgou o espírito com perseverança infame, e continua
a impelir-nos para uma perdição tão maldosa que, ela própria, nos escapa; como
é possível?
A mentira multiplicada quebrou a coesão e colocou
portugueses contra portugueses, numa endemia moral que irá prolongar-se. Com
extrema dificuldade, os governos que se seguirão conseguirão repor o que nos
indicava como o povo mais lógico, por mais unido, da Europa. O mentiroso
conseguiu o que mais ninguém obteve, com repressão ou com o montante. Levou-nos
até ao desgosto da palavra, porque houve quem acreditasse na voz de tenor,
falsamente casta, e na insistência maviosa dos temas.
Redignificar a função, reabilitar a grandeza do falar
verdade, é tarefa de resgate incomum; e não vejo quem disponha da elevação
necessária e urgente para tal empreitada. Os políticos entenderam a facilidade
como norma de uma vitória sobre o tempo, e abandonaram, por incúria e
ignorância, as convicções e a consciência de missão. O seu combate é outro. E
no caso português muito mais evidente, pelas debilidades culturais dos
intervenientes. O mentiroso comum é desprezível; o mentiroso político,
abominável: pertence a uma época estimulada pela incerteza, e incapaz de se
opor às estruturas ideológicas que tomaram conta da Europa.»
Li-a de fio a pavio!
ResponderEliminarÉ mesmo isso!
Abraço
Mas dá de vontade de perguntar - cadê os outro?? :(
ResponderEliminarTenho alguma curiosidade em perceber de que forma é que o povo português vai avaliar nestas eleições esta indignidade gritante. Não se percebe como é que ainda permitimos que este mentiroso compulsivo ainda continue a governar o nosso país!
ResponderEliminarHá coisas demasiado graves e obscenas para serem aceites neste marasmo a que nos permitimos...Quando é que todos seremos capazes de dizer basta?!
Tem toda a razão Raquel! Mas este povo é muito atrasado e paroquial...
ResponderEliminarEstimada Amiga Graca Sampaio,
ResponderEliminarEsse Coelho saiu-me cá um grande palhaco, mentiroso e ladrão.
Pena é que o povo não o corra de uma vez para sempre.
Adorei o artigo.
Abraco amigo
Odeio a mentira, nem a piedosa suporto.Este , ainda não abriu a cloaca , já se vê que vem mentira ; mas não é único...aquele bluff que foi para a Europa , quando põe o lábio de uma determinada maneira ...vem lá aldrabice.M.A.A.
ResponderEliminarTriste sina a nossa...
ResponderEliminarToda a razão, M.A.A.!
ResponderEliminar«Triste sina! Estranha condição!», Rui.