Para os meus amigos ou visitantes
que tenham vivido em Luanda, hoje deixo um poema a eles dedicado.
"Nasci branco de segunda
Calcinhas ou kaluanda
Nasci com os pés no mar
... em São Paulo de Loanda
Brinquei de pé descalço
Em poças de águas castanhas
Tive lagartas da caça
Não escapei às matacanhas
Comi manga sape-sape
Fruta-pinha tamarindo
Mamão a gente roubava
No quintal do velho Zindo
Pirolito que pega nos dentes
Baleizão, paracuca
E carrinhos de rolamentos
Numa corrida maluca
Tinha o Gelo, tinha a Biker
Miramar e Colonial
O Ferrovia, o Marítimo
Chás dançantes no Tropical
O N'Gola era só ritmo
O Liceu uma lenda
Kimuezo e Teta Lando
E os Ases do Prenda
Havia velhas que fumavam
E velhos com ar de sábio
Enquanto novas músicas
Se insinuavam na rádio
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(Tela de Clotilde Fava) |
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"E a cidade é linda
É de bem-querer
A minha cidade é linda
Hei-de amá-la até morrer"
Quem não estudou no Salvador?
Quem não se lembra do Videira?
E das garinas de bata branca
Nossas colegas de carteira?
Depois havia o Kinaxixe
Futebol era nos Coqueiros
Havia praias, um mar quente
Savanas imensas, imbondeiros
E havia o som do vento
O cheiro da terra molhada
As chuvas arrasadoras
O fogo das queimadas
E havia todos os loucos
Do progresso e da guerra
A Joana Maluca, o Gasparito
A desgraça daquela terra
Nasci branco de segunda
Calcinha ou kaluanda
Nasci com os pés no mar
Em São Paulo de Loanda"
(Nicolau Santos, um kaluanda)
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não conheço Luanda - mas encantou-me o poema.
ResponderEliminarem sua singeleza.
beijo
lindo
ResponderEliminarBjinhos
Paula
Uma bela sugestão a sua, Graça!
ResponderEliminarBj. Célia.
Então não é para mim que sou branca de primeira! :)
ResponderEliminarJá conhecia o poema que é lindo, é de primeira! :-))
Abraço
Saudades de Luanda me trouxeram atrás do titulo.
ResponderEliminarGostei do poema.
Um abraço e ótimo Domingo
Poema muito bonito.
ResponderEliminarReviver de um sonho de criança de Luanda ou do Porto, de Lisboa ou de Maputo.
Todos nascemos descalços e sofremos privações mas todos amamos a vida e queremos viver as nossas ilusões.
Não conheço Luanda, mas gostei do poema. :)
ResponderEliminarEu estive em Luanda e fiquei com saudades...
ResponderEliminarBeijos
Conheço Luanda, do tempo da guerra colonial, gostei tanto que voltei lá em 1971.
ResponderEliminarPara quem não sabe, os brancos nascidos nas Colónias, à luz do Estado Novo, tinham no assento de nascimento; - Branco de segunda nascido em...
Não sabia, Caínhas. Obrigada pela informação. Que coisa horrível!
ResponderEliminarObrigada, herético, Elvira e Graça, pelas vossas simpáticas visitas.
Obrigada a todos por gostarem do poema que também achei muito lindo (apesar de não ser de nem conhecer Luanda)
Poema e tela lindíssimos!
ResponderEliminar(Se a minha mulher é branca de segunda, os meus filhos são de terceira, está visto que o único que "se safa" sou eu).
:)
Naci no Musseque Marçal, nos anos 50 do século passado e ao ler este poema, recordei os becos, as pessoas e os amigos que por lá ficaram. Obrigado
ResponderEliminarSó sei dizer que vou AMÁ-LA até morrer minha cidade minha LUANDA |
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