terça-feira, 27 de agosto de 2013

As AEC


Alguém escreveu hoje no Facebook que a Câmara Municipal de Leiria anulou os concursos para contratação de professores que dinamizassem as Atividades de Complemento Curricular (AEC) para os alunos do 1º ciclo. A autarquia informou que se viu forçada a anular os procedimentos já em curso devido às alterações introduzidas pela nova legislação que prevê as AEC sejam reduzidas de uma hora por dia sendo asseguradas pelos agrupamentos de escolas.

Lamento mais esta (des)medida por parte do cratino ministério da Educação por dois motivos: primeiro porque é mais um dos muitos passos (que palavra funesta!) dados no sentido de desmerecer a escola pública e depois por prever uma enorme redução no número de professores que poderiam ver aí uma forma de estarem a trabalhar.

Porém, não pude conter um (maldoso) sorriso irónico perante a notícia. É que, quando foram instituídos os dois tempos de Apoio ao Estudo (2x45 minutos) para as turmas do 1º ciclo, com o objetivo de poupar alguns dos colegas daquele nível de ensino que dispunham de apenas duas horas de Trabalho de Escola (TE) na sua componente não letiva para fazer coordenação de escola, formação e atendimento aos pais, introduzi (estava ainda na direção da “minha” escola) um tempo dessa atividade de Apoio ao Estudo no TE de alguns professores dos 2º e 3º ciclos, dentro da legalidade e depois tudo bem explicado ao grupo do pessoal docente.

O que eu fui fazer! Foi choro e ranger de dentes naquela escola! Que não sou professora do 1º ciclo! Que não tenho formação para isso! Que fiz uma licenciatura não foi para dar aulas aos miúdos! Os professores daquele ciclo que as dêem! Que assim, que assado! Houve quem fosse lá ralhar comigo alto e bom som; houve quem deixasse de me falar; houve quem tivesse metido atestado médico; houve quem fosse para as turminhas e deixasse os alunos fazerem o que lhes apetecesse – como aliás aconteceu com as mal-amadas e mal compreendidas aulas de substituição! Houve até quem (e está agora na direção…) tivesse sido escalado para isso, tivesse ido duas vezes e depois deixasse de lá ir sem informar… Houve até quem (e está agora também na direção…) tivesse sido beneficiado dessa minha decisão e depois tivesse evocado a lei para receber as horas extraordinárias correspondentes a uma formação para que fora indicado por mim, sem que na altura de ser indicado tivesse pedido para não a fazer. E, não contente com isso, instigou outros (jovens) colegas em situação idêntica a exigir o pagamento das respetivas horas…

(Para quem não sabe, ele há de tudo nas escolas… e alguns destes até chegam às direções…)


O meu (maldoso) sorriso irónico alia-se a este (maldoso) pensamento sardónico: Será que agora, perante a nova legislação que atualmente regulamenta as AEC e que diz que os agrupamentos é que têm de assegurar aqueles tempos não letivos, os meus ex-colegas também chorar, gritar, patalear, pôr trombas, negar-se, meter atestados médicos, quando o senhor diretor – que já nem se lembra que também se negou – ou o outro senhor - que exigiu o pagamento de horas extraordinárias e também já não se deve lembrar… - lhes entregarem os horários – que pedem a Deus que lhos conserve… - com horas de TE para irem reger as AEC no 1º ciclo?!



3 comentários:

  1. O que eu gosto de ditados populares!
    "Atrás de mim virá, quem de mim bom fará"
    É assim, ou não é?

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  2. Tenho a certeza que terás ecos das reacções! :-))

    Abraço

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  3. A memória é curta... e quando não, faz-se de conta que é. :)

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