Corre pelo Facebook – abençoada janela
aberta onde as vizinhas conversam de janela para janela como se costumava e eu
vi fazer-se lá na minha terra, Algés, nos longos idos de 50 – e decerto muitos
dos meus amigos já se deliciaram a ler, mas não resisto a passar aqui algumas
partes deste extraordinário texto que saiu no DN do sábado passado.
Nem sempre leio os textos do provedor do leitor – o jornalista Óscar Mascarenhas – por demasiado
longos, mas este realmente não me passou pelo apelativo e por de mais direto
título «Poiares Maduro e Lomba sãotão-somente o fascismo a bater-nos ao de leve à porta».
Se não leram ainda, deem uma
vista de olhos que merece a pena.
«Aldrabões. Não faço por menos.
Mandam as artes e manhas dos artigos de opinião que não se diga logo ao que vem
o autor, para manter o leitor agarrado ao prazer do texto. Mas desta vez,
iconoclasta como me quero, finto as regras e vou direto ao assunto: os senhores
(professores doutores ou doutorandos e mais o que desejarem ser no currículo e
na mercearia do bairro) Miguel Poiares Maduro e Pedro Lomba, nos poucos dias
que levam de governo, já deram provas de terem sido aldrabões. Não digo que o
sejam, que não sou tão pateta e desajeitado que abra um alçapão legal sob os
meus próprios pés perante juristas assim ditos tão eminentes: afirmo que o
foram. Episódica e admito que corrigivelmente.
E vou mais longe: nos poucos dias
em que estes governantes exerceram o poder, o fascismo deu um passo em frente.
Nem lhes vou dizer que limpem as mãos à parede, porque podem espalhar a peste,
a cólera e a tinha. Lavem-nas, com sabão azul e branco e, de caminho - vão ao
banho! (...)
Vejamos quem são estes figurões
de que falo - e o leitor trace a opinião sobre o civismo, carácter, ou o que
lhe aprouver deles. Miguel Poiares Maduro, ministro, colega de sala de um tal
irrevogável Paulo Portas, que preferiu trocar a sua reputação pela salvação da
pátria, numa espécie de martírio de Santa Maria Goreti mas ao contrário, no
corpinho frágil de São Domingos Sávio que se finou aos quinze anitos. (Este
mostra-se mais resistente, sinal de que o Senhor hesita em chamá-lo para junto
de si, transferindo o ónus para a tolerante e inexcedível bondade de Cavaco
Silva, sempre bem aconselhado pela sua nunca por demais citada esposa, não
eleita pelo voto mas calculo que pelo coração de uma cabina telefónica cheia de
portugueses, pelo menos!) Paz às almas! Miguel Poiares Maduro, igualmente
colega de carteira de um tal Chancerelle Machete que, de ainda mais maduro, se
atascou na podridão, ipsis verbis, de uma coisa que dá pelas siglas de SLN e
BPN e o qual, diz o WikiLeaks, tem uma reputação tão elevada junto dos
americanos que, quando eles quiserem fazer qualquer negócio em Portugal, não
duvidarão em consultar certo escritório de advogados porque, como dizem os
ianques naquela língua-de-trapos, every man has his price e... money is no
problem. Gostaria patrioticamente de estar enganado, mas, em diplomacia, o que
parece... é o que diz o WikiLeaks. O outro: Pedro Lomba, colega de Agostinho
Branquinho, a criatura que não sabia o que era a Ongoing e teve de ter emprego
na Ongoing para perceber o que é a Ongoing. E ser colega de tal figura é coisa
para se trazer ao peito, com orgulho, como um broche de bom latão.
Os dois, Poiares Lomba e Pedro
Maduro, são herdeiros - com pouco jeito - de Miguel Relvas, que, com muito
menos estudos do que eles, lhes deu lições de como fazer política nestes
tempos.
Pois os colegas de Portas, Machete e Branquinho - e
aprendizes de Relvas - deram-se à missão de gerir a informação ao povo, através
dos jornalistas, prometendo briefings diários que duraram dois dias e que
retomaram agora, com a honradez da palavra que os caracteriza, em encontros
diários duas vezes por semana, não sei se o leitor entende. (...)
Aqui é que estes grandes
educadores dos jornalistas aldrabaram. Começaram por dizer - ponho no plural
porque tão aldrabão foi o secretário de Estado que disse, como o ministro que
mandou dizer ou, pelo menos, não o desautorizou - que os briefings com os
jornalistas seriam umas vezes em on -
isto é, podia dizer-se quem disse o quê - outras vezes em off (que na sabedoria analfabeta do secretário de Estado e do
ministro não sei de quê nem interessa se convertia numa figura nova em que suas
excelências expenderiam umas quantas patacoadas espremidas dos seus notáveis
bestuntos e os jornalistas papagueá-las-iam, mas sem dizer quem esvurmou tais
pústulas de sabedoria). E disseram, ex cathedra, que era assim que se fazia em
Inglaterra. Aldrabaram. (Vês, Pedro Tadeu, que há uma palavra ainda mais forte
do que "mentiram"? Quando a falta à verdade é rasca e torpe, a
palavra é "aldrabice".) Os briefings em Inglaterra são sempre
atribuídos ao PMS (Prime Minister Spokesperson), isto é, ao porta-voz oficial
do primeiro-ministro, pessoa conhecida e identificada - e as respostas são
sempre factuais, nada de divagações onanistas de ministros ou secretários de
Estado fala-barato armados em palestrantes.
E, com esta aldrabice, intrujaram: no segundo dia de
briefing, levaram uma conceituada jornalista da rádio a reproduzir todos os
vómitos e regurgitações opinativas do ministro ou do secretário de Estado,
atribuindo-os sempre a "fonte do Governo". Intrujaram a jornalista,
que, eventualmente, por temor reverencial ou mau conselho, se esqueceu dos seu
dever deontológico de não reproduzir comentários sem identificar a autoria. (...)
Mas não se fica por aqui a
impertinência e a incivilidade destes dois cavalheiros: mais recentemente, o
ministro Maduro esticou-se nas pontas do pés, esganiçou--se e verberou
jornalistas sobre as perguntas que deveriam ou não fazer!
Mas quem é ele?
E, pior do que isso, porque é que
não houve nenhum jornalista presente que dissesse a Sua Impertinência que lhe
cabe responder ou não às perguntas dos Senhores Jornalistas (com maiúsculas,
perante tão vulgar e efémero ministro) e não dizer-lhes o que devem ou não
perguntar?
Aviso solene aos jornalistas do
Diário de Notícias - e estou seguro de ser levado a sério: manda o nosso Código
Deontológico, no seu ponto 3, que "o jornalista deve lutar contra as
restrições no acesso às fontes de informação e as tentativas de limitar a
liberdade de expressão e o direito de informar. É obrigação do jornalista
divulgar as ofensas a estes direitos."
Venham os Poiares Pedros ou os
Lombas Maduros que vierem, jornalista do DN que se acobarde perante este
fascismo com pés de lã, pode ter a certeza, à fé de quem sou, que fica com o
nome num pelourinho de cobardolas que prometo expor aos leitores. Porque é dos
direitos dos leitores que estamos a falar. Enquanto estiver nesta casa e nela
tiver voz, o fascismo não entra de esguelha.
Estamos a viver tempos perigosos.
Em Espanha, o alegado recebedor por baixo da mesa Mariano Rajoy proíbe que se
fotografe, que se grave, não sei mais quê. Em Itália, é o que sabe do império
Berlusconi (ou é Burlesconi?). Na Grécia, silencia-se a televisão e mesmo com
ordens do tribunal não se reabre.
O fascismo anda por aí. É bem
visível no ovo da serpente.
Já não há a Europa da liberdade:
somos governados por filhos de Putin.
Inúmeros filhos de Putin.
Cabazes de filhos de Putin.
Em Portugal, os devotos de Putin,
discípulos de Miguel Relvas, condiscípulos de Agostinho Branquinho e quejandos
chamam-se, entre outros, Miguel Poiares Maduro e Pedro Lomba, lamentáveis
expoentes de um passado que parecia inconformista e rebelde, transformados num
estalar de dedos em esbirros da política da mordaça, assim que os convidaram a
sentar-se num mocho cambaio a metro e meio da mesa do orçamento com direito a
côdea bolorenta.(...)»
Bom, não tinha lido, mas concordo com o jornalista inteiramente. Quem é ele para dizer aos jornalistas o que devem perguntar? Sua Impertinência, só pode! Clap, clap, clap! :)))
ResponderEliminarO que vale é que enquanto existirem jornalistas sem papas na língua, estas criaturas pardacentas não conseguem os seus intentos! :)
Beijocas!
Tive um fim de semana alucinante e não li nada...
ResponderEliminarAgora percebo o meu parceiro quando me disse que voltámos a ter uma espécie de "conversas em família" mas com perguntas!
O que vale é que, por enquanto, ainda podemos dizer mal deles e desmascará-los!
Abraço
Perderam a vergonha,perderam o tino.
ResponderEliminarEstá tudo "grosso".Antecipava Ivone Silva,vai para 30 anos.
Ai conseguem, conseguem, Teté! Vão conseguindo... E o pessoal vai permitindo. Tudo!
ResponderEliminarPor enquanto, dizes bem, Leo!
Está tudo "grosso" e os juízes até já acham bem...
Já tinha lido. Aos poucos vai-se fechando o cerco... e o gado nem se apercebe.
ResponderEliminarUm texto a justificar a mais ampla divulgação.
ResponderEliminarO Provedor do Leitor do DN, deu-lhe forte.
ResponderEliminarJá tinha lido e achei que vale nora máxima.
Infelizmente as pessoas estam distraidas com o circo demais, para dar conta
ResponderEliminarBjinhos
Paula
Li o texto no sábado e, obviamente, gostei, aplaudi e concordei. Apenas um senão...
ResponderEliminarÓscar Mascarenhas é Provedor do Leitor do DN e não devia ocupar aquele espaço para escrever o que escreveu. Perdeu um pouco de autoridade como Provedor, o que lamento, porque desempenha bem o lugar.
Gracinhamiga
ResponderEliminarAntes do mais uma ADVERTÊNCIA
Trabalhei anos a fio no "Diário de Notícias" com o Óscar Mascarenhas de quem sou admirador e amigo. Tenho muito prazer e orgulho de termos juntado os nossos esforços para tentar fazer um DN tão bom quanto fosse possível.
Salvo a imodéstia, julgo que se não traçámos uma secante quanto a esse objectivo,teremos - de certeza - chegado à tangente; mas, penso que conseguimos mais. Ou seja secantámos muito mais do que tangentámos
(Como a transcrição foi longa, o comentário quiçá enferme da maleita)
Considero o Óscar um dos mais brilhantes Jornalistas (com maiúscula) da sua (nossa) geração. A sua Tese de Mestrado é um Livro Sagrado que todos os que fazem Informação (também com caixa alta) deviam ter à cabeceira, para lerem umas páginas antes de dormir. E pensar no lido.
Este texto é um dos mais importantes e esclarecidos que se publicaram face ao que se está tragicamente a acontecer quotidianamente. Os senhores que nos tentam aldrabar são, decorrentemente, aldrabões
Óscar Mascarenhas tem razão. E, ao contrário do que pensa e escreveu a cima outro meu amigo, o Carlos Barbosa de Oliveira, ele tem todo o direito enquanto Provedor do Leitor de alertar este, melhor dizendo, estes para não caírem nos embustes destes senhores Maduro & Lomba.
Quer isto dizer que, (apesar de o não fazer todos os dias, o que me deixa triste, pois este DN tem muito pouco a ver com o que nós fazíamos, o que não me agrada), leio invariavelmente os textos do Óscar, enquanto Jornalista e simultaneamente Provedor do Leitor.
O facto de ser amigo do Óscar... amigo, não me embota o cérebro, se é que o tenho. Pelo contrário, como os amigos são para todas as ocasiões, neste contexto solto um brado de alerta: cuidado malta, o fascismo não anda por aí; está por cá! Ou, pelo menos, há Poiares & Pedros que são disso bons (???) executantes.
Resumindo: estou, uma vez mais, com o Óscar Mascarenhas, Jornalista e Amigo! Cuidado com ele... que tem ferrão e não gosta dos filhos de Put..in.
Abração Óscaramigo
Qjs Gracinhamiga e muito obrigado ela transcrição de parte de um texto que, como sempre li de fio a pavio.
Henrique
Estimada Amiga Graça Sampaio,
ResponderEliminarCom estes filhos de Putin estamos entregues à bicharada!...
Abraço amigo
Enquanto os jornalistas poderem por a boca no trambone e não forem obrigados ao silêncio.
ResponderEliminarbeijinho e uma flor
Gostei!
ResponderEliminarE gostei quando interrompeu para uma chamada de atenção ao Tadeu... Mas o problema é que se vai escrevendo e... consentindo... Falando e consentindo... E não saímos desta ilusão de liberdade apenas por poder escrever e falar...
Mas que dupla...grandes " estojos".M.A.A.
ResponderEliminarÓscar Mascarenhas , tenho-o como jornalista sério e corajoso.
ResponderEliminarMaduro, só ouvi falar dele quando chegou ao actual Governo vindo de Florença(de onde jamais deveria ter saído) e fiquei logo com opinião formada ao saber que abandonara a meio uma reunião, acusando os presentes de estarem mal preparados.O que só demonstra arrogância e petulância da sua parte.
Lomba é de extrema-Direita, mas isso há muito tempo que o demonstrou nas suas intervenções televisivas.
O texto já o lera e acho que está muito bom.
Boa semana