Ouvi ainda agora num telejornal.
A nota de rodapé dizia: «Novas regras
para escolha das chefias na Administração Pública». E a imagem mostrava o
ministro Gaspar, um bocado atrapalhado, a tropeçar nas palavras enquanto lia um
pedaço de um texto que, segundo entendi, dizia que irá haver uma comissão “independente”
que avaliará (ou apresentará, não sei bem) os candidatos de entre os quais a
entidade competente escolherá o que entender ser melhor. E, logo de seguida,
foi introduzido um professor universitário algo sabedor e bem-intencionado que
perorou sobre o assunto concluindo que se trata de um enorme avanço na escolha
dos dirigentes da Administração Pública porque assim serão escolhidos os
melhores.
Aí lembrei-me de uma noticiazinha que li há
meses que dizia que no Diário da República se publicara um decreto que alterava
as regras de recrutamento e designação dos gestores públicos. E que iria ser
criada uma Comissão de Recrutamento e Seleção (como terão sido escolhidos os
elementos que integraram essa comissão?!...) que teria a responsabilidade de
definir os critérios aplicáveis na avaliação dos candidatos, competindo-lhe
elaborar os respetivos pareceres sobre cada um deles. Porém… porém… o tal
decreto também outorgava que os pareceres da dita Comissão não eram vinculativos
para o governo…
E, professora/gestora de muitos anos, lembrei-me ainda com mais veemência do pior de todos os decretos-lei do ministério de Maria de Lurdes Rodrigues, o 75/2008, que, na altura em que foi posto à discussão pública, não vi ser renegado por nenhum professor tão cegos andavam todos na luta insana contra a avaliação – como se os outros trabalhadores da administração não fossem de igual modo avaliados! Pois foi esse o decreto-lei que previu a enormidade dos mega-agrupamentos, foi esse o decreto-lei que fez renascer a figura (de má memória) do diretor de escola ou agrupamento de escolas. Foi esse decreto-lei que foi deixado passar pelo todo dos professores porque pensaram que o único mal que lhes caía em cima era a avaliação!
E, professora/gestora de muitos anos, lembrei-me ainda com mais veemência do pior de todos os decretos-lei do ministério de Maria de Lurdes Rodrigues, o 75/2008, que, na altura em que foi posto à discussão pública, não vi ser renegado por nenhum professor tão cegos andavam todos na luta insana contra a avaliação – como se os outros trabalhadores da administração não fossem de igual modo avaliados! Pois foi esse o decreto-lei que previu a enormidade dos mega-agrupamentos, foi esse o decreto-lei que fez renascer a figura (de má memória) do diretor de escola ou agrupamento de escolas. Foi esse decreto-lei que foi deixado passar pelo todo dos professores porque pensaram que o único mal que lhes caía em cima era a avaliação!
Pois já esse decreto-lei, que
juntamente com a Lei conhecida como o Estatuto do Aluno, na época me revolveu
as entranhas de tão mau, de tão chegado às políticas ditas de direita, determinava
que os candidatos a diretor apresentassem os seus currículos e um projeto de
intervenção a aplicar na escola que seriam analisados por uma comissão
escolhida pelo Conselho Geral a qual apresentaria de seguida o seu parecer
sobre cada uma das análises realizadas. Depois, sem nada que os obrigasse a
terem em conta esses pareceres, o dito Conselho Geral elegia por votação
secreta (e continua a eleger, que esse DL não foi ainda revogado) o candidato
que muito bem entendesse…
Então para quê a “palhaçada” da “comissão
independente” e as análises de currículos e sei lá o que mais, se depois é
escolhido o candidato mais conveniente? Deve ser só para brincar aos procedimentos
democráticos. Sim porque nós não temos ainda (e duvido que alguma vez cheguemos
a ter) a noção de seriedade, de justeza, de caráter, de vivência democrática
que têm os dinamarqueses ou os suecos.
Estava a blogar enquanto ouvia as notícias e também ouvi o prof Bilhim a falar na RTP 2. Ele até é pessoa muito respeitável, mas provavelmente muito ingénuo...
ResponderEliminarCara Graça
ResponderEliminarSó consigo comentar o cartoon. Desgaste prematuro, nah? Acho que o desgaste foi mais por falta de uso. Enferrujou!
Abraço
Rodrigo
Concordo, Graça! São sempre comissões, inquéritos e mais não sei o quê independentes, que nem se sabe para que servem, porque o seu efeito não é vinculativo...
ResponderEliminarAinda não percebi se só será tacho para mais uns boys, ou uma tentativa de tapar o sol com a peneira (democrática)...
Beijocas!
Achei graça ao comentário do Rodrigo!
ResponderEliminarSe calhar foi isso mesmo!
O tempo de serviço e os desgastes/desgostos da vida afastaram-me em boa e má hora dessas cenas dos agrupamentos verticais, horizontais e oblíquos...
A minha escola resistiu até à última mas lá teve que ser e agora vai pertencer a um mega sediado aí para os teus lados!
Abraço
O Carlos admitiu que o Bilhim fosse ingénuo... não estava certamente a falar a sério.
ResponderEliminarMinha cara, a minha referência quanto à excelência de ensino, continua a ser a Finlândia. O que acontece por cá... nem dá para acreditar.
Estimada Amiga Graça Sampaio,
ResponderEliminarO Ministro das Finanças o Gaspar, não aquele que oferecu a mirra ao menino, anda cansado com tanta matemática aplicada.
Se reparar desde o 25 de abril que as políticas que foram tomadas foram todas elas desastrosas, não só na Educação como nos demsid serviços.
Os tachos são só para eles.
O Portas jornalista de meia tigela foi ministro da defesa agora é dos negócios estrangeiros esses tipos sabem de tudo como tal é só encher os bolsos só eles é que sabem, depois sai do governo e ocupam posições de relevo e ganham outro balurdio de massas, é assim a política portuguesa na nova de mocracia.
Que avaliem o PR e o PM e a cambada que está em S. bento e depois falem.
Abraço amigo cá do velho lobo do mar.
Comissões Independentes?
ResponderEliminar???!!!
Nem posso ouvir falar de c"coisas" independentes que me cheira logo a esturro!
Essa das Leis, ou mais particularmente dos Decretos-Leis é outra fantochada. Há que saber ler a letra e o "espírito" da Lei.
O segredo está na cozedura da Lei, nos temperos, nas caldeiradas, mais pimenta menos pimenta, depois umas pitadinhas de sal, mexer tudo muito bem, acrescentar uns pozinhos de perlimpimpim...ah umas manobrazinhas de diversão, et voilá.
Assunto resolvido!...
E ficamos a ver navios!
Graça, minha Graça, sabes o que me deixava mesmo, mesmo feliz? Tu participares no desafio As Amantes do Verão!! :)
ResponderEliminarTu que gostas tanto da escrita, vais gostar mesmo deste desafio! Já li alguns textos teus que encaixam na perfeição neste desafio! Estou a lembrar-me de um que fizeste sobre a tua infância em Sintra, ou aquele dos amigos da Ericeira! Pronto já tens os textos feitos!! ;)
Quanto ao desafio ser diário, agendas os posts e tudo fica mais fácil!!
Anda lá!! Pleeeeease!!
Ah e diz à nossa Rosa dos Ventos para vir também! Eu já lá fui desafiá-la mas ela não me liga nenhuma...
Beijinhos e fico a aguardar-te! :))
Para que serve a palhaçada?
ResponderEliminarServe para entreter o público, há muito tempo que Portugal deixou de ser um país... é apenas e só... um enorme circo ;)
Bjos
Oi, Graça! Aqui no Brasil não é nada diferente! É comissão do "raio-que-o-parta" pra tudo quanto é lado!! Verdadeiro cabide de emprego! Isso sim. E, as escolhas sempre são as dos "queridinhos". Balela governamental!
ResponderEliminarAbraço, Célia.
Só enganam,os que se deixam enganar,não acredito que nesta fase do campeonato,
ResponderEliminarainda existam incautos.
Abraço
Graça, num comentário que me deixaste no Acácia, perguntavas-me se " besta do teu chefe sabe que escreves assim?".
ResponderEliminarO que sei é que "a besta" sabe que me não calo, que não compactuo com hipocrisia, falta de ética profissional e despesismos para os papás verem. A escola não pode ser uma montra de flores para os que estão fora verem e os que estão dentro ( os professores e funcionários) serem tratados como verdadeiro estrume. Por isso estou em horário zero ( o próximo ano será pela 3ª vez) com 22 anos de serviço.
A independência destas comissões é dependente. Onde é que já se viu uma escola ter uma avaliação ou inspeção e 15 dias antes já toda a comunidade escolar saber e, mais grave, ser treinada para as respostas que a direção quer que sejam dadas?
Como é que em eleições só aparece uma lista, encabeçada pelo diretor e que perde por dois votos e, repetido o ato, ganha por mais três? Ameaças e chantagens.
Por aqui me fico, frontal como quero ser.
Beijo
Laura
Independência?! Isso é anedota, não?
ResponderEliminarE vou daqui embora, para não dizer umas quantas coisas!
Gracinha, bom serão
Tanta resistência e calhou ser a 100ª Amante do Verão! Bom presságio! ;)
ResponderEliminarHoje vim a pé, por isso só agora aqui cheguei, mas vou embora rapidinho, afinal já está dito tudinho.
ResponderEliminarBeijinho e uma flor