(Terreiro do Paço visto do Cais das Colunas com a estátuta equestre de D. José)
Oh avô, vamos ver o Zé Cavalo?
“O menino desce a escada ela mão de sua mãe.
Dois andares escassamente iluminados. A sobreloja, a porta ampla, enorme.
Em frente uma carroça, um cavalo, o cocheiro. Ao lado, a caixotaria do Manolo, o papagaio, o cheiro a madeira fresca.
O bater dos martelos a serra mecânica.
Estamos na Rua dos Douradores no n.º 21, a dois passos do Terreiro do Paço... («Também há Universo na Rua dos Douradores» lembramos enternecidamente Fernando Pessoa.)
É a vasta praça que deslumbra o menino a perspectiva mágica dos arcos circundantes. No centro, o monumento a recortar-se no céu muito azul. Os grupos laterais em lioz muito branco: o elefante enorme, a figura que avança soprando uma trombeta de bronze.
De bronze é o ZÉ CAVALO, na sua atitude digna, triunfante, olhando o rio.
O rio também deslumbrava o menino que pedia ao avô que o levasse junto das ondas minúsculas que quebravam no cais das Colunas. Na vazante, descia mesmo alguns degraus e sentia o cheiro do rio, vislumbrava o cacilheiro como grande casa que anda.
Mais tarde a viagem até à Rocha do Conde de Óbidos. O subir lento da escadaria que conduzia ao jardim fronteiro ao Museu das Janelas Verdes. A primeira visita ao museu, a descoberta da pintura e da escultura. O avô ficava numa das salas a conversar com um guarda que fora seu condiscípulo na escola primária. O menino vagueava sozinho pelas salas atónito deslumbrado.
O avô chamava-se JACINTO JOSÉ PEDRO.”
(Lagoa Henriques, 8 de Julho de 1989)
(Jacinto José Pedro seria, com certeza, o avô – querido – do menino Lagoa Henriques, que se tornou no conhecido escultor e professor de Belas Artes muito lembrado pelos que foram seus alunos. Era grande admirador de Pessoa e de Cesário Verde. Dizia que Pessoa tinha sido o seu mestre da realidade interior e Cesário o mestre da realidade exterior.
De referir ainda que Mestre Lagoa Henriques foi o autor do conjunto escultórico da fonte luminosa de Leiria, a simbolizar a união do Lis e Lena, que foi inaugurado em 22 de Maio de 1973.)
Servem para dar a mão, não é?
ResponderEliminarPara levarem os netos para outros "reinos"...
Tenho belíssimas recordações do meu avô materno e da minha avó paterna que, não sendo nada um ao outro e vivendo em terras diferentes, tinham imensas semelhanças na forma como lidavam com os netos - eram uns excelentes contadores de histórias!
E o conjunto escultórico de Lagoa Henriques, contando a lenda do Lis e do Lena, frente à CGD em Leiria, também nos leva pela mão...
Abraço
Uma escultura arrojada (para a época) ou um escultor?
ResponderEliminarÉ isso mesmo, Rosinha, servimos para os levarmos "pela mão" sea para onde for que eles queiram ir.
ResponderEliminarTambém guardo belas e ternurentas recordações da minha avó materna, a minha Mémé, e do seu último marido (que não era meu avô de sangue), o meu Bábá - estive com eles muito tempo até aos meus dez anos.
Pois é, Rui, devia ser um homem muito avançado para a época. E que bonita é a estátua dos amores do Lis e do Lena, não acha?
Sou avô "profissional", não ligo a essa coisa do dia dos avós, felizmente para mim todos os dias são delas para nós, e de nós (avós) para elas.
ResponderEliminarOs avos apenas servem para se levantar cedo, ir buscar os netos e leva los à escola..... porque nas ferias, se os pais também estão em casa, nem um telefonema para perguntar se os velhotes estão vivos.
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