“Daí a poucos minutos estávamos em frente à famosa livraria Shakespeare & Company no número 37 da Rue de la Bûcherie. Detive-me à porta e fixei Rachida com ar sério e contrito:
- Tenho de te confessar uma coisa... Uma paixão. – Vi-lhe o ar aflito e contive a vontade de rir. – Depois das mulheres... depois da música... tenho uma paixão descontrolada por livros.
Ela soltou uma gargalhada e percebi o alívio. Insisti:
- Não, isto é mesmo um vício. Perco constantemente a cabeça por eles. Continuo a comprá-los a uma velocidade mil vezes superior à minha capacidade de os ler. Tenho uma curiosidade infinita pelo que têm dentro. E aprecio também o objecto livro: gosto de cheirá-los, apalpá-los, sopesá-los, abri-los, passar os dedos pelo papel das páginas, observar os tipos de letra impressa, verificar o espaço das margens (infelizmente cada vez mais pequeno, hoje em dia) ...
Rachida continuava a rir.
- E qual é o mal?
- O mal é o irrealismo, princesa. Dentro de pouco tempo já não caberão mais na minha casa. Sei que já não vou ter tempo de ler todos os que já tenho, até ao fim da minha vida. Mas não consigo impedir-me de continuar a comprá-los.”
“O Prazer (memórias desarrumadas)”
Miguel Graça Moura, 2009
Assim estou eu. Tenho de fazer um esforço imenso para não comprar todos os livros que me apetece! Não são só os que me apetece, são, de igual forma, os que me aparecem à frente deste e daquele autor, os que me são dados a conhecer pelas críticas, os que me são recomendados. Mas o problema depois é arranjar tempo – e disposição – para os ler.
Vejam a rima que tenho agora para ler! E alguns têm mais de mil páginas! Isto é mais que irrealismo - como diz o maestro - é masoquismo!
Subscrevo, Carol!
ResponderEliminarTenho "resmas" deles em casa para ler, fora aqueles que ainda quero comprar e aqueles que me vão dando! :-))
Abraço e boas leituras
Confesso que os que têm de 600 páginas para cima já me intimidam um pouco...receio perder o fôlego!
Gosto muito de comprar livros (detesto emprestá-los). Desde que comecei a ir à Biblioteca já poupei imenso (principalmente espaço nas estantes). O aforro, esse já não é assim tão visível…
ResponderEliminar:(
Já dizia um grande filósofo "A literatura é a prova de que apenas uma vida não é suficiente".
ResponderEliminarBeijoca!
Falar de livros é falar de amores, para quem se dedica à literatura! Amo ler e deixar meus livros voarem. Empresto-os e não penso no retorno. Se foram para outras mãos, para outros olhos, outras mentes é porque precisavam fazer tal viagem. Distribuir conhecimento ´r o valor que nunca nos deixará. É herança que irá comigo. Então, que outros a tenham também! Gostei da reflexão! Abraço da Célia.
ResponderEliminarQuerida Carol, acreditas que tenho duas prateleiras inteiras, cheias de livros em lista de espera?! Assim somos nós... ;)
ResponderEliminarFui atacada pelo mesmo vírus, por isso sofro da mesmíssima doença. É crónica e sem cura à vista.
ResponderEliminarTodos com o mesmo "vício"!.... Um bom vício, afinal!
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