Ganhei da minha mãe este traço de insatisfação – ou serão todas as mulheres umas eternas insatisfeitas?
Só me lembro de a ver (mais ou menos) feliz quando morávamos em Algés. Quando, aí por 56, fomos (ou devo dizer viemos?) viver para a Vieira de Leiria, não obstante se ter embrenhado em aulas a adultos e em campanhas de cidadania (nessa época ainda não existia, entre nós, este conceito) a criar, montar e organizar a creche e a cantina para as trabalhadoras da fábrica de limas e a ajudar a organizar os festejos do centenário da fundação da fábrica de limas União Tomé Feteira, entrou numa depressão (palavra que também não se usava à época) a que o psiquiatra que a acompanhou chamou de esgotamento cerebral, que só conseguiu ultrapassar quando regressámos de vez a Algés. Depois, quando, em Outubro de 58, definitivamente mudámos para aquele casarão enorme e sombrio no sopé da Serra de Sintra em que estava sediada a Escola, e onde, dois ou três dias depois de lá estarmos um (amável e intrépido) vizinho veio avisar os meus pais dos cuidados a terem com uma pessoa muito ligada ao trabalho da minha mãe e que era informadora da PIDE, nunca mais a senti completamente satisfeita. Duas ou três vezes mudámos de casa em Sintra para lugares mais alegres mas sempre voltávamos a residir no enorme casarão que era a Escola que muito agradava ao meu pai e a que a minha mãe com muito enfado chamava a “sua prisão sem grades”.
Não pretendo falar da minha já conhecida e antiga insatisfação por morar onde moro, mas sinto que, por vezes, me faz falta não sei muito bem o quê. É nessas alturas que penso que preciso de ir a Lisboa – coisa que não acontece há bastante tempo. E então começo a arranjar pretextos. O último foi ir ver a exposição das sardinhas das festa de Lisboa. O pior é que escoou-se o mês de Junho e deixei fugir a oportunidade já a mostra já terminou.
Desde que inventaram a Internet, porém, há sempre a hipótese de fazermos visitas virtuais e foi o que eu fiz. Mas não é a mesma coisa!
Pelo menos desde 2008 que a EGEAC (Empresa de Gestão Equipamentos e Animação Cultural) lança um concurso para o desenvolvimento da imagem das Festas de Lisboa cujo tema é a sardinha.
Eis algumas das concorrentes:
A sardinha fadista
A sardinha de croché
A sardinha de chita
A sardinha nobre (mas não Fernando Nobre...)
A sardinha mamã
Outras propostas
A sardinha vencedora de 2011
Sardinhas de 2008
Sardinhas de 2009
Sardinhas de 2010
E ainda estas que acho muito bonitas!
Querida Carol, acho que todas nós somos umas eternas insatisfeitas. Claro que com a idade se vai atenuando e agora com estes meios de comunicação como dizes e bem, também se esbate...
ResponderEliminarTambém eu tenho saudades da cidade onde nasci e vivi grande parte da vida, também eu vejo estas sardinhas (lindas) e fico ansiosa por lá voltar e aproveitar tantos acontecimentos (gratuitos) que ocorrem, na nossa Lisboa. Como não o posso fazer, admiro com satisfação as imagens do teu post e sorrio, ao ler o teu texto... :)
Pois eu fartei-me de as ver ainda em bandeirolas pela cidade e soube que as ofereciam em formato mais pequeno em dois Bancos...só que estavam esgotadas.
ResponderEliminarAssim decidi comprar-vos mais um marcador de livros em forma de sardinha para vos dar no próximo jantar que, infelizmente, vai tardar! :-((
Abraço
Quanto a insatisfação lembro:
"Pois eu só estou bem onde eu não estou..."
Vivá imaginação e a criatividade, que faz mover este mundo! Assim como a insatisfação, o motor principal:))))
ResponderEliminarPrefiro carapaus às sardinhas mas estas têm muito bom aspecto... e ainda há quem diga que os homens são complicados...
ResponderEliminar:)
A insatisfação (sem exageros) é uma alavanca da acção:)
ResponderEliminarDesistência nunca:)
belas sardinhas:)
eternamente insatisfeitas... eu acho :)
ResponderEliminarO post está magnifico, a sardinha vencedora deste ano, fabulosa.
Um abraço
oa.s
A sardiña vencedora de 2011 é unha verdadeira obra de arte (penso eu, unha coleccionista de marcadores galega, á que lle encantan os marcadores portugueses de sardinhas e de azulejos)
ResponderEliminarUn saúdo cordial.
Justa