(Almada Negreiros)
Como devem calcular, nunca me custou ir para a escola. Nem enquanto aluna, nem enquanto professora. Sempre fui muito mais “galinha de campo” do que “galinha de capoeira”... e estar em casa muito tempo, para mim, sempre foi um suplício.
Porém, o primeiro dia de escola depois das férias de Natal sempre exigiu de mim um esforço quase sobre-humano! E não era por cansaço das festas ou por falta de descanso pelas pequenas férias. Era mesmo como que um sentimento de insegurança por ir enfrentar o novo ano; uma nostalgia muito grande por ter já passado aquele tempo feérico de Natal, a compra dos presentes, os postais de Natal, as trocas de prendas, o cheiro do pinheiro enfeitado, as luzes, o cheiro a doces e a canela pela casa, o sorriso e a alegria nos olhos das pessoas, sei lá! Aquele frou-frou no ar...
E depois, a 3 de Janeiro, aquele friozinho na barriga por ter de ir enfrentar as exigências de um longo ano inteiro, com o crescer dos dias que parece que nos deixa desprotegidos, com a chegada da Primavera que nos esgota as forças. Uma espécie de medo, enfim! Tudo isto sentia no primeiro dia de aulas no segundo período.
Lembro-me de, nesse dia, querer desistir no meu ano de estágio, nos idos de 70, ainda antes da Revolução e eu nos meus vinte e poucos anos. Lembro-me de chegar à Paula Vicente, escola onde fiz o meu estágio, depois de duas horas de comboio e de autocarro, muito deprimida e de dizer baixinho na Sala dos Professores (sim, baixinho, porque aquela era uma escola antiga, no Restelo, com professores “velhos” que não ligavam nenhuma às estagiárias, que aliás tinham as suas salas de estágio, pelo que “não tinham nada de estar na sala dos efectivos”...) - “vou desistir” e de um colega mais velho me responder – “colega, ao quarto mês já não se aborta...” E... não abortei!
O que vale é que esta nostalgia durava apenas aquele primeiro dia, porque depois logo se dissipavam as “nuvens”, logo via tudo com aquele ar de Primavera que nos esgota mas que, todos os anos, nos renova.
Bom segundo período lectivo!
E lá voltas tu à escola!:-))
ResponderEliminarPois para mim foi sempre uma festa ir para a escola em qualquer época do ano e sabes que, como professora, só desarmei por circunstâncias que não vale a pena referir...
Abraço
"The Great Pretender -
ResponderEliminar... Oh yes, moved to Lisbon in 73
(oooh oooh)
Paula Vicente (School)
Her next Shakespeare stage
(oooh oooh)..."
A nostalgia saudável faz bem!... Amanhã já é dia 04, portanto... nuvens dissipadas, ar de Primavera e, renovados, vamos lá tratar de 2011. Vai ser um instante enquanto passa, vais ver!
Vejo que não te esqueces de nós! Obrigada e "bom segundo período" também para ti e para a tua aluna poeta e não só! Então, que a Primavera nos "esgote", para que sejamos todos Renovados! Bem precisamos, TODOS! Como diria o Sargento da série "Hill Street Blues", recordas seguramente: "Let's Go! Be Careful Out There!"
Obrigada pela visita ao meu blog. Tenho todo o gosto que por lá vás passando.
ResponderEliminarÉ normal, em todas as profissões, a nostalgia que se instala quando se aproxima o fim de férias. Embora esteja agora em férias permanentes, todos os anos sentia na pele essa nostalgia. No primeiro dia de trabalho tudo volta à normalidade.
Um bom ano.
Abraço.
Obrigada, Sonhadora! Lá voltarei para ler os "teus" poemas e não só.
ResponderEliminarQuanto à escola, nunca me esquecerei, é claro! Quase nasci na escola - acompanhei a minha mãe por várias escolas desde que me lembro. Hei-de aí voltar sempre! A realidade não é estanque. Tudo tem a ver com tudo.
E... "Let´s go! Be careful out there!"