Manuel Maria Carrilho publicou ontem o livro “E Agora? Por uma Nova República” de cujo prefácio li alguns excertos que nos devem merecer toda a atenção. O Professor de Filosofia Contemporânea e ex-ministro da Cultura e agora também ex-embaixador de Portugal na UNESCO chama a atenção para algumas ideias chave que, no seu entender, pretendem contribuir para a resolução dos problemas estruturais do país.
Uma delas – e a que mais me chamou a atenção – é a qualificação, sobre a qual este estudioso diz o seguinte: “No domínio da qualificação não há, nunca houve, soluções instantâneas. Só uma exigentíssima qualificação nos tornará mais criativos, mais produtivos, mais competitivos. E, assim, mais capazes de nos afirmarmos com êxito na concorrência global que se anuncia cada vez mais difícil no século XXI. Uma qualificação que não se pode continuar a pensar em termos do século passado, reduzida à educação formal, apesar de continuar a ter nela uma das suas dimensões fundamentais. A qualificação que o país mais precisa adoptar como desígnio tem que ser uma qualificação estratégica, integral, e continuada, do país e dos portugueses.
Essa qualificação tem três eixos: o do território, o das instituições e o das pessoas. Uma qualificação do território que aposte no desenvolvimento equilibrado e coordenado das suas regiões, cidades e campo. Uma qualificação das instituições que se oriente por um novo conceito de serviço público aos cidadãos, e promova uma profunda reforma de sectores tão vitais como a administração pública ou a justiça. E uma qualificação das pessoas, que articule numa só visão as políticas de educação – a todos os níveis – e de cultura, de ciência e de formação, sem esquecer a política de comunicação, tão decisiva no mundo de hoje.”
E, depois de apontar mais uma série de ideias para “responder às três chagas do país: a descredibilização dos partidos políticos, a desvitalização da nossa democracia e a desqualificação do país”, termina afirmando: “Numa época que resiste aos voluntarismos e já não se ilude com vanguardismos de espécie alguma, chegou a hora do desassombro: estamos num momento em que se vai decidir o nosso destino por muitas décadas. E ou a humildade, o trabalho, a competência, o diálogo e a criatividade se impõem, ou nada nos poupará ao declínio, como povo e como nação. A escolha é nossa.”
No mesmo dia da publicação destes desafios à classe política e ao povo em geral, o autor do livro foi dispensado das funções de nosso embaixador junto da UNESCO...
E agora?...
(Nota: os sublinhados são da minha responsabilidade)
"Carrilho é uma personalidade política competente, estudiosa, com ideias próprias e com a coragem necessária para as defender.Mais um em processo de centrifugação.Depois queixem-se da qualidade dos políticos..."
ResponderEliminarFaço minhas as palavras de José Medeiros Ferreira.
Pois! Mas a teorizar é bom. Passar à acção é que é difícil!
ResponderEliminarE agora?
ResponderEliminarAgora é pôr mãos à obra!
Não se pode perder mais tempo...
Uns teorizam e os pragmáticos que mostrem o que valem.
Repetir erros uns em cima de outros e alguns já cometidos por outros é que não leva a nada!