O gatinho da vizinha morreu. Do
alto minha imensa experiência de gatos, eu já previa isto. Uma agressiva
insuficiência renal, mal a que muitos gatinhos não sobrevivem, mesmo depois de
internamentos a soro e medicação injetável. Uma pessoa, porém, bem afeiçoada
aos bichinhos, pensa sempre que com os nossos vai ser diferente. E ela pensava
isso mesmo: que o gatinho vinha para casa e melhorava. Para grande tristeza da
família, o gatinho veio para casa e acabou por se ficar em grande sofrimento. Já tive dois casos
idênticos com gatos cá da casa e preferi que lhes fosse aplicada aquilo que
para os humanos ainda não é permitido – e bem entendo porquê – a eutanásia.
A filha da vizinha – minha ex
aluna mas já adulta – que mantém comigo uma relação algo estreita, telefonou-me
tristinha, tristinha a dizer que o gato tinha morrido. Que sentia muito a sua
falta. Que era um enorme vazio na casa por todo o lado. Que, que, que… «Bem sei
o que isso é» – disse lhe eu – «já passei por isso algumas vezes e sempre me
farto de chorar…» «Pois é» – responde-me ela «mas você [adoro quando me tratam por «você»!...] não sente tanto porque tem
outros gatos…»
A imposição de nós próprios e das
nossas coisas – neste caso do sofrimento – para cima dos outros é coisa que
nós, portugueses, gostamos de fazer sem pararmos um momento para pensar que não
somos diferentes dos outros, que não somos especiais.
E propus-lhe o seguinte dilema:
«Parece-te que se uma mãe de cinco filhos perder um sofre menos do que uma mãe
que só tem um e o perde?»
Também fico em picos quando me tratam por você....
ResponderEliminarMas a conversa , hoje , é sobre gatos., bicho que detestava até ter uma que só lhe falta falar e já leva uns 17 anos...
Acontece , que desde que o cão de raça labrador morreu vai fazer um ano , aí pelo quintal , apareceram 2 gatos que a minha neta baptizou de caramelo e mico... São da rua , correm com os ratos e é uma maravinha. Pois não é que lhe fiz 2 caixas . forradas a enchimento de edredon , depois uma camada daquela prata que colocam nos acidentados e....nem digo mais Dormem no alpendre , no alto da lenha que está arrumada e parecem gostar. Não sou do PAN..cheguei tarde à conclusão que os animais sentem afectos Outro dia , a net , mostrava a fotografia de um macaco com ar apavorado a fugir de um incêndio , levando bem apertadinho um cachorro . Fiquei impressionada.
M.A.A.
Que bom, M.A.A.!! Os gatinhos e os cães são animais absolutamente ternurentos e fazem tanta companhia!!
EliminarBeijinhos e ronrons...
Boa questão para fazer a filha da vizinha perceber que, nos afetos, a dor da perda não se pode relativizar.
ResponderEliminarNão sei se ela entendeu...
EliminarGracinhamiga
ResponderEliminarO meu primogénito Miguel completou 51 anos no dia 28 de Setembro; é economista e tem dois filhos: o João (prestes a fazer 22) e o Rodrigo (19)
Há dez meses meses, mais coisa menos coisa, o João encontrou na rua um gatinho solitário que miava e miava e miava e etc. O bicho tinha quando muito duas semanas. O João levou-o para casa. Que não, não pode ser, nem pó!!! Mas o gato foi-se deixando ficar, já foi ao veterinário fazer uma consulta de rotina, tem uma excelente instalação, comida, água, brinquedos e etc,
Um destes dias o Miguel contou-nos que quando chega a casa vindo do serviço anda a brincar às escondidas com o Sylvester. 51 anos, economista, pai de dois filhos - não queria acreditar.
Mas, acreditei porque vi e comprovei. Ao que nós chegámos; e eu nem gosto de gatos, que me perdoes, Gracinhamiga
Bjs da Raquel e js do Leãozão e... até domingo...
Que querido o vosso Miguel!!! Adorei saber...
EliminarBeijinhos e até domingo!
O que é mais revoltante é que já ouvi alguém dizer a mesma coisa acerca de bebés.
ResponderEliminar"Ainda é muito nova, pode ter outro".
Dá vontade de dar um murro a quem diz isto!!
Beijinhos
Pois dá, Pedro. E então tratando-se de crianças, nossos filhos, é de nem acreditar!!
EliminarBeijinhos
Eu lembro que quando aos 13 anos fui trabalhar para a Seca do Bacalhau, havia muitas vezes uma discussão entre algumas das mulheres que trabalhavam na Seca, e eram quase 300, de diferentes idades, quase todas analfabetas, ou semi analfabetas, excepção feita para mim e meia dúzia de outras miúdas, que tendo feito a 4ª classe estavam lá a trabalhar. E a discussão, era, "Se tiveres de escolher entre a vida do teu homem ou de um dos teus filhos, quem escolherias?"
ResponderEliminarAcredite, mais de 90% escolhiam o marido.Uma escolha tanto mais estranha, quanto muitas delas eram vítimas de violência doméstica.Perguntei a várias porquê. E a resposta foi sempre a mesma."Se morrer um filho, a dor vai ficar sempre comigo. Mas a vida segue em frente e talvez venha outro que ajude a mitigar essa dor.Mas se morrer o meu homem, a minha vida fica estragada, eu não conseguirei sozinha o suficiente para criar meus filhos que vão passar muita fome"
Parece que isto não tem nada a ver com o post. Mas eu penso que sim. Estas mulheres não gostavam menos dos filhos do que as de hoje. Mas a vida de miséria em que viviam, dava-lhes uma outra maneira de encarar e viver o sofrimento. Um filho nunca ocupará o lugar do que se perde, e um animal, seja gato ou cão é o mesmo. Dependendo das circunstâncias umas pessoas aceitam com mais coragem a sua perda que outras. Mas essa aceitação, não tem nada a ver com a intensidade do seu sentimento.
Um abraço
Obrigada, Elvira, pela partilha dessa realidade tão dura!! As circunstâncias é que fazem o ponto de vista...
EliminarBeijinhos
Uma belíssima pergunta, Graça ! ... e que só tem uma resposta possível !
ResponderEliminarFica o meu Abraço, Graça ! ... e domingo aperto ! :)))
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Até domingo, querido amigo!!
EliminarA fidelidade amorosa cabe sempre (deveria caber...) em nossos corações. Compaixão!
ResponderEliminarAbraço.
É isso, Célia!
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