domingo, 27 de fevereiro de 2011

... and the Oscar goes to ... who cares?



Hoje vai ser, pela 83ª vez, noite de Óscares em L.A. É sempre uma excitação por causa da atribuição das estatuetazinhas de ouro aos filmes e aos actores e aos realizadores e a toda a gente que faz os filmes nos EUA (e não só). Nunca percebi muito bem porquê. Lá que pelos States a coisa tenha um grande impacto, enfim, a festa e os festejados são made in USA. Que as rádios e os jornais e as televisões se incendeiem com o acontecimento, também não me espanta porque faz parte da sua função. Mas as pessoas em geral que não falam de outra coisa, e quase fazem apostas e que ficam pela noite dentro a ver todo aquele fingimento, aquele brilho, aqueles sorrisos e aquelas lágrimas de plástico, essas sim causam-me algum espanto.

Se calhar é por eu ser um bocado insípida, mas realmente nunca liguei nenhuma aos Óscares, nem a Grammies, nem a concursos de misses e congéneres e, muito menos ainda às galas caseiras para atribuição de prémios.

Se calhar é por detestar competição, ou melhor, por negar mesmo a competição. Por muito que tivesse chegado a ser moda introduzir jogos e competição nas aulas, nunca a promovi entre os meus alunos. Cada um vale o que vale e, ou tenta “competir consigo mesmo” e progredir, ou então deve habituar-se a viver com as suas capacidades e limitações. Sei que este meu princípio – como tudo o que alguém possa opinar – é muito discutível e, ainda mais, porque que vivo vai já para muitíssimos anos com um homem que foi atleta e dirigente de atletas e que, por tal, continua a defender as imensas virtualidades da competição.

Entretanto, fui ver o também muito nomeado Cisne Negro de que já vi críticas muito favoráveis e outras que dizem que o filme é mauzito. Francamente gostei muito: é uma história do mundo do bailado – que muito aprecio desde criança (o que eu teria gostado de ter seguido o bailado clássico, mas fiquei-me por um ano de aulas que foi a única oferta lá na terra e no tempo em que estudei) houve muitas cenas de dança e de treino de dança, que eu adorei; os artistas eram finíssimos como convém ao cenário e ao argumento, etc. etc. A história pretende desenvolver-se como num drama psicológico bem engendrado e bem representado. Mas, na minha modesta opinião, o que dá grandeza ao filme é a espiral de medos e de obsessão que envolve a personagem principal à boa maneira da tragédia grega levando-a até à sua própria destruição. Foi precisamente isto que me sugeriu a história e que me levou a gostar muito do filme.

Agora se tiver óscares ou não, pouco me importa. Não sou minimamente formada nas coisas do cinema se bem que sempre tenha gostado imenso de ver filmes; nem sei nomes de realizadores nem sei, com duas ou três excepções no que refere àqueles de grande nomeada, nem me interessa se pertencem a esta ou àquela corrente. Os filmes, como os livros e outras manifestações de arte, ou me tocam ou não, ou me agradam ou não, ou vêm de encontro às minhas convicções e sentimentos ou não. E assim eu gosto deles ou não.

Faz-me sempre lembrar uma amiga (que muitos de vós bem conhecem) com quem fui, há muitos anos, ao saudoso cinema São Jorge ver O Último Imperador que foi um filme impressionante que, desde logo, muito me agradou e que ela achou um bocado “seca”. Depois, quando ganhou aqueles Óscares todos, nem me lembro quantos nem quais, passou a dizer que sim, que o tinha achado um filme extraordinário...

Bons filmes (se possível, sem pipocas...)


9 comentários:

  1. Fui ver o "Discurso do Rei" e gostei muito! Qualquer dos actores principais esteve notável! E o assunto era e é muito interessante, entre outras coisas, as capacidades/fraquezas humanas, que podem "bafejar" qualquer um. A luta daquele Rei engrandece o Ser Humano! Não sei se merecem o Óscar, mas a minha admiração e respeito pelo trabalho de excepção que realizaram ao longo do filme... já lá está. O que eu "sofri" a tentar que as palavras saíssem na hora certa!!!

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  2. Nada entendo da Sétima Arte nem das outras. :)
    O “Cisne Negro” deprime-me… a bailarina na busca da perfeição atinge a loucura e no final…
    O Discurso do Rei vê-se bem mas daí até… é tudo um grande negócio.
    Prefiro filmes como “Out of Africa”, união de bons actores com paisagens paradisíacas e música intemporal.
    Quanto ao seu marido, pessoa que desde miúdo muito admiro, tem toda a razão (ponto).
    Enfim… gostos!

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  3. Já vi os dois filmes aqui relatados nos comentários, gostei dos dois, sendo muito diferentes, prenderam-me a atenção, não são daqueles filmes para bocejar, e aguardar que chegue ao fim, ou mesmo vir embora antes disso. Não, são dois bons filmes!
    Se tivesse que escolher um dos dois, sem dúvida o Cisne Negro!
    Porquê? Quando comprei o bilhete, pensei, lá vem uma "pincelada" de duas horas de ballet, vou-me fartar de dormir! Nada disso, interessantíssimo, gostei.
    Também gostei muito do Discurso do Rei, mas O Cisne Negro, terá sido do melhor que tenho visto ultimamente, e sou freguês certo o ano inteiro.
    Já vi o outro filme (Sexo sem compromisso), cuja interprete principal é a mesma do Cisne Negro, esse sim uma verdadeira seca!
    Quanto a esta grande badalação sobre os Óscar's, faz parte da grande máquina publicitária aos produtos de Hollywood, e da sétima arte em geral, quem mais dinheiro tiver para a promoção do filme é que ganha os Óscar's.
    As nomeações são o chamariz para fazer bilheteira, isto no meu entendimento está claro!

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  4. Olá, tens um selo no meu blog!

    beijinhos

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  5. Soube das nomeações hoje de manhã, também não me entusiasmam as galas, nem os concursos!
    Quando brinco com os enigmas não é por competição mas por divertimento!Gosto de livros policiais e de "ler" indícios. :-))
    Isto é um esclarecimento não para ti que me conheces mas para algum dos teus visitantes que, eventualmente, possa "visitar-me".
    Logo que possa vou ver, pelo menos, A Rede Social, O Cisne Negro e O Discurso do Rei, não por terem sido galardoados mas pela temática de cada um.
    Sorte a tua por viveres numa cidade a sério!

    Abraço

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  6. Esta questão da atribuição dos Óscares da Academia de Hollywood é, de há uns anos para cá, uma treta.
    Com raras excepções, as "máquinas" fabricam os resultados.
    Diz bem o Rui Pascoal quando refere o "Out of Africa".
    Foi por isso mesmo que esse majestoso filme venceu, venceu, venceu.
    A saber, e perdoem-me a exaustão:
    - Oscar 1986 (EUA)
    * Vencedor nas categorias de melhor filme, melhor diretor, melhor roteiro adaptado, melhor fotografia, melhor trilha sonora original, direção de arte e melhor som.
    * Indicado nas categorias de melhor actor secundário (Klaus Maria Brandauer), melhor atriz (Meryl Streep), melhor figurino, melhor edição.

    - Globo de Ouro 1986 (EUA)
    * Venceu nas categorias de melhor filme - drama, melhor banda sonora original - cinema e melhor ator secundário (Klaus Maria Brandauer).
    * Indicado nas categorias de melhor director, melhor atriz de drama (Meryl Streep) e melhor roteiro.

    BAFTA 1987 (Reino Unido)
    * Vencedor nas categorias de melhor roteiro adaptado, melhor fotografia e melhor som.
    * Indicado nas categorias de melhor actor secundário (Klaus Maria Brandauer), melhor actriz (Meryl Streep), melhor figurino e melhor banda sonora.

    Prêmio César 1987 (França)
    * Indicado na categoria de melhor filme estrangeiro.

    Prêmio Eddie 1986 (American Cinema Editors, EUA)
    * Indicado na categoria de melhor edição.

    Academia Japonesa de Cinema 1987 (Japão)
    * Indicado como melhor filme estrangeiro.

    Prêmio David di Donatello 1986 (Itália)

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  7. Acho que os Óscar de melhor filme e de melhor actor e actriz ficaram bem entregues.

    Ah, sem esquecer o melhor filme de animação para "Toy Story 3" um primor este filme em 3D.

    Boa semana para si!

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  8. Também gostei do "Discurso do Rei" por esses motivos, Luís: muito boas actuações do rei e do terapeuta. Já tinha dito isso aqui.

    Obrigada, Observador, pelo rol de prémio ao filme Out of Africa. Também gostei muito, mesmo muito.

    Rui, muito obrigada pelas palavras bonitas sobre o meu marido... mas pontos de vista diferentes...

    Quanto a eu viver numa cidade a sério... sei o que queres dizer, Rosinha, mas sabes o que eu sinto sobre esta cidade, não sabes?... É só bonita!

    Muito obrigada, R. pelo selinho. Fico lisonjeada.
    Beijinhos

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  9. Por causa das pipocas me afastei do cinema...Vou vendo...

    Dos Óscares gosto muito. Não perco uma transmissão!!!

    Esta para breve, não está?

    :)

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