sábado, 11 de dezembro de 2010

Natal


Para além do registo dos meus netos a admirarem o presépio que o pai da Elisa  teve a paciência e arte de fazer para a filha, deixo aqui um poema de Natal que tem a assinatura de uma colega e grande amiga, uma grande senhora, dona de uma sensibilidade indizível - a Senhora D. Margarida Belo, que foi a Presidente do primeiro Conselho Directivo da minha escola. Sei que ela não vai ler nada disto porque não é "dada" a computadores, mas fica aqui a minha modesta homenagem a todo o seu saber e o seu sentir, bem como o meu agradecimento pela sua amizade.

Natal é vivê-lo
tal como se fora
tudo bem verdade:
uma luz a prumo
sobre a ansiedade
um roçar alado
nas mão doloridas
olhos semeados
em campo inocente
a palavra branca
no silêncio nforme.

Natal é querê-lo
em verdade inteira
nos dias sem nome.

(Margarida Belo, Dez/ 81)


14 comentários:

  1. A Margarida é uma Senhora cheia de sensibilidade e de criatividade, pena não divulgar a sua poesia...
    Ainda bem que tens este poema e provavelmente outros!
    Os meninos estão felizes!

    Abraço

    ResponderEliminar
  2. Imagina que, no dia em que por candidatura fui chamada a apresentar-me ao serviço (eu ainda não era licenciada)na então Escola Preparatória onde tu estagiavas, a Sra estava na Secretaria conversando abertamente com alguém que lhe metia uma cunha para ocupar o lugar para o qual ela já me tinha chamado e tive o prazer de a ouvir responder "que pena não me ter dito antes, veja só que tive de recorrer a uma professora primária". E deixa que acrescente em abono da verdade que isto foi proferido com ar de que estava à beira do vómito.
    A dita professora primária que não pode deixar de ouvir, retorquiu de imediato "minha senhora, se se refere ao meu lugar, eu posso voltar para o sítio de onde vim, tenho onde ganhar para comer, não a quero impedir de fazer uma obra de caridade e muito menos tirar o pão da boca de quem tem fome".
    Pelos vistos a Sra. só não tinha sensibilidade para as professoras primárias. Já terá adquirido? Recuso-me a pensar que esse lindo poema é só uma habilidade do lápis que o terá escrito!

    ResponderEliminar
  3. Sempre apreciei muito as pessoas que não morrem engasgadas, e têm na ponta da língua, a resposta exacta. Porque eu, não sendo bom de assoar, parto sempre para a desgraça, ou então evito discutir porque me enervo, e digo coisas que me fazem perder a razão.
    Estou à vontade porque daqui só conheço a dona do blogue.
    Estamos em época de Natal, e se não é bom guardar rancores no ano todo, nesta época faz todo o sentido, esquecer e perdoar!

    ResponderEliminar
  4. Para já a Carol não fez estágio na escola onde esta Senhora dava aulas, já chegou a Leiria com o estágio feito!
    E esta Senhora tinha e tem uma enorme sensibilidade para toda a gente...incluindo professoras primárias, como dantes se dizia!
    Sempre as houve nesta escola e muito estimadas por todos os colegas!

    ResponderEliminar
  5. Caro Gato Preto,
    Como não sou supersticiosa, nem quero abusar da qualidade inquestionável do blog da nossa amiga Carol, convido-o a dar-me lições de moral no meu próprio espaço. Experimente, se não tiver nada melhor para fazer, e não quiser deixar de cumprir a sua boa acção natalícia, a ir a "Horizonte sem horas" e lá ensine-me a ser boa menina. Para aprender eu estou sempre pronta.
    Para já deixo-lhe aqui os meus sinceros votos de que para si e para os seus seja Natal todos os dias.

    ResponderEliminar
  6. Fico feliz por saber que também gostam do poema da minha amiga Margarida.
    Quanto ao comentário da Isabel, apenas dois ou três apontamentos:
    1. De facto, como já foi dito pela Rosa dos Ventos, eu não fiz estágio na D. Dinis; quando comecei a concorrer para Leiria depois de me casar - e eu casei em finais de 71 - nunca conseguia vaga na D. Dinis. Estranhava até porque já tinha terminado uma licenciatura de cinco anos mais um ano de Ciências Pedagógicas, mas na Direcção Geral diziam-me que o Director não declarava vagas naquela escola. Aí, porque sou muito obstinada e nunca permiti que o meu marido metesse "cunhas" ao Director, de quem fora aluno, resolvi fazer estágio mesmo ainda antes do 25 de Abril, para ser colocada por direito. E foi assim que fui colocada na D. Dinis onde, para grande espanto meu, vi, quando cheguei, em 9 de Outubro de 1974, que, de facto, grande parte dos lugares estavam ocupados por ... professoras primárias que não tinham habilitação própria para leccionar no Ensino Preparatório;

    2. Por esse facto, de certo a Sr.ª D. Margarida fez aquela conversa que a Isabel ouviu - qualquer candidato/a com algumas cadeiras de uma licenciatura tinha maior habilitação para leccionar numa Preparatória do que uma professora primária;

    3. De facto, a Sr.ª D. Margarida - e eu convivi com ela muitos anos - é uma pessoa tão educada que seria incapaz de fazer esse dito "ar de vómito" de que falas; por outro lado, e como já disse, havia nesse tempo tanto/as professor(a)s primário/as, muitos dos quais efectivos, depois de terem realizado o seu estágio no Preparatório, que eram tão ou mais considerados por todos que os restantes - falo de um Prof. Lalanda, de um Vítor Gonçalves, de uma Zulmira Rebolo, entre outros;

    4. O Gato Preto não quis dar-te lições de nada; apenas pretendeu "pôr água na fervura".

    Entretanto, prometo que trarei outros belos poemas desta senhora que os escreve naturalmente, mas nunca quis, com grande pena nossa, que fossem publicados em livro.

    ResponderEliminar
  7. Olá, Carol,
    Aqui me tens, num "apontamento" que o teu apontamento me merece:

    1.Além de outros, possuo um defeito de fabrico: a minha memória não é tão selectiva quanto deveria.
    O engano quanto ao teu estágio deveu-se ao facto de uma vez te ter visto na mão com uns acetatos muito lindos e bem feitinhos (o nosso Power point no seu melhor) e tu me teres dito que eram do teu estágio. Como pareciam novos sem serem (parece que ainda os estou a ver), daí ter pensado que estarias a fazer o estágio aqui.
    Quem eu conhecia desde sempre era o teu esposo, a nossa convivência não era muita, dávamos aulas em edifícios diferentes e como eu não sei “estrangeiro”, também éramos de grupos diferentes.
    Quanto à habilitação estás enganada. Os professores primários tinham habilitação própria para ensinar tudo menos línguas e até ganhavam mais dando aulas no Preparatório do que no Primário, por isso lá haveria tantos. Informa-te e verás que tenho razão. Aliás se não tivesse a certeza não o afirmaria.
    Também sou visceralmente anti-cunhas. Orgulho-me de nunca ter metido nenhuma nem para mim, nem para as minhas filhas. Assim nunca temos a opinião hipotecada.

    2.Sem dúvida que um lic. estava muito mais preparado para ensinar no E. Preparatório do que um professor primário. Às minhas 4 turmas do 2.º ano (a que eu ensinava português) havia um advogado que ensinava matemática. Ele estava actualizadíssimo com o programa, métodos, processos e diversificaria as estratégias e actividades como nenhum professor primário saberia fazer. Até me consta que ele planificava as aulas enquanto atendia os clientes.
    Havia ainda uma senhora lic e essa, mesmo prof. ,que para dar aulas ao 2.ºZ (uma das minha quatro turmas de Português) só o conseguia fazer com o prof. M.A. a assistir às aulas, para impor o respeito.
    Interpretaste-me mal se achaste que pus em causa a qualidade de trabalho de alguém.

    3.Quanto ao “ar de vómito”, não estavas lá. Como não viste, não podes testemunhar nem contra nem a favor.
    Ninguém é perfeito. Por isso é que há um fado de Coimbra que a ditadura proibiu…

    4.Tinhas alguma panela ao lume? Eu não, praticamente nem cozinho.
    Tudo isto se reporta ao ano lectivo de 1974/75.
    Hoje, para mim, Aristóteles é o nome do teu gato (ou poderia ser…) e Poética o nome da gata e como não houve acto falho (ou terás entornado a sopa?), catarse é coisa que nem existe.

    5.Este é só para confessar um pecado. Tenho na minha garagem, algures enfiado num caixote um “papelito” que me ofereceram lá pela capital (depois de uma provas públicas a defender uma tantas bacoradas que escrevi) a dizer que sei fazer supervisão educativa e não é que vai daí, depois de ler o teu comentário lembrei-me da Sra. Dra. directora de turma do meu 2.ºU e apeteceu-me mesmo pegar num lápis e num papel e ir fazer 5 minutos de observação sistemática a uma aula da senhora. Felizmente já nem me lembro do nome dela e se a vir já nem a conheço. Só me fazes pecar.

    Beijinhos e juízo na cabeça. A escola para nós já era. A vida passa e “em passar se cumpre” como diz o poeta.

    ResponderEliminar
  8. Exma Senhora D. Isabel Soares
    Eu sou uma pessoa normal, simples, tenho os meus gostos simples, mas, reparo infelizmente, que a senhora deve ser complicada.
    Não lhe pretendi dar nenhuma lição de moral ou outra, não ganhei a minha vida a dar lições, no entanto já fui professor de música em determinada altura, e, como tal fiz-me pagar, logo se estivesse a tentar dar-lhe lições de algo, isso sair-lhe-ia eventualmente caro.
    Comecei o meu comentário com um elogio, e antes, ao ler o seu, lembrei-me de uma pessoa muito querida da minha família também de resposta pronta. Não a critiquei, nem nunca tive essa intenção, antes pelo contrário.
    Ainda agora, depois de reler o meu comentário, e saber o que pensei quando o escrevi, fico pasmado como o interpretou tão mal!...
    Pode a senhora ficar descansada que nunca passarei pelo seu blogue, porque eu não me dou com toda a gente, e só estou com quem eu quero. Logo não irei (como diz) experimentar, porque felizmente tenho coisas muito melhores para fazer na minha vida do que estar a desperdiçar o meu tempo com pessoas que não conheço.
    Sobre os votos que me faz sobre esta quadra, eu espero que se houver algum Deus em que acredite, lhe dê o dobro do que me deseja.
    Para este peditório eu já não contribuo mais, quer haja ou não contraditório.
    Termino desejando BOAS FESTAS a todos os que normalmente visitam este espaço.

    ResponderEliminar
  9. Carol, Estou desesperada!
    Perdi a oportunidade de aprender a MIAR em lá sustenido.
    E tudo por um inquestionavelmente belo poema de Natal!
    Que contradições tem esta vida!

    ResponderEliminar
  10. Pronto! Os blogs também servem para isto tudo - para ficarmos a saber muitas coisas que não sabíamos. Mas não vale a pena "chatearmo-nos". Fiquei a saber que os professores primários tinham habilitação própria para o Preparatório - era natural porque era um Ciclo recente e havia poucos licenciados à época. Grande parte dos professores provisóros que davam aulas nos Liceus eram só bacharéis e também ganhavam mais que os licenciados do Prep. injustiças sempre houve e continuará a haver porque somos só humanos, não é?

    Havia, de facto, advogados a dar Matemática e biólogos a dar Educação Física e assim continuou por mais alguns anos. É que a massificação dos alunos começou muito antes da massificação dos professores, daí esses desarranjos.

    Desculpa, mas só não percebi aquela de se tinha alguma panela ao lume, mas deixa lá!

    Espero que, "malgré tout", continuem todos a vir deixar comentário aqui neste meu espaço aberto

    Boas Festas! E... bons poemas de Natal! Vou continuar a pôr aqui mais alguns.

    ResponderEliminar
  11. Vê se encontras mais algum da Margarida...:-))

    Bisous

    ResponderEliminar