quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

1640

´

Tenho uma amiga que me disse, no outro dia, que 1640 foi o início da nossa desgraça. Ri-me. Na escola foi-me/nos sempre inculcado um nacionalismo arreigado contra os nossos coabitantes de Ibéria logo desde a fundação de Portugal em que o valente Afonso , o primeiro de tantos, se tornou independente do Reino de Leão. Depois nas intermináveis batalhas que, disseram-nos, sempre vencemos contra os castelhanos: Atoleiros, Valverde, Aljubarrota, Toro (esta há quem diga que não vencemos).

Depois, a perda da independência foi uma questão de teimosia por parte de uma Rei adolescente e aéreo que acreditava que estava investido de divindade e que, por certo, lera muitos romances de cavalaria. E, morto sem descendência lá pela Moirama, fez com que passássemos para as mãos dos nossos primos, que com tantos casamentos entre príncipes e princesas castelhanos com portugueses, aconteceu ser Filipe, o segundo de Castela, a ganhar o nosso reino por testamento.

Porém, valentes e empreendedores como somos, lá se conseguiu reunir um punhado de quarenta nobres jurados que repuseram a nossa independência. Este momento da nossa História também foi muito enaltecido nas nossas mentes de estudantes a fim de nos enraizar o nacionalismo que convinha naquela época salazarista.(No coro do Liceu cantávamos o Hino da Restauração! * E, nesse dia, os rapazes da Mocidade Portuguesa desfilavam fardados pelas cidades e vilas do país). Sem pretender denegrir o gesto dos 40 jurados e a força anímica nacional, sabemos que Filipe IV estava cheio de problemas também com a vontade de independência da Catalunha e, talvez por isso, não tivesse forças para se impor a Portugal.

Mas como teria sido se ainda hoje fossemos uma província de Espanha, como pretendia a minha amiga? Poderemos imaginar? Querem os meus (hipotético) leitores dizer algo sobre esta possibilidade?


* Hino da Restauração

Portugueses celebremos
O dia da Redenção
Em que valentes guerreiros
Nos deram livre a Nação.

A Fé dos Campos de Ourique
Coragem deu e valor
Aos famosos de Quarenta
Que lutaram com ardor.


P'rá frente! P'rá frente!
Repetir saberemos
As proezas portuguesas.


Avante! Avante!
É voz que soará triunfal
Vá avante mocidade de Portugal!
Vá avante mocidade de Portugal!

6 comentários:

  1. Minha querida amiga.
    Grato pelo comentário deixado em meu espaço.
    Se me permite, eu fui mal interpretado. Não sou saudosista, não sou, nem fui apologista do Salazarismo, até porque tenho marcas indeléveis desse tempo.
    Nos meus tempos de Escola Secundária, na antiga E.I. C. Funchal, era sempre uma tourada a noite de 30 de Nov. 1º de Dez. A noite era passada na pintura rupestre a que hoje se dá o nome de Graffitis, nas paredes e, nas estátuas. Sei que fui rebelde, mas o que se passa hoje, é muito parecido com o que se passava quando se perdeu a Independência. Quanto ao Hino que publica, eu bem o conheço e, cantei-o obrigado muitas vezes.
    Eu simplesmente quiz lembrar que as coisas como estão actualmente, levar-nos-à perda de Independência. Fomos sempre um povo calamitoso, do deixa andar, do não te rales, dos chicos espertos e, quejandos.
    Dos anos que penso estar ao cimo da terra, pouco me rala, mas temo pelos meus netos e vindouros.
    Espero que este nobre povo abra bem os olhos e, pense no futuro.
    Um abraço de amizade e esperança. João

    ResponderEliminar
  2. Primeiro, ninguém sabe como seria se tivesse sido doutra maneira! :-))
    Segundo, sabemos que há regiões autónomas em Espanha a querer ser independentes, para não falar dos terroristas etarras...por alguma razão será.
    Terceiro, somos o país da Europa, quiçá do mundo, que tem as fronteiras definidas há mais tempo, mesmo com o roubo de Olivença...
    Quarto, somos um País, uma Nação e temos uma Língua que é também a nossa Pátria...
    Quinto, não sou nacionalista, sou portuguesa, gosto de o ser e detesto que alguém se refira a Portugal como "este país", "esta gente", "só neste país" porque o nosso país é como os outros, tem boa e má gente, é um nobre povo como outros o são.
    Somos como somos e nisso pode residir alguma fraqueza mas também muita força!
    Tenho dito!

    Um abraço bem português para ti Carol

    ResponderEliminar
  3. Olá, Carol,
    Felizmente Filipe IV fez uma má opção ao acudir primeiro aos problemas da Catalunha pensando que facilmente conteria a "meia dúzia de gatos pingados"que eram os portugueses. Catalunha continua a sonhar com a independência e nós somos um país livre e democrático. Que bom!
    Sou portuguesa e gosto. Pertenço a um povo com uma memória colectiva, um povo feito "de mestiçagens" como diz Fausto na canção. Somos um povo com história. Se não fossemos independentes, andávamos a lutar por isso. Felizmente, há 370 anos alguém realizou o trabalho por nós. Deveríamos estar muito agradecidos por pouparem o nosso sangue e o dos nossos filhos.
    Quem fala em ser espanhol pensa que assim resolveria todos os problemas económicos que o país enfrenta. Puro engano! O problema da Europa é não ser capaz de se tornar um estado federativo,à semelhança dos Estados Unidos da América. Isso acontece precisamente por conta da carga histórica de cada um dos povos dos países que compõem os estados da união europeia.

    ResponderEliminar
  4. Muito obrigada pelos vossos comentários bem portugueses! A mim também me sabe melhor que o país, apesar de pobre e periférico como dizem, tenha a sua identidade socio-política, linguística e cultural (e todas!) bem consolidadas com a independência. Se não, estaríamos como a Catalunha a lutar por ela! e os espanhois que continuem a pôr cá a Zara e a Mango e a Massimo Dutti que nós lá nos vamos deixando conquistar por aí...

    ResponderEliminar
  5. Olá Carol.
    Estou convencido que fui mal interpretado na leitura do texto que publiquei no Espaço do João.
    Eu sou bem Português.
    Eu Amo Portugal.
    Eu sou até bastante interventivo políticamente.
    Eu abomino quem diz só neste País.
    Eu sou um Madeirense errante que feliz ou enfelizmente já percorreu os 4 cantos do mundo
    Eu já trabalhei em muitos países da Europa, àfrica, Améria do Sul e, pasme-se até na Ásia.
    Eu já comi o pão que o diabo Amassou.
    O que não posso admitir é que meia dúzia ande a refastelar-se à custa do suor de tantos.
    Na terra onde vivo, raros são os que não me conhecem pelas minhas intervenções políticas, já fui membro duma Junta de Freguesia, quando nem se podia atravessar um caminho sem ficar atolado.
    Fui criticado e, ainda hoje o sou em especial por aqueles que nunca nada fizeram e, querem ver tudo feito.
    Penso que Portugal merece melhores governantes. O que verifico é que após a consagração da Constituição Portuguesa, muitos oportunistas abotoaram-se à grande e à francesa e, estão impunes.
    Mas continuo a dizer também que não é só neste país.
    Veja-se a Russia após a queda do regime comunista.Que é feito de Gorbatchev? Encontra-se ao lado do Putin?
    Que é feito da América senão for para fazer guerras?
    Que fizeram os Ingleses com a nossa Santa Aliança?
    Que fazem os Alemães?
    Bem, espero que não ligue a estas questões, pois os nossos espaços não são para debater política, muito embora também tenha o seu lugar.
    Um forte abraço e, bom contributo para que Portugal possa ser uno e potente.

    ResponderEliminar
  6. Ó meu querido Amigo João! Não foi nada mal entendido! Eu entendi muito bem o seu texto e peço desculpa se o meu comentário foi de alguma forma "agressivo". Não me leve a mal, mas apesar dos meus sessenta e... sou algo precipitada a dizer as coisas e às vezes sai asneira.
    Fique sabendo que gosto muito de ir ao seu Espaço ver as suas lindíssimas flores e frutos e o mar e tudo o que eu amo no Alentejo!
    Olhe, e tem muita razão no que diz neste 2º comentário.
    Beijinhos para um Português Bom!

    ResponderEliminar