sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Os cortes no abono de família



Naturalmente que as medidas de austeridade aprovadas pelo Conselho de Ministros para redução da despesa pública são altamente questionáveis e discutíveis e, especialmente, vão custar-nos muito a todos se a proposta do Orçamento de Estado for aprovado.

O aumento do IVA, o aumento nos preços dos medicamentos, os cortes em muitos benefícios fiscais e sociais vão cair sobre todos nós como granizo forte em dia de Verão, especialmente na desgraçada da dita classe média (baixa) que já passa tão mal.

Os funcionários públicos vão continuar a ver as suas benesses e os seus vencimentos cortados, as suas carreiras (a continuarem) congeladas e as suas progressões de mérito paradas. Tudo isto que lhes vem acontecendo desde há já alguns anos parece um fadário, parece o pagamento com juros pelos aumentos inusitados, pela criação exagerada de serviços e de admissões, bem como pelos benefícios que lhes caíram no regaço no tempo em que o dr. Cavaco Silva foi Primeiro Ministro.

Tudo isto vai criar um cenário de enorme descontentamento, de desespero para muitas famílias e de terríveis convulsões sociais. A revolta virá, e muito bem, do facto de vermos que são, uma vez mais os pobres e os mais ou menos remediados que vão pagar a crise.

Porém, a medida que acho mais indecente, mais abjecta e com a qual ninguém se deveria conformar, é o corte nos abonos de família. Num país em que a natalidade todo os anos decresce, em que a pirâmide demográfica está completamente invertida; num país onde muitos autarcas já oferecem um prémio pecuniário aos casais que têm filhos, acho, no mínimo obsceno, forçar as famílias a fazerem prova dos seus rendimentos para verem se têm direito ou não ao abono de família.

Quando muito, se me dissessem que iam retirar este benefício às crianças cujos pais auferissem três ou quatro mil euros mensais, enfim! Agora retirarem o abono a uma família cujos pais auferem 600 euros mensais é escandaloso! (Além de que, também gostava de ver os políticos a (sobre)viverem com um vencimento de 600 euros! Mas isto é outra cantiga!).


8 comentários:

  1. E achas que estariam nesses cargos com esses vencimentos?!
    Não gostas de provérbios mas cá vai um à medida:
    "Quem parte e reparte e não fica com a melhor parte ou é tolo ou não tem arte!"
    E isto é a sabedoria popular que diz destas quando lhe convém...
    Mas são os mais desfavorecidos e a classe média que quase já não existe que vão pagar a crise!
    Os vencimentos chorudos e as acumulações de aposentações continuam a entrar no bolso de quem vem para a televisão clamar a sua preocupação com a "ditosa Pátria" tão mal tratada pelos ditos cujos!

    Abraço

    ResponderEliminar
  2. Enfim, como já li em alguns comentários, "tenho vergonha de ser português!" A dada altura já começo a ficar apático a tudo o que me rodeia, a desligar a televisão e a deixar de ler notícias como tanto gostava para me manter actualizado... É SÓ DESGRAÇA! E insensatez em doses industriais...
    Então vejamos:
    num país, nitidamente envelhecido, onde o PS avança com medidas de incentivo à natalidade, como a duplicação do já parco abono de família aquando do nascimento do segundo filho;
    quando finalmente, e depois de aprovada a lei que liberaliza a realização do aborto, se apoia a fertilização artificial, para também ajudar no aumento da natalidade;
    quando as grávidas começaram a ter ”benefícios”, como os cheques dentista;
    quando as políticas de maternidade e parentalidade pareciam ser mais apelativas, o Governo lembra-se e corta com os apoios sociais de base, que ainda que parcos, eram melhores que nada…
    Valha-me Deus, isto é como tirar o pão da boca dos pobres! Se me perguntarem se me fazem falta os 67 euros que recebo pelos meus dois filhos, respondo que não, pois nem os uso, são deles, dos meus filhos. Mas que é uma injustiça muito grande viver num país onde tantos impostos nos cobram, para vermos cortados subsídios como este, e a acrescentar a esta injustiça ainda aumentam significativamente o valor do IVA, nomeadamente nas papas lácteas (porque são um luxo, claro), nos leites achocolatados, claro, só os ministros é que vão poder dar destes luxos aos filhos, porque os 4.º e 5.º escalões vão ficar privados destes bens de luxo. Os meus filhos vão passar a comer apenas pão com manteiga, leite simples e, aos fins-de-semana, talvez lhes faça uma açorda de pão duro das sobras da semana, com um dente de alho e talvez lhe ponha um ovo!
    Este Governo é uma vergonha! A minha vontade é emigrar e não voltar nunca mais! Não contribuir nunca mais com impostos para engordar impostores!

    ResponderEliminar
  3. Calma, Pedra e Serrim! Emigrar, nada! Cá dentro é que temos de os combater! Mas olhe que o PSD quando for para lá não vai fazer melhor!
    Obrigada pela sua visita e pelo seu comentário.

    ResponderEliminar
  4. Querida Carol,
    Certamente que tens estranhado a minha ausência. Pois é... estes assuntos dão cabo de mim. Quanto mais penso neles mais me desgasto e acho mesmo que nesta idade nos devemos preservar.
    A minha contestação desta vez vai ser mesmo na boca das urnas.
    Cansaço!!!!!!!

    ResponderEliminar
  5. Eu não tenho vergonha de ser portuguesa nem incentivo ninguém a emigrar.
    É aqui que temos de lutar...
    O Governo PS foi o que fez mais e melhor em políticas sociais, foi apanhado pelo crise mundial que não explica tudo mas não "acordou" a tempo nem da melhor maneira.
    Resultado - quem se lixa é o mexilhão!
    Como a Carol diz o PSD não fará nem nunca fez melhor!
    Já passámos por outras crises e vencemos, esta também há-de passar a bem das gerações futuras!

    Abraço

    ResponderEliminar
  6. Isto não tem solução porque nós somos de "Raiva mansa"!
    Os franceses já andam para lá a partir tudo, deixar à mingua de petróleo os aeroportos, fazer greves, mas isso cá não passa nas televisões que é para não agitar os nossos a fazer a mesma coisa!
    E os franceses é só porque lhes aumentaram a idade da reforma, faria se tivessem que levar com uma governação de corruptos e incompetentes, como nós temos sido bombardeados estes anos todos!
    A CEE, não nos defende em nada!
    Temos que comer os restos dos produtos agrícolas que os franceses produzem, comprar todos os anos carros topo de gama aos Alemães, mais submarinos e outras porcarias, estar caladinhos, e aguentar estas medidas de austeridade que só geram desemprego, fome, e cada vez mais miséria!
    Já não temos ninguém que nos possa defender, só uma revolta popular, um banho de sangue, põe estes gajos na linha.
    Nem PS nem PSD ou CDS, até a nossa esquerda é de xácha!
    Nesta conjuntura ninguém nos pode valer, isto está armadilhado de tal maneira que nem ditaduras de direita ou esquerda têm hipótese de vingar!
    Estou farto destes gajos!

    ResponderEliminar
  7. E entrar numa de contestação, de violência, irá resolver alguma coisa, Gato Preto?
    Ainda será pior!

    ResponderEliminar
  8. Estão/estamos todos cheios de razão. E de raiva! E, como diz a minha amiga Rosinha, "quem se lixa é SEMPRE o mexilhão!" A Ce não nos ajuda? Pois não! A CE ajuda mas a aumentar a confusão! O DUrão Barroso - que não conseguiu equilibrar as conta cá e pirou-se - obriga-nos a tomar medidas dráticas. A Merkel - que manda e desmanda na CE - obriga-nos a comprar os submarinos e a pagá-los quando a "ela" lhe apetece; obrigam-nos a deixar entrar os chineses com a sua manufactura (super)barata que rebenta com as nossas e depois é o que se vê!
    Já pensaram que a Alemanha, que não conseguiu mandar na Europa com o doido do ditador do Hitler, está a fazê-lo silenciosamente com a Merkel (que é outro tipo de ditadora)? E desta vez não há Aliados que nos defendam.

    ResponderEliminar