(Antigo Lyceu de Rodrigues Lobo
primeiras instalações da Escola Preparatória D. Dinis)
Há 36 anos, feitos no passado dia 9 deste mês, apresentei-me, como professora agregada de Inglês (chamavam-se assim os professores que eram colocados no ano a seguir ao estágio em que ainda não podiam concorrer a efectivos) na então chamada Escola Preparatória D. Dinis, que estava sediada no belíssimo edifício do antigo Lyceu de Rodrigues Lobo, ali mesmo no centro da cidade de Leiria. No ano seguinte, fiquei efectiva numa das duas vagas do meu grupo, tendo sido a primeira professora efectiva de Inglês na escola. E desde então para cá, até ao dia da minha aposentação no passado mês de Março, nunca mais deixei de pertencer àquela escola.
Entendem agora por que me refiro sempre a ela como “a minha escola”. Ela fez, sem dúvida, parte integrante da minha vida e, posso afirmar, com toda a sinceridade, que foi um dos motivos principais (a seguir às minhas filhas que já nasceram por cá) da minha fixação a esta terra que eu nunca considerei como minha.
Porém, se aquela escola fez parte da minha vida, posso dizer, sem qualquer ponta de demagogia, que também fiz parte integrante da sua vida. De facto, no segundo ano de ali me encontrar a leccionar (História – por decisão do chefe da secretária...) fui convidada para integrar o grupo de professores da extraordinária Reforma Veiga Simão e no terceiro ano, em 1977, fui convidada para vice-presidente do Conselho Directivo Desde então até ao passado mês de Março, nunca mais deixei de me perfilar para desempenhar qualquer actividade, qualquer cargo, qualquer função que fosse necessária para aquela escola. Posso orgulhar-me de ter pertencido ao Conselho Pedagógico da escola durante 23 anos, muitos dos quais como presidente. De registar que, até à criação da Assembleia (Dec. Lei 115-A/1998) que acabou por desembocar na triste invenção do Conselho Geral (Dec. Lei 75/2008), o Conselho Pedagógico era o órgão decisório das escolas. Por outro lado, não posso nunca esquecer aquele dia, em 82, que entrei no gabinete do Conselho Directivo e estava o presidente demissionário a contactar um colega qualquer de Porto de Mós, que nem pertencia à escola e nem efectivo era!, para vir dirigir a nossa escola porque a inspecção já tinha vindo cá duas ou três vezes, sem sucesso, fazer diligências para eleger um presidente. Perante aquele telefonema fiquei envergonhada e disse timidamente: “Se é para vir um provisório qualquer tomar conta da escola, então estou cá eu, sei lá!” E foi assim que, por oferta e com apenas trinta e poucos anos, me tornei presidente do Conselho Directivo de uma escola com mil e muitos alunos e com a responsabilidade de mudarmos para as novas instalações.
Curiosamente, voltou a acontecer mais vezes que, por não haver mais ninguém interessado nem disponível, voltei a desempenhar esse cargo uma e outra e outra vez. Trabalhei sempre com todo o afã e todo o entusiasmo possível em cada cargo, em cada tarefa, trabalho esse que nunca me pesou. O meu lema foi sempre: “Se é preciso fazer-se, faz-se!” E tive sempre muitos colegas que me acompanharam, com o mesmo espírito de missão, no desempenho e no desenvolvimento do prestígio e do bom nome da D. Dinis – que granjeámos.
Repito: tudo o que fiz foi apenas o trabalho pelo qual me pagaram e fi-lo de vontade e sem esperar salamaleques. Mas, depois de tudo isto e de mais muitas coisas, receber do principal órgão de direcção da escola (praticamente o mesmo órgão que me preteriu perante um candidato que nem metade do meu currículo nem da minha experiência possui) uma brevíssima carta de cinco linhas a “manifestar o reconhecimento” pelo trabalho desenvolvido, achei, no mínimo ... triste.
Na Banca o trato não é melhor. Sinais dos tempos...
ResponderEliminarNão podia estar mais de acordo com o comentário anterior, também me reformei como profissional de banca...
ResponderEliminarMas é igual em todo o lado, depois de servir-mos a entidade patronal, não passamos de meras peças gastas que têm de ser substituídas!
Infelizmente são os dias de hoje, porque eu trabalhei para muita gente ainda no tempo da outra senhora, e pós 25 Abril, e ainda havia reconhecimento, respeito mútuo, companheirismo, e boas relações empregado patrão (há sempre excepções), nestes últimos anos é a selva!
Obrigada pela vossa compreensão, senhores bancários. Duvido que haja colegas meus que venham expressar compreensão pelo meu lamento...
ResponderEliminarPois estás enganada!
ResponderEliminarQuando entraste nesta Escola já eu lá estava, foi também o meu "liceu" no 6º ano, quando saí continuaste lá.
Trabalhámos juntas na excelente reforma de Veiga Simão, voltámos a estar juntas quando regressei a Leiria e indicaste o meu nome para integrar a equipa da então CAE...
Lembras-te como foste "dispensada", pela DREC, como sub-coordenadora assim como a coordenadora no tempo do cavaquismo e como a quase total equipa se solidarizou convosco?
Lembras-te quem foi para lá e onde está agora?
Compreendo o teu lamento mas já era tempo de estares habituada a atitudes destas.
As sapatadas vêm de várias áreas.
Coração ao alto!
Abraço solidário de quem também tem apanhado algumas sapatadas
É verdade, Rosinha! Mas não me habituei nunca, que queres? E, já sabes, sou como o Poeta Alegre: "A mim ninguém me cala!"...
ResponderEliminarBeijinhos e obrigada pelo teu comentário!