domingo, 22 de julho de 2018

Feiras medievais e outras que tais...


Brotam como cogumelos por todo este pequeno Portugal. E já não se pode com tanta “feira medieval”! Parece que não há imaginação para mais nada. Parece que foi dito aos presidentes de câmara que não seriam reeleitos se dos seus planos de atividades (será que os têm?!) não fizer parte uma feirinha medieval…

Aqui em Leiria, torna-se aflitivo. Desde 2010 que se fazem ano sim, ano também, feiras medievais em Leiria. A primeira, a de 2010, teve lugar no Castelo e teve graça por, de alguma forma, ter sido novidade aqui na terra.

Vejam como a minha neta era pequenina...



Tenda dos Cristãos

Tenda dos Judeus

Tenda dos Muçulmanos

(Por acaso, em 1995, lá na “minha escola” realizou-se um evento medieval, com cortejo pela cidade; D. João II saiu a cavalo e andou pela cidade; houve refeição medieval no Castelo e feira no recinto da escola com alunos e professores vestidos à época. O objetivo foi celebrar os 500 anos dos Descobrimentos sob a organização de três colegas de História (louquinhas de todo…) que envolveu toda a comunidade escolar, pais incluídos, naturalmente e até a cidade. Foi um espanto!)













Mas, voltando à cidade: a sua edilidade saiu-se com a ideia peregrina de que Leiria deveria concorrer a Cidade Europeia da Cultura 2027. Não vou aqui apresentar razões a favor ou contra essa pretensão que nem sei se será legítima. Direi apenas que, infelizmente, Leiria não tem “tradição” cultural de fundo. Basta lembrar que o Museu da Cidade teve de esperar cem anos (leu bem! Cem longos anos!) para ser inaugurado. E foi, de facto, este executivo camarário que o conseguiu em  2015.

As feiras medievais, as feiras de Leiria há cem anos e outras quejandas repetem-se incessantemente – folclore, mascaradas e mera diversão sem qualquer fundo cultural. Põem-se umas tendinhas – as mesmas de sempre desde que me lembro – vendem-se uns chouriços, uns pães cozidos no forno, uns ovos e uns produtos das hortas apresentados por umas senhoras “mascaradas” de rurais; põe-se um curral com uns infelizes de uns animais desenraizados para fingir; fazem-se uns cortejos apalhaçados; convidam-se os ranchos folclóricos de sempre e pronto! Aí temos um “evento cultural”… Baratinho. Pobrezinho. Ataviadinho. Pequenino.

Este ano, teve lugar no centro da cidade e fardos de palha não faltaram por todo o lado… Resolveram arranjar um “tema”: «1401 Aqui Nasceu a Casa de Bragança». Disseram que se tratava da «recriação do casamento, realizado em Leiria, de D. Afonso de Portugal (filho natural de D. João I) com D. Beatriz Pereira de Alvim (filha de D, Nuno Álvares Pereira) e depois afirmaram que surgiu a Casa de Bragança.» Rigor histórico? Nenhum!






E ainda acrescentaram que «Leiria Medieval pretende ser um espaço de animação e convívio cujo objetivo é dar a conhecer ao público as principais características desta época, a Idade Média.» Arranjaram uma série de figurantes que não se importaram nada de vestir aqueles fatos pseudo-medievais e que se devem ter divertido à brava e pronto!







Só dá vontade de rir! Enfim! Assim não vamos lá…

(As três últimas fotos foram retiradas da  página do facebook do meu amigo Raul Mesquita)

20 comentários:

  1. Olha Graça, eu gosto destes eventos. Acho que trazem movimento às cidades e favorecem a economia local. Independentemente do rigor histórico, isso é que é o mais importante. Depois, é uma alegria para miúdos e graúdos...senão é olhar para ti, ali a comer o caldo com a colher de pau toda risonha, quando foi a vez da tua Escola participar. Deixa de ser rabugenta, Gracinha, parece que estás a ficar velha...ehehehe
    Olha, eu conto ir no sábado à de Caminha. Fui uma vez e gostei, mas tinha mais espanhóis do que portugueses. Vamos ver como está este ano.

    Beijinhos, boa semana.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Fazes muito bem! Não estou a ficar rabugenta coisa nenhuma e nada tenho contra quem gosta de ir e ver e comer e beber e tudo. Mas só isto numa cidade?! É POUCO!!!

      Eliminar
    2. Retificação: a minha escola não participou. A minha escola organizou, montou e fez tudo. Apenas com o apoio dos pais e dos profs. Por isso eu estava tão bem disposta - era a presidente do Conselho Diretivo...

      Eliminar
  2. Minha querida Gracinhamiga I

    Ponto de ordem à mesa: detesto feiras. Então de medievais sobretudo falsas como a Elsa, oops, o Judas, nem pó. Quando era puto e tinha praí os meus cinco anos ia com o meu avô, o senhor tenente Braz Antunes da Guarda Fiscal e de bigodes brancos retorcidos à feira das cebolas em Portalegre onde ele vivia maila minha avó Maria.

    Um dia deixei fugir para o céu um balão daqueles de gás e dizia o santo senhor que fiz um tal berreiro que só me acalmei com um torrão de Alicante daquele que as espanholas raianas traziam um grandes queijos que pareciam mós de moinhos.

    Na Índia a Raquel e as amigas e por vezes as primas todas as feiras são motivo para longas visitas e compras pois os preços são do tipo uva mijona. Eu antes ficava num café bebendo um uísque e agora que não posso fazê-lo um ice tea à maneira e verdadeiro.

    Feiras? Nem vê-las!!!!!! :-)))))))))))))))))))

    Muitos qjs do casal Ferreira

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Idem, idem, aspas, aspas.... Não vou em feiras - saio ao meu pai que nunca acompanhava a minha mãe nestas coisas e ela ficava danada...

      Como já disse à Janita, nada contra quem gosta e vai. Mas só isto?! É POUCO!!!!

      Beijinhos, Leãozão!

      Eliminar
  3. Nunca presenciei nenhuma.
    Mas deve ser engraçado.
    Beijos, boa semana

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. E é, se for bem feita. A deste ano cá de Leiria teve muitos visitantes e as pessoas gostaram.

      Boa semana, Pedro.

      Eliminar
  4. Nunca visitei nenhuma. No Barreiro, fazem-se as festas da cidade, as festas da padroeira, e as feiras do fumeiro, e da ginginha.
    A feira medieval mais perto é a de Alhos Vedros, e todos os anos penso que hei-de lá ir e todos os anos quando dou por isso já passou.
    Abraço e uma boa semana

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Ao fim e ao cabo, essas feiras do Barreiro devem ser parecidas com estas só com cenários diferentes...

      Beijinhos leirienses...

      Eliminar
  5. Fui uma vez à de Leiria e gostei de ver toda a animação no castelo!
    Em Óbidos começou em 2002, pena que com o passar dos anos tenha perdido qualidade, mas a verdade é que as autarquias ganham muito dinheiro com estes eventos, mesmo prescindindo do conteúdo cultural!
    Gostei de ver as fotos!

    Boa semana!

    Beijinhos Graça

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Pois, essa é a vantagem, Manu: animar o pessoal, atrair gente e ganhar dinheiro. Mas, ano após ano, torna-se uma grande seca, é sempre tudo igual.

      Beijinhos.

      Eliminar
  6. Estas feira são sempre muito bonitas :))

    Bjos
    Votos de uma óptima Segunda-Feira

    ResponderEliminar
  7. Feiras medievais. Salvam-se os comes e bebes e as pessoas acham interessante… Que fazer quando a inspiração está a falhar?
    Uma boa semana.
    Um beijo.

    ResponderEliminar
  8. Este ano ainda não visitei nenhuma ... mas gosto e pelos olhares belos e divertidos momentos aí vividos!!!bj

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Claro, Gracinha. Em eventos deste tipo tens muito para onde olhar(es)... :)))

      Beijinhos.

      Eliminar
  9. Ora faz muito bem! Há que divertir e espairecer, Isa!

    Beijinhos.

    ResponderEliminar
  10. DEsde que respeitem o rigor histórico, não tenho nada contra as Feiras Medievais, embora se tornem repetitivas.

    Gostei até muito da de Fronteira.

    No entanto ( e aí estou absolutamente de acordo contigo )acho muito pouco para actividade cultural de uma Câmara.

    Boa semana :)

    ResponderEliminar