Eu temo muito o
mar, o mar enorme,
Solene,
enraivecido, turbulento,
Erguido em
vagalhões, rugindo ao vento;
O mar sublime, o
mar que nunca dorme.
Eu temo o largo
mar, rebelde, informe,
De vítimas
famélico, sedento,
E creio ouvir em
cada seu lamento
Os ruídos dum
túmulo disforme.
Contudo, num
barquinho transparente,
No seu dorso
feroz vou blasonar,
Tufada a vela e
n'água quase assente,
E ouvindo muito
ao perto o seu bramar,
Eu rindo, sem
cuidados, simplesmente,
Escarro, com
desdém, no grande mar!
Cesário Verde
Este soneto -
"Heroísmos" - de Cesário Verde foi-me dado a conhecer pela leitura do
livro «Que Importa a Fúria do Mar»
de Ana Margarida de Carvalho (os romances desta mulher estão a pôr-me doida
este Verão!)
As quadras do
soneto fazem parte da epígrafe de um dos capítulos do livro referido e logo me
encantaram, embora os tercetos inflitam para o heroísmo dos Descobrimentos
portugueses. Talvez por isso a escritora tenha optado por transcrever apenas as
quadras para a dita epígrafe.
Ela própria
descreve o mar desta forma simbólica, quimérica:
«Porque isso é o
que recorda com mais força, e dor, e sufoco. Aquela opressão do mar. Era o seu
pesadelo recorrente, aliás. De repente, via-se na praia, pés ma areia molhada,
e um mar de cordeirinhos mansos, espuma benigna, vinha roçar-lhe as pernas, só
docilidade com sal, mas o caudal engrossava, engrossava, quando a onda regredia
ela era arrastada até cair, mãos cravejadas na areia, a ser puxada e engolida
no turbilhão doido. (...)
O mar é como tu,
mãe. Sem remorsos.» (p. 136)
ResponderEliminarO MAR, um tema tão nosso!
Eu também o temo, o respeito... e me encanto por ele.
Beijinhos na ondulação calma
(^^)
Também o respeito muito!
ResponderEliminarBjs
O mar da nossa paixão. Que nos desperta amor e temor, alegria e dor.
ResponderEliminarUm abraço
Eu respeito muito o mar.
ResponderEliminarSempre respeitei.
Beijinhos
Também respeito e muito embora adore mergulhar nele ... sem grandes ondulações!!!
ResponderEliminarBj e bela a sua partilha
«Mar sonoro, mar sem fundo, mar sem fim.
ResponderEliminarA tua beleza aumenta quando estamos sós
E tão fundo intimamente a tua voz
Segue o mais secreto bailar do meu sonho.
Que momentos há em que eu suponho
Seres um milagre criado só para mim.»
Sophia de Mello Breyner Andresen
Beijinhos para todos com sabor a sal...
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