(Daqui) |
São tristes as cidades sob a chuva
e as canções que se atiram contra as grades
- minha pátria vestida de viúva
entre as grades e a chuva das cidades.
É triste o cão que ladra no canil
quando é março ou abril e lhe prendem as pernas
é triste a primavera no País de Abril
- minha pátria perfil de mágoas e tabernas.
É triste: uns vestem-se de Abril outros de trapos.
Tu ó estrangeiro é só por fora que nos olhas
- minha pátria bordada de farrapos
capa de trapos remendada a verdes folhas.
Abril tão triste no País de Abril. Por fora
é tudo verde. (Abril com máscaras de festa).
Por dentro - minha pátria a rir como quem chora
(A festa da tristeza é tudo o que lhe resta).
Abril tão triste no País de Abril. Aqui
a noite. Aqui a dor. Meninos velhos
- minha pátria a chorar como quem ri
em surdina em silêncio. E de joelhos.
Verdade. Este país anda triste. Nem abril lhe está a valer.
ResponderEliminarPois reinvetemos Abril!!
Eliminar"Abril tão triste no País de Abril (... ) E de joelhos."
ResponderEliminarPerguntaria ao Poeta, de joelhos, perante quem?
Se a resposta é a que estou a pensar,
que espera para se levantar?
E eu perguntaria a este povo: por que espera para se levantar?!
EliminarQue raio de sociedade nós construímos !?
ResponderEliminarExcelente poema de Manuel Alegre e gosto da foto!
Obrigada, Ricardo!
EliminarA foto é linda.
ResponderEliminarParece que muito pouco mudou – com a exceção do grande bem que é a liberdade – e se não considerarmos os primeiros anos de regozijo, de exageros, de gastos incompreensíveis e sem planos definidos para o futuro. As consequências da irresponsabilidade dos dirigentes aí está… Passaram décadas e continua-se a falar de maus governantes. De certo haverá bons, mas desses ninguém fala. Mais uma oportunidade nas próximas eleições para se eleger mulheres e homens que têm o bem do país como sua prioridade. Quem serão eles e elas?
Belíssimo comentário, Catarina! Obrigada.
EliminarBeijinhos. (Falámos hoje em ti, lá em Monte Real, no encontro de bloggers...)
"Máscaras" para sobrevivermos por tantos outros descalábrios de nossos governantes corruptos... Perde-se a beleza dos dias realmente... Difícil até de produzir textos belos e incentivadores!
ResponderEliminarAbraço.
Boa metáfora a das "máscaras", amiga Célia! Obrigada.
EliminarBeijinhos
O triste é que neste país textos escritos há mais de cem anos, parecem ter sido escritos hoje. Como se Abril tivesse sido apenas um sonho.
ResponderEliminarUm abraço e bom Domingo
Infelizmente assim é...
EliminarBeijinho, Elvira, e boa semana.
Gostava que todos pudéssemos sentir Abril. Juro que gostava.
ResponderEliminarE eu gostava que terminasse breve este sufoco destes quatro anos que representaram a vingança de Abril!
EliminarMeu Deus, parece ter sido escrito hoje de manhã!
ResponderEliminarBeijinhos e bom domingo
Por isso o escolhi, são! De tão atual...
EliminarBeijinhos
Os grandes poetas são assim! Não conhecia o poema e não fosse a sua indicação de quando foi escrito, eu diria que foi ONTEM...tudo está certo, até a chuva...
ResponderEliminarCumprimentos,
O professor Monteiro Grilo, o poeta Tomaz Kim, meu professor de Teoria da Literatura, dizia «O poeta é um vate!» E os verdadeiros poetas são isso mesmo: una vates!
Eliminar~ ~ ~ Um poema eloquente. expressivo e muito sentido. ~ ~ ~
ResponderEliminar~~Bj~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
Boa semana, Majo!
Eliminardói ainda! de tão vivo...
ResponderEliminarbeijo
É verdade, heretico...
EliminarBeijinhos de Abril