Está na hora de me retractar do
que aqui disse sobre os seguros (não sobre o Seguro, repito) na semana passada.
Dois dias passados sobre a minha conversa
telefónica com o funcionário da seguradora que me atendeu e me foi dizendo que
não tinha direito a nada e depois de eu lhe ter despejado em cima todo o meu
educado sarcasmo, recebi a visita de um perito que conseguiu ainda vislumbrar o
maravilhoso buraco aberto à porta de casa com os canos já reparados mas ainda à
vista. Seco, sisudo mas ainda jovem, armado de computador, impressora, medidor
electrónico e mais não sei o quê, depois de ver, fotografar, medir e remedir,
perguntou se podia usar uma mesa onde dispôs toda a sua parafernália electrónica;
fez cálculos e mais cálculo e depois de me perguntar se alguma vez tinha
accionado o seguro e eu não, nunca, e ele, então como isto fica abaixo dos mil
euros, vamos pagar-lhe X que dá à vontade para pagar as despesas.
Fiquei estupefacta! Assim, do
nada…
Hoje fui à seguradora com a
intenção (já antiga) de melhorar as condições do seguro – um upgrade….
Uma vez mais apreciei – sinceramente
– os maneirismos de atendimento dos funcionários, digo, colaboradores, da
seguradora: boa apresentação, cumprimentos de mão, tom modelado de voz, «peço
desculpa», «dá-me licença», camisa azul anilado e gravata fininha… só que não
há bela sem senão: a meio da explicação dos procedimentos e das hipóteses de
mudança, o jovem colaborador diz-me: depois
você vê o que prefere fazer.
Você? Deu-me vontade de lhe perguntar se por acaso tínhamos andado
juntos na escola, mas refreei-me. Quando é que explicam a estes jovenzinhos,
que se calhar até têm alguma licenciatura, que não se tratam os clientes, nem as pessoas que não conhecemos, nem as
pessoas (muito) mais velhas por você?!
Que raiva! É que, além do mais, é
mais um mau trato, um grande desconhecimento da nossa língua! Em português existem
várias gradações no que toca à 2ª pessoa, especificidades que a tornam complexa. Não é como na língua
inglesa em que o you serve para
todos os tratamentos entre as pessoas. E depois vêm-me com a teimosia de que
umas alteraçõezinhas sem importância na ortografia de algumas palavras destratam
a «bela língua de Camões»…
Pelo menos, fora o "você" correu bem...
ResponderEliminarO "você" é muito da nossa zona!
ResponderEliminarO que eu me fartava de explicar a diferença do "você" da linha de Cascais do da linha ...do Oeste! :)
Abraço
Vá lá, Graça, seja condescendente. Afinal sempre recebeu o dinheirinho :-)
ResponderEliminarVá lá, Graça, seja condescendente. Afinal sempre recebeu o dinheirinho :-)
ResponderEliminar~
ResponderEliminar~ ~ Minha querida, eu não me tinha refreado, como afirmas que fizeste!
~ ~ Se há coisa que eu não suporto é um tratamento nesse tom e só aprendi a desculpá-lo aos brasileiros.
~ ~ Eu nunca deixo passar!
~ ~ A última vez que me aconteceu foi numa caixa de loja. A moça que deveria ser da zona que a Leo refere, pergunta-me:
-- Então, como quer que a trate?!
~ ~ Então, numa bicha de pessoas, dei-lhe. polidamente a minha lição. Penso que foi bom para ela que até parecia educada.
~ ~ E tinha feito o mesmo com a tal criatura com ar de seguro.
~ ~ ~ ~ ~ Abraço. ~ ~ ~ ~ ~
Não ter chegado ao tu, o "tutear" de que falava o Miguel Esteves Cardoso, já não foi muito mau
ResponderEliminarA língua portuguesa é muito mal usada... ou as pessoas não são educadas... Mas quanto ao seguros, às vezes funcionam... O seu texto é bem humorado, Graça.
ResponderEliminarBeijo.
Bem se aplica aqui o provérbio:"não há bela sem senão".
ResponderEliminarO formador dele (funcionário de seguros) teria esquecido esse pormenor, ou ele não se lembrou...
Cumprimentos.
A boa educação fica bem em todo o lado.
ResponderEliminarA Graça é de Letras, e "eles" são mais números...
:(
Apesar de tudo não correu nada mal.
ResponderEliminarGraça, tenho um colega que me contava ter tido um professor numa escola industrial que se dirigia aos alunos com o estranho plural de "VOCESES". O homem era dos "numaros": engenheiro.
Os teus textos são porreiros, mas tens uns comentários, que vou-te dizer:
ResponderEliminar- São mesmo do catano!
Porreiros,engraçados.
Tu perdoás-te o você ao empregado, eu saltava-lhe logo ao caminho, como fiz a uma caixeira do LIDL.
Você, é estrebaria.