sexta-feira, 3 de junho de 2011

Sondagens



Não gosto de sondagens nas campanhas eleitorais. Mesmo quando elas favorecem o meu partido. São altamente manipuladoras e enganadoras e acho-as mesmo desnecessárias. Para mim, fazem apenas parte do folclore eleitoral tal como os panfletos, os cartazes e a distribuição das bugigangas pelos partidos.

Desta vez e porque esta campanha eleitoral não me apeteceu nada – aliás só apeteceu ao partido que estava cheio de vontade de “ir ao pote”, como foi afirmado – as sondagens voltaram a parecer-me altamente influentes, para não repetir o termo manipuladoras. Ou melhor, não foram bem as sondagens, mas os seus pseudo-comentadores. Porque, sinceramente, um comentador que seja convidado por um canal de televisão para comentar as sondagens durante o Telejornal não deve, parece-me, ir para lá dizer mal dos políticos do partido com que ele embirra. Admito que as pessoas embirrem com o político A ou com o partido B, mas irem fazer passar a sua birra como comentador pago por todos nós, no espaço noticioso, não me parece curial.

Foi a figura que o sr. João Marcelino, que até é director do Diário de Notícias, jornal que muito prezo desde muito jovem, fez esta semana, no Telejornal do canal dito público, ao comentar as últimas sondagens, destilando todo o seu ódio contra o candidato José Sócrates, enquanto estimulava o voto no partido que as sondagens prevêem que ganhe mais votos.

Será para isso que o canal público lhe paga? A mim não me parece, até porque para isso servem os próprios políticos que têm participado nos imensos debates e mesas redondas que as televisões não se têm cansado de organizar.

As últimas sondagens prevêem os seguintes resultados:




E, a confirmarem-se estes resultados ou outros semelhantes, os meus comentários vão neste sentido:

1. O PSD reunirá o maior número de votos – foi para isso que forçaram a eleições – não conseguindo porém atingir a maioria que lhe permitira formar o governo de base alargada pedido pelo Sr. presidente;

2. Para formar governo, portanto, terá de fazer uma coligação com o CDS, partido com quem, pelo menos durante a campanha eleitoral, não tem mostrado grande entendimento;

3. Conhecendo-se o que se conhece do candidato Paulo Portas – que pessoalmente considero uma pessoa muito culta, muito inteligente e um político brilhante e experiente – o oposto do candidato Passos Coelho – não auguro grande futuro para a dita coligação e prevejo a convocação de novas eleições para antes dos quatro anos constitucionais;

4. O PS ficará a 5 ou 6 pontos percentuais do partido vencedor e, naturalmente derrotado. Mas vejamos: será aquela derrota demolidora que todos os partidos, sem excepção, lhe desejaram e ominaram? É que o PS foi o partido que esteve no governo por seis anos, tendo sido derrubado por toda a oposição desde a direita mais à direita até à esquerda mais à esquerda; é que este governo do PS tem contra si as “corporações” – os professores, os juizes, os polícias, os funcionários públicos, e mais sei lá quem (quem faz reformas não ganha eleições!); é que este governo do PS tem tido contra si aqueles jovens comentadores e “fazedores de opinião” que apregoam aos quatro ventos que o governo fez uma “governação calamitosa”; é que este governo teve um primeiro ministro a quem apodaram de tudo e de mais alguma coisa, desde homossexual até corrupto e nazi e a quem, muito convenientemente colaram o rótulo de mentiroso. E, mesmo assim, fica a 5 ou 6 pontos de distância do partido vencedor?

A verificar-se o que nos querem dizer as sondagens, onde está a estrondosa derrota que todos querem infligir ao PS?

Derrota, derrota, foi quando aquele presidente e mais uns tantos visionários de um olho só inventaram aquele partido novo que rapidamente se desvaneceu em cinzas. E delas renasceu, como sempre renasce, o PS qual Fénix renovada...


4 comentários:

  1. Acho que lhe vou dedicar o meu post de mais logo...

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  2. Às vezes há que parar e reflectir!
    Sócrates foi para além do que se pode exigir a um líder.Nem sei como aguentou semelhante campanha...
    Independentemente de todos os seus defeitos (e quem não os tem) ninguém o pode acusar de ter fugido às dificuldades e elas surgiram de todo o lado!

    Abraço

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  3. O cenário não é animador.
    Acredito que o PS possa renascer mas primeiro vai ter que passar pelas brasas... e esperar que outros se queimem.

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  4. Só hoje, andando pela bloga, depois de ter ido votar, aqui cheguei. Em Boa hora!
    O que está escrito neste post (que merece o meu inteiro acordo e aplauso)é do que mais lúcido tenho lido.
    Hei-de cá voltar.

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