Tenho uma atracção especial por palacetes e chalés suíços. Especialmente quando circundados por parques cheio de vegetação que quase não os deixam ver. É uma daquelas marcas que me ficaram de pequenina. Talvez do tempo em que o Palácio Anjos em Algés – terra onde nasci e vivi até aos dez anos – estava algo abandonado e fechado ao público e cercado de grandes árvores que mal o deixavam ver por entre as grades; talvez dos chalés de Sintra, Colares, Praia das Maçãs também romanticamente fechados e envoltos por grande arvoredo e mistério; talvez do tempo em que o belíssimo Palácio de Monserrate estava fechado, vazio e abandonado e em que, nos nossos passeios de adolescentes, espreitávamos pelas janelas para admirar os tectos artísticos ou à espera de vislumbrarmos um armário meio aberto, uma sombra, uma visão...
E, quando cheguei a Leiria, em 74, lá estava mais um chalé suíço, terrivelmente romanesco, meio abandonado, rodeado de um imenso arvoredo luxuriante e com aquele portão de ferro que nos impedia de ir espreitar. Era a casa dos Charters – disseram-me. E, sempre que podia, ia lá espreitar porque me lembrava Sintra, talvez porque esperasse também vislumbrar uma sombra sentir um arrepio.
Pois há dias atrás estiveram a cortar uma árvores e o portão estava escancarado. Não havia ninguém e, atrevida, entrei. Era Sintra mesmo! Arrebatadoramente romântico, tragicamente belo.
Em 2007, saiu o livro Villa Portela - Os Charters d’Azevedo em Leiria e suas ligações familiares (século XIX) com a chancela da Gradiva, escrito por Ana Margarida Portela, Francisco Queiroz e Ricardo Charters d'Azevedo que se centra no chalé Villa Portela, o seu primeiro proprietário - Eng. Roberto Charters Henriques d'Azevedo - e nos Viscondes de S. Sebastião, e que abrange algumas das mais importantes famílias da região de Leiria no século XIX, tais como os Costa Guerra, os Lopes Vieira, os Veríssimo, os Crespo, os Monteiro, os Soares Barbosa, os Zúquete ou os Taibner de Morais.
Também refere histórias da Invasões Francesas em Leiria, a figura do Cardeal D. Patrício da Silva, a casa dos Charter's d'Azevedo no Terreiro e as biografias de alguns dos mais abastados proprietários do concelho de Leiria em meados do século XIX .
Informativo, como sempre, este teu post! Como desconhecia a existência desse chalé, soube bem ler algo sobre ele.
ResponderEliminarEu gosto de castelos!... : ))
Conheço este chalé desde que conheço a cidade de Leiria. Nunca fui curioso a ponto de querer saber mais do que se vê do exterior.
ResponderEliminarParece que tem os dias contados.
Se tal for verdade toda a praça da Républica ficará descaracterizada e a cidade mais pobre.
simplesmente fantastico
ResponderEliminaradorava ver o interior, deve ser magnifico
Devido ao meu trabalho tenho viajado bastante e visto muitos exemplos de casas e palacetes magnificos
Bjinhos
Paula
ps: Obrigada pelos comentarios
Querida Carol, e o que é agora? Está habitado?
ResponderEliminarbela reportagem!
ResponderEliminarbeijinho Carol
Cara Carol,
ResponderEliminargosto muito da sua "narrativa" e, muito mais, quando tal versa sobre "coisas", entre outras, que eu gosto Castelos/Chalés e História...
Fico, no entanto, com "uma pulga atrás da orelha" e que é a seguinte, este chalé está agora, novamente, habitado?
Beijinho e boa semana para si!!!
Uma reportagem como mandam os cânones!
ResponderEliminarQuantas vezes já não estive tentado em entrar por ali adentro e fotografar tudo e mais alguma coisa.
Fiquei-me pelas intenções.
Fiz uma coisa do género foi na Quinta de S. Venâncio! Ia sendo devorado por um cão.
Por acaso chamava-se Nero, vim a saber mais tarde, quando a actual proprietária, me enviou um e-mail a propósito da reportagem. Até se ofereceu para me guiar para ver a capela!
Como compreendo o teu fascínio por estes espaços que são pedaços da história da Sociedade de outros tempos.
ResponderEliminarPor vezes são bem estimados e conservados pelos herdeiros. Outras nem tanto, por falta de sensibilidade ou de valores patrimoniais que alguém não curou de preservar. Seja como for conheci uma casa dessas aqui no Oeste (pertença ainda de familiares) que, de tantos herdeiros desinteressados, foi transformada em Aviário.
Arrepiei-me toda quando soube.
O que eu daria para ter dinheiro e poder adquirir e manter aquele velho casarão, lindo e cheio de "histórias" para eu contar aos meus netos.
Adorei esta tua reportagem por me ter reportado à minha infância.
Chuac!
A casa, um assombro (foi assim que eu imaginei a casa, quando li "Rebecca" pela primeira vez)!
ResponderEliminarE, para além de um pouco de sonho, deste a conhecer-me uma faceta da história da cidade de Leiria. Obrigada:))
adorei essas fotos, me pareceram de outra época, tipo filme nostálgico kkkk
ResponderEliminarpor favor leia meu post na sua publicação sobre as amoras. beijos
Bem! Pelos vistos acertei em cheio! Gostaram! Mas é lindo não é? Mas está desabitado há muitos anos e algo abandonado - falta de recursos talvez.
ResponderEliminarTite, que pena, um velho casarão cheio de história(s) transformado em aviário! Este país é um espanto! Não sabemos nem queremos preservar o nosso passado. Um país que não tem interesse pelo seu passado como pode preparar o futuro?
Bem pensado, Justine, associar este casarão ao estupendo romance "Rebecca" que adorei ler; aliás como adorei ver o filme. Excelentes actores.
Agora o Luís Coelho é que nos veio aqui assustar: será que o chalé tem mesmo os dias contados? Será uma grande perda.
Poderão ver mais fotos - até dos interiores - e saber mais sobre a Villa Portela em:
http://www.regiaodeleiria.pt/2010/10/os-segredos-da-villa-portela/
Ola Carol!!
ResponderEliminarA prima da minha mae foi caseira nessa casa!!!
Linda de morrer!!
Ela so tinha permição para entrar nas divisoes de baixo. Nas de cima precisava de autorizações especiais..
O seu nome é Mafalda. Isto á uns 20 anos. Antes da minha mãe se casar...
Pode tirar fotos á vontade.
Quando lá estão os jardineiros, eles deixam entrar e ver.. os jardins claro.
Estão autorizados a deixar entrar e a deixar que as pessoas se passeiem pelo exterior do chalet.. Eu tenho muitas fotos desse local... Viu o lado/piscina e a casa do chá?
a casa dos pombos... Os estabulos, a casa dos criados e a arrumação?
Tudo de morrer, Lindo!!
Uma vez perguntei a um senhor finório.. Que saiu de um Audi se podiamos ver.. Ele muito educadamente disse...
Claro que sim, mediante autorização do Sr. Ricardo Charters!
Nunca o contactamos mas a vontade de espreitar prevalece..
Um bjinho
Flávio Teixeira
O interior aqui:
ResponderEliminarhttp://www.regiaodeleiria.pt/blog/2010/10/15/os-segredos-da-villa-portela/