terça-feira, 3 de maio de 2011

Ninhos de cegonhas



Alentejo acima, lá encontrámos aquele restinho de árvore onde as cegonhas ainda continuam a utilizar os seus ninhos há muito contruídos. Pareceu-nos estar mais reduzida a árvore e registámo-la para a podermos comparar com outra fotografia antiga.



Abril/2011


Julho/2003

Mas afinal a diferença era apenas na cor da paisagem. Aqui tínhamos os amarelos alentejanos de pleno Verão, enquanto lá em cima, temos o campo verdejante da Primavera. E muitas nuvens no céu.







Não são lindas estas árvores na lonjura, na estiagem, carregadinhas de ninhos de cegonhas?


Árvores do Alentejo


Horas mortas... Curvada aos pés do Monte
A planície é um brasido... e, torturadas,
As árvores sangrentas, revoltadas,
Gritam a Deus a bênção duma fonte!


E quando, manhã alta, o sol posponte
A oiro a giesta, a arder, pelas estradas,
Esfíngicas, recortam desgrenhadas
Os trágicos perfis no horizonte!


Árvores! Corações, almas que choram,
Almas iguais à minha, almas que imploram
Em vão remédio para tanta mágoa!


Árvores! Não choreis! Olhai e vede:
- Também ando a gritar, morta de sede,
Pedindo a Deus a minha gota de água!



Florbela Espanca, in "Charneca em Flor"

5 comentários:

  1. Querida carol, gostei de ver o mesmo local, em duas épocas diferentes. Perto de Aveiro, também deparámos com inúmeros ninhos de cegonhas :)

    ResponderEliminar
  2. São autênticas sentinelas na planície alentejana!
    Tenho sempre a Florbela à mão...gosto muito dos seus sonetos cheios de melancolia!

    Estou de novo sem o meu computador.
    Ando aqui a martelar neste que já veio de Lisboa pouco famoso!

    Abraço

    ResponderEliminar
  3. Bela sequência fotográfica a ilustrar um tema digno de ser apreciado.
    A moldura poética nem precisa de mais apreciações, que não saborear a sua leitura!...

    ResponderEliminar
  4. Que saudades dos meus passeios Lisboa-Melides pela Comporta.

    Adorava ter a companhia das queridas cegonhas Alentejanas.

    Beijosssss

    ResponderEliminar
  5. Parece-me que todos temos um pouco de Alentejo no coração. Aquela melancolia, aquela planura, aquelas cores... Muito forte!

    ResponderEliminar