Ontem, ao princípio da noite, e depois de um dia de intenso calor, abateu-se sobre as nossas casas um imenso temporal. Ainda havia um clamor de luz no lado leste do céu, mas do mar cresciam nuvens cinzento-chumbo num redondo debruado por aquela luz branca crepuscular. Os relâmpagos iluminavam-se ao longe e ouvia-se cada vez mais próximo o ribombar dos trovões. Em círculos levantou-se um vento morno que fez rodopiar as folhas da oliveira e da nespereira no chão ao qual se começaram, aos poucos, a juntar grossos pingos de chuva que, calculei, em pouco tempo se transformariam em cordas de água.
Sozinha em casa e atormentados que andamos com as constantes notícias de inesperados e inusitados tornados, tempestades e tremores de terra, tratei de fechar janelas e estores e de chamar os meus gatos para casa.
- Bichinhos! Bichinhos! Bch! Bch! Bch! Bch!
O primeiro a correr para casa foi o Socas, grande e anafado, a abanar o traseiro para compensar a falta de cauda que lhe foi cortada depois de uma noite de farra. Machos! Delas, da Rita e da Branquinha, nem sombra de fuga da chuva que engrossava.
(Socas, sempre muito descansado)
Depois de muito chamar na porta de entrada e na porta de trás, lá apareceu a Ritinha, a mais velha e mais manhosa dos três, miando, exigindo o meu colo rapidamente. Mas da Branquinha, nem sinal!
Sei que ela gosta de passar muito do seu tempo de gata mimada no frondoso quintalão de uma vivenda em frente da minha casa, local onde foi abandonada ainda bebé. Por isso, (re)chamei-a pela porta da frente. Mas nada!
Aí, para meu grande espanto, o meu Soquinhas – que adora estar em casa deitadinho e bem confortável – saiu porta fora, tão lesto quanto tinha entrado, dirigindo-se determinado para a esquerda. Passados alguns minutos, regressava, encharcado com a Branquinha, não menos encharcada, atrás dele.
Os animais – neste caso os gatos – são assim uma coisa espantosa! E, a propósito, lembro a frase a Théophile Gautier sobre os gatos: «Quem não acredita que por detrás daqueles olhos cintilantes não há uma alma?»
(Branquinha, muito senhora da casa)
(A Rita, a mais velha e mais exigente)
Nem me fales de trovoadas e de gatas em pânico.
ResponderEliminarOntem como estava em casa quando desabou o temporal, abri a porta chamei-as e elas entraram as três numa correria desenfreada!
Hoje repetiu-se de novo o que contas de forma tão bonita, só que eu não estava em casa e quando cheguei o F. andava na rua à chuva, feito tolo, a chamar a Nocas, a mãe da Ritinha!
Que já tinham entrado duas e ela não aparecia...
Foi um desatino, para cá para lá, da porta da frente para a das traseiras, para a porta da garagem e nada!
Um desassossego!
Já jantávamos bastante inquietos quando ele diz:
-E se ela entrou e eu não dei por isso?
Foi à sala e lá estava ela toda repimpada debaixo de um sofá a ronronar muito descansada!
Então não deveria ser a primeira coisa a fazer, procurá-la dentro de casa em vez de se convencer que ela ainda estava na rua?!
Os gatos têm mais juízo do que os homens! :-))
Desculpa ter-me alongado...
Abraço
Tenho uma gatinha preta, muito meiga e obediente, que pretendo dar à troca por um dos seguintes objectos, em bom estado, i.e., sem unhadas ou arranhadelas: cortinados para sala, sofás em pele, carpetes, mesas, cadeiras...
ResponderEliminarQuem a levar fica muito bem servido e ainda dou garantia (de que a não trarei de volta).
:)
Curiosamente o texto que a "Chica" Luísa, caçulinha da família, trouxe hoje pro dever de casa era sobre gatos, que ela ama e eu prefiro observar a distancia, escreveu que ama os bichanos porque eles são fofos, queridos... infelizmente os pelos lhe fazem um mal danado, vive espirrando se aparece um desses por aqui (ou ali)... beijinhos.
ResponderEliminarPS: sim, o abraço que viu em meu post é de uma prima amada. como são todos os nossos primos, queridos! infelizmente todos a mais de 1000km de distancia, entao qdo se encontram é so festa!
Claro que têm alma. Até porque merecem:)
ResponderEliminarObrigada, M! pela tua certeza inabalável!
ResponderEliminarMenino Rui, as gatinhas educam-se. Como os homens, aliás! Mas não é fácil, devo admitir. Eu cá nunca consegui - educar o homem cá de casa...
Paty, uma Mamãe tão doce e não gosta de gatos?! Não posso crer! Ainda bem que há a caçulinha Luísa para equilibrar!
Pois é, Rosinha. Ainda bem que não sou só eu a "fazer figuras tristes" por causa dos gatos!Pelos vistos, o F. ainda é pior que eu! Mas gostei da tua história, como sempre quando entra essa personagem F... E, já agora, alonga-te à vontade que eu gosto.
Muitos miaus para todos.
Magníficos, os teus gatos! Magníficos, todos os gatos!Claro que têm alma! (E uma festinha especial para o solidário Socas:))
ResponderEliminar(O meu Mounty entrou-me em casa parecendo uma esfregona, e pedindo mimo,um pouco assustando com tantos quilolitros de água...
Olha os gatos e os seus mistérios! E as suas reacções de independência que só visto!
ResponderEliminarQuer dizer que aí por casa também houve reboliço por causa da influência do mau tempo sobre os gatos, os seus hábitos a serem postos em causa!
Vamos, aqui, nesta hora, fazer uns tratamentos aos três sobreviventes da ninhada que anda pelo "dispersamente". Afinal, mais tarde apareceu outro, que a "Riscas" foi também buscar. Não os consegui trazer todos no meio da borrasca.
Beijinho
António
Só uma correção, não é que eu não goste dos gatos, apenas prefiro mantê-los a distância, um pouco de medo, e um pouco de aflição, sei lá.
ResponderEliminarA caçula aqui equilibra-nos por um lado e destabiliza-se por outro, acredita que ela é "amazona", pois sim, vive a saltar nos seu cavalo nas aulas de equitação ( e me deixa louca de preocupação)veja: http://www.facebook.com/media/set/?set=a.138368736227176.29684.100001621524630#!/photo.php?fbid=153426578054725&set=a.138368736227176.29684.100001621524630&type=1&theater
beijos
Vês, amiga, desta história linda de gatos gostei e muito.
ResponderEliminarAquela, lá em cima... nem te digo nem te conto, não gostei mesmo nada.
Aquele Dias Loureiro é meu conhecido de outros tempos e dele não tenho saudades pelo comportamento altivo, arrogante e apenas virado para o seu umbigo. Nem quero pensar que está de volta sem julgamento justo. Aliás, ele o Costa seu compagnon de route no BPN e os outros do BPP.
Por essas e outras é que vou votar no dia 5 de Junho de forma que nunca imaginei nem vou contar pois o voto é secreto.
Jokas grandes
Tadinho do Mounty, todo molhadinho, o Rei da lá de casa! Quantas toalhas gastaste a limpá-lo, Justine? E quantos beijinhos lhe deste?! Imagino!
ResponderEliminarPois é, amigo António, tadinhos dos filhotes da Riscas! Será que todos nós "adoramos" gatos?! Ou juntamo-nos por cumplicidades? Como somos estranhos, nós, os humanos!
Ah, querida Tite! Tenho mesmo muito medo que esses "senhores" anti-povo voltem ao poder. Mal por mal, marquês de Pombal....
Beijinhos e... vota bem!