«Deixava a camisa numa
guarita abandonada, e atirava-se em cuecas para a água das docas.
Todos reparavam que
tinha estilo a nadar. Aprendera na Colónia Infantil d’O Século. Colónia Balnear.
Ia-se pôr e tirar o
adesivo da tuberculina. Cortava-se o cabelo rente e, à partida de
Alcântara-Mar, recebia-se um chapéu de palha. Aumentava-se de peso. Voltava-se
com a última areia nas bainhas dos calções.
Verão-a-Verão,
tinham-lhe cabido aquelas semanas. Repletas, desarticuladas dos acanhamentos do
resto do ano. Era a mãe quem o inscrevia.
(Filomena Marona Beja “A Sopa”, Âmbar, Porto, 2004, p. 48)
(Colónia Balnear O Século, no Estoril) |
(Crianças de Nisa e de Montalvão na Colónia Balnear O Século, 1959 - 1960) (daqui) |
Tanto espanto pelo facto de os
portugueses estarem posicionados no top 10
dos que mais cresceram nos últimos cem anos!
Diz a notícia que «entre
1914 e 2014, num século e quatro gerações, mulheres e homens portugueses
esticaram em altura Eles cresceram 13,9 centímetros: de 159 para 172,9 – é esta a altura
média dos portugueses com 30 anos em 2014.» E «elas chegaram aos 163
centímetros, mais 12,5 centímetros, quando, em 1914, a média rondava 1,50
metros.»
Tivéssemos nós cuidados básicos
de saúde e a possibilidade de nos alimentarmos minimamente bem e em quantidade;
tivéssemos nós condições de vida
paralelas às dos países europeus que conseguiram livrar-se da alçada das
amarras da Igreja Católica com o seu braço armado da Inquisição e do
clericalismo salazarista;
tivessem as crianças a
possibilidade de irem à escola em vez de, aos seis/sete anos irem trabalhar
para os campos ou servir – servir, de servidão – para as casas dos "senhores";
tivéssemos nós uma rede – mínima que
fosse – de hospitais e de escolas;
tivéssemos nós sido tratados como
cidadãos, pessoas, e não como animais de carga vergados sob o jugo do dinheiro e do poder
ditatorial;
e decerto não estaríamos agora
tão “orgulhosos” da nossa (pobre) posição no ranking
das alturas…
(Cá por mim, estou muito bem
posicionada: meço 1,64 desde os tempos do Liceu… )
Podemos não ser os maiores, em altura, mas somos os (quase)melhores em qualquer competição desportiva!:))
ResponderEliminarIsso da altura também tem muito a ver com a genética, e a má nutrição já vem de longe.
Acho que há miúdos a temer crescer demais, principalmente quando rondam os dezassete anos, já medem 1 metro e 75 cm e pretendem inscrever-se na aviação, onde não podem exceder 1,90 de altura.
Somos um mundo de contrastes, sem dúvida.
Também cresci até aos catorze , quinze anos e fiquei pela altura de então. Acho que sou da tua altura, Graça, embora no meu BI tenha menos 4 cm. eheheh
Já estive ao pé de ti e tu não me ultrapassavas em altura...lol
Beijinhos, sem ser em bicos de pés!
Com o meu 1,60m tinha uma altura mediana e agora... estou a ficar baixinha! :)
ResponderEliminarBeijocas
Essas estatísticas esquecem o mais importante - o porquê.
ResponderEliminarE é tão fácil de perceber neste caso.
Beijinhos, bfds
Como dizia o outro: Não é com palmos que se medem as mulheres e os homens...
ResponderEliminarGraça, não sei se tens conhecimento que a fundação "O Século" tem uma unidade de turismo social, cujas receitas servem para suportar as outras valências.
ResponderEliminarJá lá fiquei por dois períodos diferentes e gostei muito.
Beijo e bom fim-de-semana.
Afinal, parece que também somos medidos aos palmos...
ResponderEliminarUm beijo
Lídia
Assino o que aqui tão bem disseste, GRaça
ResponderEliminarBeijinhos
Estava a ler o texto e a pensar como era este país....hoje é tudo tão diferente e tão melhor apesar de todas as coisas horríveis que acabaste de enumerar.
ResponderEliminarBjs
O teu texto está impecável, Graça.
ResponderEliminarPara cúmulo, o anterior governo - para agradar à Merkel - retirou parte do apoio aos desempregados e há reformas tão miseráveis que obrigam os utentes a poupar em remédios...
A verdade é que há por ai muitas mentalidades mais baixas do que elevadas, tanto que acreditaram nas patranhas eleitorais do rei dos Pinóquios.
~~~Beijinhos ~~~
Grata pelos vossos comentários, amigos/as.
ResponderEliminarBeijinhos