Chove. Há silêncio, porque a mesma chuva
Não faz ruído senão com sossego.
Chove. O céu dorme. Quando a alma é viúva
Do que não sabe, o sentimento é cego.
Chove. Meu ser (quem sou) renego…
Tão calma é a chuva que se solta no ar
(Nem parece de nuvens) que parece
Que não é chuva, mas um sussurrar
Que de si mesmo, ao sussurrar, se esquece.
Chove. Nada apetece…
Não paira vento, não há céu que eu sinta.
Chove longínqua e indistintamente,
Como uma coisa certa que nos minta,
Como um grande desejo que nos mente.
Chove. Nada em mim sente…
Fernando Pessoa
Olá:- Leio em silêncio. Sorrio. Sinto a minha génese poética fascinada com tão maravilhosa leitura.
ResponderEliminar.
Saudações amigas
Um poema triste do nosso grande Pessoa, mas triste ou alegre é sempre um prazer ler.
ResponderEliminarBeijos Graça
É sempre um privilégio ler Fernando Pessoa.
ResponderEliminarAbraço e saúde
São dias melancólicos, estes. E a chuva acentua essa melancolia.
ResponderEliminarChuva
ResponderEliminaraqui Pessoa estava em baixo
é o que eu acho
mas, por sua sina
era raro estar em cima
E me dizia minha mãe
"Meu filho, chove sempre
nos olhos de alguém..."
E Pessoa sabia
o que minha mãe me dizia
Ter uma mãe poeta
Eliminarnão é para o comum dos mortais...
E claro que o Pessoa esteta
Sabia muito de mães...
Não conhecia.
ResponderEliminarGostei muito.
um beijinho e uma boa noite
Chuva, "capacete", humidade.
ResponderEliminarEstaria em Macau?
Beijinhos
Por acaso, não. É mesmo em Sintra, nos parques da Pena...
EliminarBela a sua escolha... Bj
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