quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Aquilino Ribeiro (1885-1963)

E porque passam hoje, 13 de setembro, 133 anos sobre o nascimento do grande autor de O Malhadinhas, deixo aqui o excerto de um texto de Baptista-Bastos sobre o grande Homem que foi Aquilino.



«Para Aquilino Ribeiro, a questão essencial do homem sempre foi a questão da liberdade. E a relação do grande escritor com Portugal teve em constante cuidado a ausência dessa dimensão e a exigência de um compromisso moral em combater essa ausência. E, também, na defesa da razão, na crença no progresso e no poder da palavra. A obra vasta, poderosa e singular do autor de A Casa grande de Romarigães constitui o mais fascinante quadro poliédrico da realidade portuguesa. Na História, nas fontes medievais, nas ficções, nos ensaios, nas polémicas ele procurou uma espécie de «modernidade» sem deslocação temporal que identificasse a passagem do catecismo religioso para as diversas outras formas de autoritarismo concebido como a mais atroz forma de atraso.

É um momento sem par na cultura portuguesa, em que a ética do empenhamento se associa à estética funcional do trabalho literário. A vastíssima galeria d personagens aquilinianas é uma avaliação do que somos e do que fomos. E o que impõe a distinção desta obra a todas as outras, suas contemporâneas ou precedentes, é a poderosa persuasão de cada um seguir a sua consciência e de não desistir de conquistar a sua própria liberdade. (…)

O grande autor desta biografia-crítica [O Galante Século XVIII – Textos do Cavaleiro de Oliveira] passou a vida a correr riscos, a afrontar os poderes, a denunciar a mentira, a fustigar a hipocrisia. Desprezava os escreventes de vários matizes que desonravam a Imprensa e a literatura. Quando foi imperioso, colocou de lado a pena e empunhou o trabuco. (…) As relações de domínio tão bem expressas por Aquilino, podem ajudar-nos a refletir acerca da natureza do poder e da tendência do poder (qualquer que ele seja) para o autoritarismo. É preciso, pois, não temer o tirano. É preciso protestar contra a servidão. É preciso resistir: resistir é uma forma superior de sobrevivência, e sobreviver é permanecer enfrentar as contínuas tentativas de degradação da condição humana.

Aquilino Ribeiro ensinou-nos a liberdade.»

Baptista-Bastos, Julho 2008

12 comentários:

  1. Não conhecia. Gostei :))

    Hoje » A vida é um trem.

    Bjos
    Votos de uma óptima Noite.

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  2. Fala-se tão pouco dos nossos escritores. Se querem dar novelas na televisão, aproveitem os nossos excelentes discípulos da Língua Portuguesa e adaptem os seus livros ao teatro e contem-nos para nós !!!
    Obrigado Graça

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  3. «A casa em que nasci, Marianinha,
    está voltada a Su-sueste
    e tem à frente um cipreste
    de atalaia à seara e vinha.

    Casa já antiga, descaiada,
    se o Sol lhe bate na fachada,
    inunda-se a varanda de alegria;
    tia Rita fia na roca
    e dos buraquinhos da alvenaria
    salta pardal com pardaloca.»

    Obrigada, Graça, por sempre nos trazeres os Grandes Mestres, da nossa bela Língua Lusa.

    Beijinhos

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    1. Do "Livro de Marianinha" - tão lindo!!!

      Obrigada, Janita, por apreciares.

      Beijinhos lusos...

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  4. Caros amigos leitores,

    convidamos-vos a ler o capítulo 10 da nossa história escrita a várias mãos "Janelas de Tempo"
    http://contospartilhados.blogspot.com/2018/09/janelas-de-tempo-capitulo-10.html

    Votos de excelente fim-de-semana.
    Saudações literárias!

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  5. Uma bonita homenagem.
    Abraço e bom fim-de-semana

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  6. Obrigada, amigos, por virem aqui e apreciarem os nossos excelentes escritores.

    Bom fim de semana.

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  7. Venho, aqui, tão só, para dizer: ler Aquilino é aprender a escrever.

    Beijo.

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