Nunca soube descrever a sensação de encantamento que tive, quando visitei o Louvre, ao subir aquela escadaria e dar com aquele espanto que é a estátua alada da Vitória de Samotrácia (à deusa grega Niké, - que, em grego, significa vitória)
Foi do melhor que vi naquele museu.
Encontrei hoje este extraordinário poema de Ana Luísa Amaral em louvor à minha diva - quase tão espantoso como a escultura - que passo a transcrever.
A VITÓRIA DE SAMOTRÁCIA
Se eu deixasse de escrever poemas em
tom condicional, e o tom de conclusão
passasse a solução mais que perfeita,
seria quase igual à Samotrácia.
Cabeça ausente, mas curva bem lançada
do corpo da prosódia em direção ao sul,
mediterrânica, jubilosa, ardente, leopardo
musical e geometria contaminada
por algum navio. A linha de horizonte:
qualquer linha, por onde os astros morressem
e nascessem, outra feita e fio de fino aço,
e outra ainda onde o teu rosto me contemplasse
ao longe, e me sorrisse sem condição que fosse.
Ter várias formas as linhas do amor: não viver
só de mar ou de planície, nem embalada
em fogo. Que diriam então ou que dirias?
O corpo da prosódia transformado em
corpo de verdade, as pregas do poema,
agora pregas de um vestido longo, tapando
levemente o joelho e tornozelo. E não de pedra,
nunca já de pedra. Mas de carne e com
asas —
(Ana Luísa Amaral;«
Vozes», Dom Quixote, 2011)
(fotografia de F. Mendes) |
(in wikipedia) |
Oh, Gracinha...agora andas a publicar coisas tão ricas e eruditas que nem sei o que dizer.
ResponderEliminarLá os ovos do Fabergé eu já tinha conhecimento, mas não tive oportunidade de cá vir. Aquando do assassinato do Czar e família, para onde teriam ido parar aquelas riquezas?
Agora, gostei muito, fiquei a saber da existência desta estátua alada, já que, infelizmente nunca conheci esse teu encantamento porque nunca fui ao Museu do Louvre.
O poema à vitória de Samotrácia está um must.
Aqui, no teu espaço, Graça, aprende-se!
Bem-hajas por isso.
Beijinhos e Feliz Domingo de Páscoa.
Obrigada, Janita! Este teu comentário vale por vinte! Muito obrigada.
EliminarBeijinhos pascoais...
Uma perfeição, ambos!
ResponderEliminarBom domingo
Também acho, Justine. Obrigada.
EliminarBoa semana!
Amiga querida.
ResponderEliminarFiquei super triste sem PC justo quando dava inicio
as visitas de Pascoa.
Obrigada pelo seu carinho e amizade..
Que a Pascoa esteja em nossos corações,
que o amor de Cristo nos abençoe todos
os dias das nossas vidas.
Te abraço com carinho.
Evanir.
Obrigada, Evanir. Tudo bom para você, também!
EliminarBeijinho.
Saído do silêncio, digo:
ResponderEliminar"Picos de Roseira Brava"
sem jeito por onde lhe pegar.
Tive sorte por calhar.
Por calhar num Se discorrido
em horizonte de desejo
(em geometria variável)
à medida dum sonho.
Quase em silêncio, sem prosódia, digo
o poema magnífico (de Ana Luísa Amaral).
Calhou bem, Graça.
Bj.