É daquelas amizades antigas que
não se desfazem. Infelizmente. Desde muito nova que vivo paredes meias com as
malditas e, por muito que faça, não me largam.
Eu nem digo nada, nem me mexo a
ver se elas não reparam em mim, deito-me devagarinho, nem televisão, nem nada;
um livro em silêncio, apago a luz e é um sossego. A certa altura, um
sobressalto, um pulo na cama, um acelerar do coração – ou não – e trás! aí estão
elas a cobrar de mim…
Ainda esta noite estiveram aí.
Acendo a luz, o quarto emerge do escuro e do silêncio. Duas da manhã. (Bem bom!! – diziam as outras… E pensar que
uma delas foi casada com este “primeiro”! Coitada! – Mas isso é de outra
história. Voltemos atrás!) Ainda tenho muitas horas para dormir – penso eu.
Apago a luz e viro-me sorrateiramente para que elas não dêem conta. Não se vão
embora. Quatro da manhã! Ainda?
Aí pela adolescência já me
visitavam com prenúncios de quem quer ficar. Ai os amores! Ai a idade! Ai
excesso de sensibilidade! Ai os exames! Ai os medos! – disseram os doutores. Químicos
– alguns, dispersos. Mas elas não desistiram e foram-me acompanhando serenamente
mais de longe, mais de perto.
Depois atacaram-me forte e feio
no alto da idade adulta. Meses a fio até a rirem-se na minha cara noite dentro
até ao quase colapso. Mais químicos, mais terapia, mais conversa fiada…
Foi aí por finais de oitenta. Havia
colegas que diziam: «levanto-me e ponho-me
a ler»; «levanto-me e vou arrumar
gavetas»: «levanto-me e vou passar a
ferro». Houve até uma que disse «Insónias?!
É coisa que não há lá em casa: dormimos todos com a consciência muito tranquila»
- aí eu afinei e nunca mais me esqueci…
Mas, para compensar – que o equilíbrio
cósmico acaba sempre por acontecer – houve um colega (homem, claro!) que disse:
«Tu gravas os programas do Luís Pereira
de Sousa e levas o vídeo para o quarto (nessa altura ainda não havia
televendas nem filmes pela noite dentro) e
quando não conseguires dormir, pões-te a vê-lo e vais ver que adormeces…»
Nunca experimentei e agora também
já não vou fazê-lo, mas aceito sugestões… viáveis, claro!!
 |
| Luís Pereira de Sousa (lembram-se dele?) |
Deixa-me bater aqui na madeira... É que eu não me posso queixar desse mal. Sucede-me uma ou outra vez, quando o rei faz anos. Remédios: não sei.
ResponderEliminarLembro-me do Luis.
ResponderEliminarCheguei a estar no mesmo estúdio (de rádio) que ele.
Há quem diga que um banho quente, um chá de tília ou cidreira podem ajudar. Eu cá nunca precisei.
ResponderEliminarQuando comecei a lei a crónica veio-me à cabeça melgas e mosquitos que também são inoportunos.
Graça, desejo-lhe uma serena e repousante noite.
~
ResponderEliminar~ ~ Querida Graça, como eu entendo-te tão bem!
~ ~ Não me lembro exatamente quando começaram, mas aconteceu
~ depois dos trinta e nunca mais me largaram.
~ ~ Emprego todos os truques que indicaste e outros, como tisanas
~ e música relaxante, automassagem, cremes hidratantes-- nada
~ tem efeito quando o tal estado de vigília se instala!
~ ~ Agora que não tenho de cumprir horários, não dramatizo,
~ procuro aceitar com naturalidade, afinal, são travessuras do
meu relógio biológico.
~ ~ Não me lembro do Luís que indicaste... Pessoas monocórdicas
e desiteressantes impacientam-me ao máximo.
~ ~ Nem o Astérix com seu amigo Obélix são capazes de me ajudar!
~ ~ ~ ~ Abraço muito amigo, ~ ~ ~ ~
Gracinha
ResponderEliminarSe eu tivesse uma solução ia usá-la em mim!
Têm sido noites e noites em claro...
Como eu te compreendo!
Abraço
Um livro interessante. Não vai dar para dormir mas também não se sentirá o peso da insónia...o problema será o sono no dia seguinte...
ResponderEliminarO que também costuma dar-me sono é luz fraca.
um beijinho
Eu bem sabia que viriam aqui as amigas dizer que sofrem do mesmo mal... Temos de viver com isso e cara alegre...
ResponderEliminarA parte boa é a soneira que me dá ao 2º dia de insónia, aí durmo que nem uma pedra!
ResponderEliminarBjs
Dormir é uma necessidade, se não a sente, melhor! Sobra-lhe tempo...
ResponderEliminareu? eu sou um pendulo
a bolinha vai, quando regressa
já tá
Ah! Graça... quando a danada me visita... eu a recebo de bom humor... saio da cama e lhe faço companhia noite adentro e ao raiar o novo dia comemoro com um bom café agradecendo-lhe a companhia!! Não adianta lutar contra!
ResponderEliminarAbraço.
Gracinhamiga
ResponderEliminarHá umas coisa que me tiram o sono, por isso tento não vê-las Discursos do Cavaco (mesmo com fanico); singularmente também me fazem dormir... Discursos do Coelho, mentiras, mentiras, mentiras! Discursos do Portas, ai, ai, ai, filho, malandreco. E finalmente discursos da Albuquerque: metem-me medo - e já chega.
Antídotos: o "Preço Certo", "Portugal no Coração" e outros (estes não me aquentam nem me arrefentam). Coleccionar elefantes azuis com bolinhas vermelhas e uma estrelinha amarela no centro as supracitadas bolinhas. :-) :-) :-)
Luís Pereira de Sousa - que desgraça!
Qjs
Insónias acontecem a todos.
ResponderEliminarEspecialmente quando se anda mais agitado.
Um chá de tília antes de dormir costuma ser um bom amigo nessas situações.
ResponderEliminarEu sei bem o que são insónias...e a mim não dá para ler nem para nada, só para me enervar.
Sabes o que resultou e que o objectivo não tinha nada a ver? Eu tenho o esqueleto todo torcido e fui durante quinze dias para as Termas de S. Vicente (Penafiel) numa das piores crises que tive de insónias ( segundo a tonta da tua colega deveria ter assassinado o país inteiro...).
Raramente tomo medicamentos para dormir ( só no divórcio é foi quase um ano diariamnete e assim que o excelentissimo saiu de casa, acabou), mas em crise ...pois que remédio.
O médico disse-me que , uma vez que eu esquecera , poderia passar, mas que com os tratamentos não deveria ser necessário...e não foi!
Pasma: cheguei a ir para a cama às 22H e dormir até de manhã!!!
Até agora , nunca mais tive in sónias...já lá vão dois anos.
Beijinhos
Eu sei o que isso é. Mesmo agora com uma coisa muito leve receitada pelo médico, ainda tenho noites de mal dormir .É horrível.
ResponderEliminarM.A.A.
Não adianta lutar com elas, Graça.
ResponderEliminarNão há livro, não há música, não há carneirinhos para contar que as assustem... Não as podes vencer, junta-te a elas... Um dia desaparecem.
Beijo.
ResponderEliminarPois! Não tenho recitas mágicas.
Talvez contar carneiro ou coelhos...
Um beijo
Coelhos, Lídia?!!! JAMÉ!!! Ainda me podia saltar de lá o de Massamá e então é que havia de ser bonito...
ResponderEliminarAi, São! É como eu: com insónias não consigo ler nem coisa nenhuma. Só me enervo e cada vez mais...
ResponderEliminarAgora ver o Preço Certo ou o Portugal no Coração deve ser como ver os programas do Luís Pereira de Sousa... um tédio!! E uma enervação ainda maior...
Insónias! Depois de ler o seu texto e os comentários... veio-me à memória uma canção do Carlos Mendes em que a certa altura da letra dizia: "... mas que ninguém me dê conselhos..."
ResponderEliminarMeus cumprimentos e bons sonos!
Insónias! Depois de ler o seu texto e os comentários... veio-me à memória uma canção do Carlos Mendes em que a certa altura da letra dizia: "... mas que ninguém me dê conselhos..."
ResponderEliminarMeus cumprimentos e bons sonos!
Caro anónimo, como eu gosto dessa canção!! Também detesto que me dêem conselhos. Não os dou nem os peço a ninguém! Aqui apenas pedi sugestões...
ResponderEliminarCheguei a ter o Código Civil na mesa de cabeceira, para o caso de ter insónia. Mas acho que qualquer outro código também deve dar o mesmo efeito...
ResponderEliminarBeijocas e bons sonhos!
Nunca leio policiais. Fico tão nervosa que não dormiria durante uma semana, mas tenho uma amiga que garante ser remédio santo para chamar o sono. Quem sabe?
ResponderEliminarBons sonhos e, sobretudo, bons sonos!