("O Fado" de José Malhoa)
Estou especialmente feliz pelo grande acontecimento que foi o Fado ter sido reconhecido pela UNESCO como Património Cultural Imaterial da Humanidade. Não é que seja grande amante ou sequer grande apreciadora do Fado. É como com o Jazz: gosto de algumas obras, de algumas canções, de alguns intérpretes, mas não gosto incondicionalmente.
Porém, fico particularmente feliz
pelos mentores e obreiros da candidatura que se excederam em qualidade,
pelos realizadores dos programas de promoção e divulgação do desejo de ganhar esta distinção,
pelos fadistas em geral,
pelo povo de Lisboa (que me desculpem todos, mas lisboeta que sou por nascimento e coração, sempre senti que o Fado é de Lisboa)
e por todos nós que precisávamos mesmo deste ânimo de alma (passe o quase pleonasmo) para esquecer as trevas plúmbeas que se têm adensado sobre as nossas cabeças.
E, já que não se trata da minha música de eleição, dedico este prémio à memória da minha mãe que realmente gostava de ouvir fados, evocando aqui o seu fado favorito: "Por morrer uma andorinha", interpretado em 1968 por Carlos do Carmo (com letra de Frederico de Brito e música de Alfredo Marceneiro) que, curiosamente, foi, juntamente com Raul Vieira Nery, um dos grandes promotores da Candidatura.
Deixo-o em duas versões algo diferentes, se bem que na mesma voz, que poderão apreciar escolhendo a que vos diz mais.
De acordo
ResponderEliminarmenos num ponto
O Fado não é de Lisboa
O Fado é de quem o entoa
É como uma bandeira
pertence a quem a ergue
Provo isso no meu post de hoje.
E outra coisa, o fado é, para quem reconhece nele, a alma de um povo...
Olá, Carol! A musicalidade romântica do fado é marca registrada de um povo que ama ardentemente as pessoas, o planeta e toda a sua natureza! Merecida premiação!
ResponderEliminarAbraço, Célia.
Também fiquei feliz, apesar de eu só gostar do fado na voz de alguns fadistas.
ResponderEliminarBjs
O fado – no seu “habitat”, como diz o Carlos Barbosa de Oliveira, é como se deve ouvir, é onde o sentimos verdadeiramente. Desde adolescente que gosto muito do fado em geral e dos fados de Coimbra em particular, ao contrário dos meus amigos e amigas da altura que apenas ouviam fados de Coimbra. Quem diria, que passado tantos anos em que o fado era considerado a canção do povo, talvez dos menos instruídos, chegaria a ser reconhecido desta forma tão honrosa?!
ResponderEliminarCarolamiga
ResponderEliminarDuzentos % de acordo contigo. Eu, quando tinha 16/17 aninhos, cantei o fado e até na «Toca» do Carlos Ramos. Porém, o Pai Ferreira calou-me o bico...
Modéstia à parte, perdeu-se uma grande carreira...
Entretanto, aviso-te que Hjtksdt ywsqjhr mjvnzxc (*)
(*) Na nossa Travessa há extraterrestres
Qjs
Não é pelo prémio...Preferiria que o fado fosse ouvido...
ResponderEliminarpatrimónio mundial até parece algo defunto:(
Gosto muito de fado...menos do fado da "desgraçadinha"!
ResponderEliminarOntem segui atentamente o programa "Câmara Clara" que foi excelente à volta deste tema!
Só tive pena que Carlos do Carmo não tivesse optado por um fado mais conhecido mas um poema de Maria do Rosário Pedreira também não é de desperdiçar!
Abraço
carol
ResponderEliminarOntem estive aqui mas não consegui que o meu comentário entrasse.
Gosto das duas versões. A primeira nunca tinha ouvido.
Apesar do que escrevi no meu blogue, estou orgulhosa.
Beijo
Não sei bem se isso de ser património da Unesco, neste caso em apreço tem algum interesse.
ResponderEliminarA frase da Ana Moura (que aprecio particularmente), quando diz que o fado já era património mundial, julgo acertada. Porque quem fez pela vida, e pela divulgação do fado, e da música portuguesa foram os fadistas, e os músicos, a Unesco vai dar-nos ráspas!
Se fosse algo de bom não vinha para cá, não façam os fadistas os cantores e músicos portugueses pela vida, e, ninguém os vai ouvir nunca.
Quanto ao fado ser logo ali reeinvindicado pelo António Costa como canção de Lisboa, achei uma grande injustiça, ele provou que sabe pouco da história, porque agora há muita gente a contar histórias, mas vão buscar fadistas antigos, e vão encontrar muitos guitaristas e fadistas do país todo, o Toni de Matos era do Porto, antes de cançonetista era um fadista, a Maria da Fé é do Porto, o Max cantava o fado como poucos. E então o Zeca Afonso, o Adriano, o Luís Góis, não eram fadistas? de Coimbra sim, mas cantavam o fado, embora os dois primeiros se virassem para a intervenção e para as baladas. E esse imenso músico Carlos Paredes, que levou aquela maneira de tocar com ele para a cova, nunca ensinou ninguém, ganhava a vida a arquivar radiografias no Hospital de São José. Desgraçado país que não dá valor aos seus talentos.
Querido Caínhas, não sejas assim! Eram do Porto e daqui e de acolá, mas o Fado que cantavam e cantam é de Lisboa... Quanto ao fado de Coimbra, é mais uma canção do que fado, fado. Digo eu (que sou uma sumidade nestas coisas...)
ResponderEliminarCaro Henrique, ainda gostava de o ouvir cantar...
Naturalmente que o Fado não se vai tornar mais Fado por causa do prémio, nem isso nos vai trazer proventos. Mas foi bom para o nosso ânimo e é uma consideração cá para os PIGS....Quer dizer que nem tudo é lixo...
Beijinhos
... mais um motivo, mais uma razão, para sentir-me orgulhoso de ser português.
ResponderEliminarBeijinhos