domingo, 11 de setembro de 2011

O 11 de Setembro



Tapeçaria Juan Miro que se encontrava numa das Torres Gémeas
(retirada da página do Facebook da Clotilde Fava)



Hoje não quero falar do 11 de Setembro! Estou farta de ouvir falar do 11 de Setembro! Parece-me que já tivemos mais do que suficiente sobre o 11 de Setembro! Chega de folclore à volta do 11 de Setembro! Há mais de uma semana que as televisões não se calam com o 11 de Setembro: são programas e programas, imagens e imagens do Ground Zero, entrevistas e entrevistas a pessoas que estiveram lá e a pessoas que não estiveram lá por um triz e a pessoas que não estiveram lá mas que gostavam de ter estado e aos bombeiros e aos mestres de obras e ao senhores que limpam as sarjetas! Parece que não há mais nada de que falar ou para mostrar. Por ridículo – e perverso – que isto possa parecer, tem-se feito a mesma cobertura que se fez e faz aos casamentos da realeza europeia e fiquei a saber que, de igual modo, vão vender-se, em Nova Iorque, souvenirs do 11 de Setembro – canequinhas e magnetes para o frigorífico e assim... E os nossos órgãos de comunicação são tão parolos (como todos os restantes do mundo ocidental, imagino) que, para além de nos terem moído o juízo com os ditos programas, devem estar a preparar-se para uma maratona em directo e em desdirecto, com mesas redondas, quadradas ou bicudas de comentadores e tudo como nos dias das eleições.

Não pretendo – muito longe de mim – deslembrar ou menorizar e muito menos ridicularizar o trágico acontecimento de há dez anos, mas estas “celebrações” à roda de um dia tão negro para tanta gente e, dizem, para o ocidente em geral, parecem-me, por de mais, folclóricas e desmedidas.

Será que em Agosto de 2015 estes mesmos americanos farão um memorial destes na Luisiana para lembrar os milhares de pessoas que morreram e sofreram a violência do furacão Katrina e a destruição que este causou? Duvido!

Será que em Março de 2021 o Japão fará um sururu destes para recordar os milhares de pessoas mortas e a dor de tantas outras que, dez anos antes, em Fukushima, viram os seus mais queridos bem como todos os seus haveres serem repentinamente engolidos pelos repetidos ataques naturais de um sismo violentíssimo seguido de um gigantesco tsunami? Tenho a certeza que não!


17 comentários:

  1. Carol
    Lógico que o furacão "Karina" tal como "sismo" não deverão ser esquecidos tal como o 11 de Setembro, são datas que nos ficam na memória e recordadas com muita tristeza, é o que sinto.
    Beijo bom Domingo

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  2. Desculpa Carol enganei-me a escrever Katrina.

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  3. E o 11 de Setembro de 1973 em consequência do qual morreram cerca de 30.000 chilenos e onde houve mãozinha dos States?
    Não quero ser insensível com o sofrimento do povo americano e com o qual sou solidária mas têm tido uns dirigentes que semeiam ventos...
    E a nossa comunicação social não fala de outra coisa desde o dia 1!...
    Coloquei no meu mural no FB o testemunho de um chileno!

    Abraço

    Abraço

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  4. E o outro 9/11? O do Chile...Os autores morais...são os mesmos...

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  5. Carol
    Um mundo mau, aquele em que vivemos. Um mundo cheio de perigos que não nos deixa viver com a tranquilidade de que tanto precisamos.
    No exacto momento em que se comemora um acto terrível que matou milhares de inocentes, algures na líbia aviões da Nato desferem um ataque que está a matar também muitos inocentes.
    Não haverá muita hipocrisia no meio disto tudo?
    Abraço

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  6. Hipocrisia, estar na "crista da onda", manter a popularidade, mostrar-se bonzinhos, humanos, acima de tudo... Você, Carol está certíssima em seu desabafo. A mídia em geral, os políticos eleitoreiros usufruem de "lavagem cerebral" para demonstrarem "humanidade" desrespeitando inclusive o sofrimento das famílias que ainda carregam pesado fardo dessa catástrofe! Será que não temos hoje, humanos que morrem de fome, de doenças, de falta de moradia, sem nenhum atendimento governamental? Sem nenhuma oportunidade de uma vida digna? Oras! Isso é autopromoção em cima de lágrimas de sangue!! Sensibilidade e bom senso aqui e agora! Já!
    Parabéns pelo seu texto! Abraço, Célia.

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  7. As catátrofes naturais passam ao lado do "factor Deus" que como é sabido, é o uso de seu nome para coisas medonhas. Mas é pior: É Deus na sua mais gratuíta maldade (no caso de ele existir, claro)...

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  8. ha que justificar certas accoes, reacendendo certos medos

    Bjinhos
    paula

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  9. Homenagem para que ninguém esqueça...

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  10. Concordo consigo, já não posso com o 11 de setembro, independentemente de continuar a sentir o mesmo que sentia pelas vítimas e seus familiares e amigos, ou seja, pena, dor, tristeza, impotência, revolta, etc. Mas as televisões não têm o direito de usar a dor dos outros a seu bel-prazer, só para conquistarem audiências.
    Bj

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  11. Julgava que era, ou estava a ser injusto, ao pensar que esta chatíce das televisões só falarem dos 10 anos do 11 de Setembro, e eu a sentir-me incomodado, e farto daquilo. Afinal não estou sózinho, não é maldade minha.
    Sinto-me um pouco melhor!

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  12. Concordo consigo.
    Estamos fartos deste badalar do 11 de Setembro.

    Recordar sem massificar o mundo com um acontecimento macabro, mas com iniciativas que ajudem os povos a serem mais cordatos e respeitadores de todos os povos, nações e culturas.

    As catástrofes naturais também serão recordadas sem tantos aproveitamentos políticos....

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  13. "Tudo o que é demais, é erro" - dizia a minha Mãe, e eu dou-lhe inteira razão.

    Muito obrigada pelas boas-vindas.

    Uma semana feliz. Beijinhos

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  14. Há coisas que se não entendem.

    Mas enquanto se fala no 11 de Setembro, uns quantos se vão aproveitando das distrações.

    Beijo

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  15. Obrigada, Amigos, pelas vossas palavras. Já estou como o meu querido amigo Caínhas: assim já me sinto mais acompanhada!

    Não falei da injustiça havida no Chile em 11 de Setembro de 73 porque já o fizera no ano passado. Só que esse não é para ser rememoriado...

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  16. Deixemos os mortos descansar em paz, a mídia está usando e abusando desse traumático acontecimento...tudo pelo Ibope.
    Beijos, minha amiga,obrigada pelo teu carinho.

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  17. Já se sabe que os americanos são peritos em mediatizar e rentabilizar este género de situações. O que deveria ser uma cerimónia sentida, foi transformada em circo. Beijoca!

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