sábado, 17 de setembro de 2011

O novo acordo ortográfico



Não acham lindo este puzzle?


No passado domingo, Sofia Barrocas, a editora executiva da revista Notícias Magazine, dizia, com toda a razão, que o novo acordo ortográfico “está aí em toda aí em toda a plenitude” (...) “desde que entrou em vigor nas escolas” porque é assim que as crianças vão passar a ler e a escrever e porque é assim que os pais e os avós vão ter de escrever quando tiverem de os acompanhar nos trabalhos de casa; porque é assim que vamos passar a ler nos dicionários, nos jornais, nos livros, nas legendas dos filmes. E que, adiarmos o momento em que vamos aderir à nova grafia “só nos fará «estar atrasados», só fará de nós uns «cotas» agarrados a um passado que já não volta”.

Por sua vez, no editorial do último Jornal de Letras (7 a 20 de Setembro), José Carlos de Vasconcelos saúda a oficialização do novo acordo ortográfico, que se afirma com a sua aplicação obrigatória nas escolas a partir do ano lectivo que agora se inicia, exatamente no ano do centenário da maior reforma ortográfica da nossa língua – a de 1 de setembro de 1911. Foi um desígnio da recém implantada República “como resultado da sua vontade de combater o analfabetismo, para isso simplificando a ortografia”. As propostas dessa reforma, chamada de Gonçalves Viana, vinham já dos últimos anos da Monarquia e valorizavam “o critério fonético face ao etimológico até aí dominante”. “Foi então que os dígrafos de origem grega foram substituídos por grafemas simples, como o ph por f, o th por t, o rh por r ou rr conforme os casos; que o y desapareceu substituído pelo i; com exceção dos rr e ss no meio de vogais, desapareceram também consoantes dobradas ou geminadas e algumas consoantes mudas (agora eliminadas). Assim, a nossa língua passou a ter sílabas e ditongos, não syllabas e diphtongos, e passámos a poder encarar todas as hipóteses com fleuma, e não as hypotheses com phleuma, a ir à farmácia e não à pharmacia, etc.”

“Não obstante, embora hoje isso nos pareça absurdo ou faça sorrir (como acontecerá daqui a uns anos com algumas críticas ao atual Acordo...), houve muitos protestos, sobretudo dos escriptores.”

Por mim digo, como aprendi nas aulas de linguística com um grande Senhor que se chamava Luís Lindley Cintra, que a língua é um sistema em constante movimento e evolução que se vai adaptando às mudanças que vão acontecendo mercê da sua utilização pelos falantes. Por isso, de tantos em tantos anos, precisa que se lhe clarifique a norma para que seja utilizada (mais ou menos) de igual forma por todos os seus falantes que, no caso da nossa língua, não são nada pouco e estão espalhados pelos vários continentes, tão indefesa e tão exposta a influências tão díspares. E recuso-me a aceitar aquela melopeia que corre por aí na Internet que diz que nós, portugueses, nos estamos a rebaixar ao português do Brasil, ao contrário dos ingleses que mantêm a sua ortografia contra a utilizada na América do Norte. Ora ainda bem para eles que são tão conceited...

Posso sentir, durante algum tempo, alguma dificuldade descodificar rapidamente algumas palavras na leitura; posso, durante algum tempo, dar alguns “erros” a escrever, mas logo me habituarei. Logo nos habituaremos todos! E se continuar a dar alguns “erros” porque levei a vida toda a escrever de determinada maneira, ninguém há de levar-me a mal. A minha mãe, às vezes, ainda escrevia “mãi” com i. Uma professora de Físico Química que tive no colégio pedia muita desculpa porque escrevia “assúcar” com dois ss porque aprendera assim. E ninguém lhes levava a mal.

11 comentários:

  1. Carol, minha amiga blogosférica, estou plenamente de acordo. Como já tenho dito/escrito muitas vezes: o acordo veio para ficar; não vale a pena remar contra a maré. Há quase um ano que o adotei e, hoje, quando vejo o português escrito “the old fashion way” : ) já acho estranho.
    Abraço.

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  2. Olá, Carol! Mudanças... sempre causam transtornos... até que nos adaptemos à elas! Mas, necessárias. Se, evoluímos enquanto seres humanos, racionais é mister seguirmos o caminho da história evolutiva: da moda, da escrita, da culinária, da tecnologia que chega para ficar com seus potentes computadores e outras máquinas similares - facilitadoras em nosso dia a dia. O grande mérito já conseguimos: temos a consciência da necessidade de mudar. É só executarmos e na ajuda mútua do aprendizado, tornar-se-á mais fácil!
    [ ] Célia

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  3. Querida Carol
    Não é que me apeteça muito entrar no Acordo porque me vai dar trabalho...mas as palavras cruzadas já me "obrigam" a isso, às vezes! :-))
    O meu pai também escrevia mãi...
    Acontece que os computadores também têm que "aderir" à nova ortografia para não estarem a assinalar como erro o que afinal está certo!
    E é óbvio que a língua é um organismo vivo e como tal vai evoluindo...e nós também!
    E viva o Português porque é esse o nome da nossa língua!
    Não se chama Brasileiro, Angolano, Moçambicano, etc...:-))

    Abraço

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  4. Ora para mim, está a ser um trabalho de casa constante.A mão foge-me , mecânica e involuntária, para o que durante anos escrevi.

    A minha Mãe também escreveu sempre 'Mãi'( mesmo depois da mudança ortográfica) e justificava-o dizendo que qualquer Mãe tem pinta.

    Vamo-nos habituando e eu...lá chegarei.

    Bom domingo!

    Beijo

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  5. concrodo plenamente contigo, a lingua nao deve ser uma coia imutavel, como tudo tem de evoluir e de se adaptar

    Bjinhos
    paula

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  6. Querida Carol, eu estou a ter alguma dificuldade em adaptar-me às novas regras. Ao princípio fui mesmo muito renitente!
    Agora que li esta tua reflexão, e me deixou aqui a meditar alguns minutos, tenho de te dizer que tens razão: não temos que ter receio de dar alguns erros inicialmente, pois a pouco e pouco, a norma instalar-se-á e eu deixarei de ser mais "uma velha do Restelo"... ;)
    Beijinhos e bom domingo.

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  7. «Com 5 letrinhas apenas se escreve a palavra "mãinh" que é de todas a mais linda» SG :-)

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  8. A língua e viva e como tal evolui, mas desta aventura o que nao me agradou foi o modo. A imposição. Se sou grande imponho e senão... isso e que nao. Ante tudo a dignidade daquele que a criou.
    Terei que acatar, certo, mas em relativo desacordo.
    Muito poderia contar-te...
    Um grande abraço

    P.S. desculpa mas nao entram alguns acentos

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  9. Carol
    Não é fácil para mim. Ontem li uma fase que dizia: "aquele rapaz de fato é muito bonito", eu fiquei a pensar era o rapaz que de facto era bonito ou o fato que tinha vestido. fiquei à toa.
    Beijinho bom Domingo

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  10. Querida "carol" quem fala como tu não é gago. Isso já todos sabemos. Quanto ao acordo seria interessante se funcionasse como dizes (que tivesse só a ver com a evolução da linguagem), só que cria dupla grafia e por isso mesmo é aberrante. Serve já como exemplo o comentário anterior. Em português de Portugal, e vamos ter de continuar a estabelecer esta diferença) dir-se-á, se a referência não for à vestimenta: "Aquele rapaz, de facto, é bonito." Em português do Brasil será: "Aquele rapaz, de fato, é bonito.

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  11. E isso que tem?! É uma regra: escrevem-se as letras correspondentes aos sons que articulamos. Nós dizemos [f´aktu], os brasileiros dizem [f´atu] portanto, nós escrevemos [facto] e eles escrevem [fato] e pronto(s)!....

    Modernizem-se!!! E usem os fatos que muito bem entenderem...

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