sábado, 10 de novembro de 2018

Mais um lugar comum...


A internet está cheia de lugares comuns. Não desses em que estais pensando “viver um dia de cada vez”, “dar a volta por cima”, “é complicado”, “basicamente”, “então é assim” – e tantos, tantos outros.

O lugar comum a que hoje me refiro é de outro teor. Nos blogs e no facebook, pululam mensagens de real e profunda tristeza que dizem: «Pai, partiste há [tantos] anos…» ou «Faria hoje [tantos] a minha querida mãe/o meu querido pai partiu…»   

Temos, de facto, uma enorme necessidade de expurgar a saudade, o vazio que nos ficou na alma (e no espaço físico que é bem mais visível) e por isso expomo-los aos olhos de todos, talvez com a esperança de que as palavras carinhosas de retorno nos aliviem o coração (ou nos envaideçam o ego, sei lá!)

Pois hoje é dia de ser eu a vir aqui plantar mais um desses lugares comuns: a minha mãe foi, de certo, a pessoa que mais marcou a minha vida e, se bem que tenha partido inesperadamente há trinta anos, nem por um só dia deixo de me lembrar dela. E tantas vezes, ao fim da tarde, sinto aquela vontade de lhe telefonar como fazia todos os dias quando a deixei sozinha em Sintra para finalmente vir viver a minha vida de mulher casada.

Pois é: faria hoje anos – muitos, mas não posso esquecer que tão cedo partiu…

Parabéns, mamã. Tenho muitas saudades tuas.




18 comentários:

  1. Outro lugar comum: penso eu de que

    Talvez por falta de hábito considero uma expressão arcaica.
    A diferença – uma das muitas que descobri entre a cultura canadiana e a portuguesa – é que os canadianos celebram a vida e não propriamente a morte. Nos poucos funerais a que foi enquanto vivia em Portugal o ambiente era silencioso, triste, de muitas lágrimas. O primeiro funeral a que assisti aqui os familiares e os amigos falavam, riam, pareciam descontraídos, um ambiente “leve” que, de início, me chocou, confesso. Até “passagens” engraçadas da vida do/a falecido/a faziam parte da “eulogy” (encómio?). Isto de uma maneira geral. Há tragédias onde o “ambiente leve” não tem lugar.

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    1. Compreendo as saudades que sentes da tua mãe. Eu sinto saudades do meu pai.

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    2. Catarina, essa expressão "penso eu de que", que julgas arcaica, veio do Nuno Pinto da Costa. Expressão essa que o dito senhor usa frequentemente, daí ter ficado popular, mas dita sempre com ironia por parte de quem o quer imitar.

      Desculpa meter-me Graça. Sobretudo por trazer à colação um assunto completamente a despropósito do teu sentido desabafo.

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    3. Obrigada, Janita. Não fazia a mínima ideia. Fora de contexto, realmente, parecia-me arcaica. Aliás, mesmo proferida por esse senhor continua a parecer-me do “antigo português” se é que alguma vez existiu...
      Tive que confirmar quem era o senhor. Tenho andado muito arredada dos futebóis! Ora aqui está um verbo – arredar – que também já deveria ter passado de moda! : )

      A Graça não se vai incomodar com este esclarecimento, que eu, honestamente, agradeço. Fico elucidade e atualizada, o que não é tão fácil como pode parecer à primeira mesmo com todos estes meios aos nosso dispôr.

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  2. Que dizer Graça, que não vá cair em mais um lugar-comum?
    Como entendo bem essa saudade, deixo-te simplesmente:
    Um forte abraço.

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  3. Boa noite:- Quem de nós não tem saudade de alguém que nos foi, e é, querido?
    .
    * Solidão poética na noite escura ( Poetizando e Encantando ) *
    .
    Abraço de amizade

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  4. Sem palavras, Que mitiguem a sua saudade, deixo um forte abraço.
    Abraço e bom domingo

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  5. Abracinho e beijinho carinhosos, querida Amiga.
    ~~~~

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  6. Conheço essa saudade, Graça. Talvez seja isso o "lugar comum", o podermos sentir em comunhão.
    Um beijinho.

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  7. Que emocionante ode .
    Um dia ficamos todos órfões
    bjos

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  8. Também sinto muita saudade da minha!
    É bom conseguirmos lidar com essa saudade!!!
    Bom domingo!!!

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  9. Do seu texto destaco: "sinto aquela vontade de lhe telefonar como fazia todos os dias quando a deixei sozinha em Sintra para finalmente vir viver a minha vida de mulher casada. Isto trouxe-me à memória una daquelas coisas que circulam nas redes sociais: "O homem levou o seu TM para reparar, dizendo que há muito tempo não recebia chamadas dos filhos".

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  10. Sempre que assinalo uma morte ou um nascimento de alguém muito querido tenho um certo pudor mas penso que também é uma homenagem, não há palavras que me confortem por muito sinceras que sejam.
    Parabéns pela mãe que tiveste e que nunca esquecerás!
    Os meus pais fariam hoje anos de casados...

    Abraço solidário

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  11. São momentos que se eternizam...
    Abraço.

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  12. Obrigada, queridos amigos, por (infelizmente) entenderem tão bem este meu sentir.

    Beijos.

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  13. Não gosto dessas publicações no facebook.
    Há algo de mendigagem por piedade e exibicionismo com as quais não concordo.

    Mas num blogue é diferente. É um local mais apropriado, mais solene. O facebook não e para isso. Acho que não é. Há velocidade com que se consome informação ali - verdadeira e falsa - não é decerto o lugar ideal para abrir o coração, para mostrar a alma, para partilhar intimidades muito sentidas. Ali é só para um "flash" de pouco conteúdo.

    Acho eu.
    Parabéns à sua mãe, que é lembrada com tanto carinho por si.
    Isso a torna imortal.

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