A internet está cheia de lugares comuns. Não desses em que estais
pensando “viver um dia de cada vez”, “dar
a volta por cima”, “é complicado”, “basicamente”, “então é assim” – e tantos,
tantos outros.
O lugar comum a que hoje me
refiro é de outro teor. Nos blogs e
no facebook, pululam mensagens de
real e profunda tristeza que dizem: «Pai,
partiste há [tantos] anos…» ou «Faria hoje [tantos] a minha querida mãe/o meu
querido pai partiu…»
Temos, de facto, uma enorme
necessidade de expurgar a saudade, o vazio que nos ficou na alma (e no espaço
físico que é bem mais visível) e por isso expomo-los aos olhos de todos, talvez
com a esperança de que as palavras carinhosas de retorno nos aliviem o coração
(ou nos envaideçam o ego, sei lá!)
Pois hoje é dia de ser eu a vir
aqui plantar mais um desses lugares comuns: a minha mãe foi, de certo, a pessoa
que mais marcou a minha vida e, se bem que tenha partido inesperadamente há
trinta anos, nem por um só dia deixo de me lembrar dela. E tantas vezes, ao fim
da tarde, sinto aquela vontade de lhe telefonar como fazia todos os dias quando
a deixei sozinha em Sintra para finalmente vir viver a minha vida de mulher
casada.
Pois é: faria hoje anos – muitos,
mas não posso esquecer que tão cedo partiu…
Parabéns, mamã. Tenho muitas
saudades tuas.
Outro lugar comum: penso eu de que
ResponderEliminarTalvez por falta de hábito considero uma expressão arcaica.
A diferença – uma das muitas que descobri entre a cultura canadiana e a portuguesa – é que os canadianos celebram a vida e não propriamente a morte. Nos poucos funerais a que foi enquanto vivia em Portugal o ambiente era silencioso, triste, de muitas lágrimas. O primeiro funeral a que assisti aqui os familiares e os amigos falavam, riam, pareciam descontraídos, um ambiente “leve” que, de início, me chocou, confesso. Até “passagens” engraçadas da vida do/a falecido/a faziam parte da “eulogy” (encómio?). Isto de uma maneira geral. Há tragédias onde o “ambiente leve” não tem lugar.
Compreendo as saudades que sentes da tua mãe. Eu sinto saudades do meu pai.
EliminarCatarina, essa expressão "penso eu de que", que julgas arcaica, veio do Nuno Pinto da Costa. Expressão essa que o dito senhor usa frequentemente, daí ter ficado popular, mas dita sempre com ironia por parte de quem o quer imitar.
EliminarDesculpa meter-me Graça. Sobretudo por trazer à colação um assunto completamente a despropósito do teu sentido desabafo.
Obrigada, Janita. Não fazia a mínima ideia. Fora de contexto, realmente, parecia-me arcaica. Aliás, mesmo proferida por esse senhor continua a parecer-me do “antigo português” se é que alguma vez existiu...
EliminarTive que confirmar quem era o senhor. Tenho andado muito arredada dos futebóis! Ora aqui está um verbo – arredar – que também já deveria ter passado de moda! : )
A Graça não se vai incomodar com este esclarecimento, que eu, honestamente, agradeço. Fico elucidade e atualizada, o que não é tão fácil como pode parecer à primeira mesmo com todos estes meios aos nosso dispôr.
A complexidade do simples
ResponderEliminarQue dizer Graça, que não vá cair em mais um lugar-comum?
ResponderEliminarComo entendo bem essa saudade, deixo-te simplesmente:
Um forte abraço.
Boa noite:- Quem de nós não tem saudade de alguém que nos foi, e é, querido?
ResponderEliminar.
* Solidão poética na noite escura ( Poetizando e Encantando ) *
.
Abraço de amizade
Sem palavras, Que mitiguem a sua saudade, deixo um forte abraço.
ResponderEliminarAbraço e bom domingo
Abracinho e beijinho carinhosos, querida Amiga.
ResponderEliminar~~~~
Conheço essa saudade, Graça. Talvez seja isso o "lugar comum", o podermos sentir em comunhão.
ResponderEliminarUm beijinho.
Que emocionante ode .
ResponderEliminarUm dia ficamos todos órfões
bjos
Também sinto muita saudade da minha!
ResponderEliminarÉ bom conseguirmos lidar com essa saudade!!!
Bom domingo!!!
Do seu texto destaco: "sinto aquela vontade de lhe telefonar como fazia todos os dias quando a deixei sozinha em Sintra para finalmente vir viver a minha vida de mulher casada. Isto trouxe-me à memória una daquelas coisas que circulam nas redes sociais: "O homem levou o seu TM para reparar, dizendo que há muito tempo não recebia chamadas dos filhos".
ResponderEliminarSempre que assinalo uma morte ou um nascimento de alguém muito querido tenho um certo pudor mas penso que também é uma homenagem, não há palavras que me confortem por muito sinceras que sejam.
ResponderEliminarParabéns pela mãe que tiveste e que nunca esquecerás!
Os meus pais fariam hoje anos de casados...
Abraço solidário
Devemos de lembrar sempre daqueles que amámos.
ResponderEliminarUm abraço e bom Domingo.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados
São momentos que se eternizam...
ResponderEliminarAbraço.
Obrigada, queridos amigos, por (infelizmente) entenderem tão bem este meu sentir.
ResponderEliminarBeijos.
Não gosto dessas publicações no facebook.
ResponderEliminarHá algo de mendigagem por piedade e exibicionismo com as quais não concordo.
Mas num blogue é diferente. É um local mais apropriado, mais solene. O facebook não e para isso. Acho que não é. Há velocidade com que se consome informação ali - verdadeira e falsa - não é decerto o lugar ideal para abrir o coração, para mostrar a alma, para partilhar intimidades muito sentidas. Ali é só para um "flash" de pouco conteúdo.
Acho eu.
Parabéns à sua mãe, que é lembrada com tanto carinho por si.
Isso a torna imortal.