De vez em quando, especialmente em tempo de pré-férias, quando os reatores
das notícias começam e entrar em ritmo lento, os nossos “jornaleiros” lá puxam
de novo pelo demagógico e enganoso título “as escolas estão a passar alunos com quatro
e cinco negativas”.
Aconteceu esta semana outra vez. Não venho aqui defender nenhuma teoria da
conspiração, mas parece que, de há uns tempos para cá, os nossos serviços de
notícias e de comentários têm funcionado como uma verdadeira oposição às forças
governamentais. Veja-se o triste aproveitamento que foi e continua a ser feito
acerca dos trágicos acontecimentos de há duas semanas no pinhal interior aqui
do distrito e com o inexplicável assalto ao paiol de Tancos com os respetivos ataques
aos elementos do governo, bem como as notícias inventadas de suicídios, aviões
despenhados e desaparecidos, manifestações fantasma e assim.
Ora para continuar a desacreditar o governo e a pedir a demissão rápida e pura
e dura de ministros, nada melhor do que incendiar a opinião pública sobre um
tema por de mais sensível a toda a população e que é a escola. Ou melhor, a “bandalheira”
que vai nas escolas!
Desacreditar a escola (pública) é o melhor que podem dar a estes “noticiadores”
incendiários. Por isso, vai de desenterrar a velha, velhíssima questão das
escolas que “passam alunos com quatro e cinco negativas” para deixar no ar a
ideia que isso foi mais uma “orientação” que as escolas receberam do ministério
da Educação.
Desculpem-me, mas “vou aos arames” com estas patranhas. Mais ainda se se
trata da escola.
Esta questão é tão antiga quanto a publicação do modelo de avaliação dos
alunos do ensino básico prescrito pelo ministério do ilustradíssimo Ministro da
Educação Roberto Carneiro em 1992. Essa legislação inovadora à época remetia
para um profundo conhecimento da realidade de cada aluno por parte dos seus
professores e dizia claramente: «A
decisão da retenção tem sempre carácter excepcional, depois de se ter esgotado
o recurso a apoios e complementos educativos, devendo, portanto, revestir-se de especial cuidado para
garantir a sua necessidade, utilidade e justiça.»
Repare-se nos conceitos que norteavam a retenção de um aluno: o seu caráter excecional e apenas
quando se registasse a sua necessidade,
utilidade e justiça.
Por essa época, numa das diversas vezes em que fui presidente dos conselhos
diretivo e pedagógico, dei passagem a alunos (poucos, diga-se) de 6º e 9º anos que
tinham já um grande número de retenções e idade de entrada no mercado de
trabalho, garantindo-lhes assim o diploma que lhes permitia irem trabalhar e
até tirarem a carta de condução. É que, de facto, não havia necessidade de os reter, nem era útil nem justo para eles nem para a escola retê-los.
Qual não foi o meu espanto, quando recebi um telefonema da minha colega (e
amiga) presidente da escola secundária nossa vizinha, a perguntar-me, muito
escandalizada, se eu tinha autorizado a passagem desses alunos para o 10º ano.
«Não – disse-lhe eu – Apenas lhes dei o diploma da escolaridade
básica.» E ela: «Ah, mas eles estão a
matricular-se aqui na secundária!» - esperneava ela. «Vocês têm de aplicar o vosso modelo, nós aplicámos o nosso.» -
disse-lhe eu. Duvido que ela tenha entendido.
Só que os objetivos do ensino secundário – nesse tempo – eram muito
diferentes dos objetivos do ensino básico. Atualmente, com o alargamento da
escolaridade obrigatória para o 12º ano (quer se concorde ou não com esse
alargamento – e eu não concordo) os objetivos do secundário já não são assim
tão diferentes dos do ensino básico como eram nos idos de 90…
Beijinhos, bfds.
ResponderEliminarVou de férias.
Até finais de Julho!
Boas férias, Pedro!!
ResponderEliminarTambém vou na próxima semana e volto no fim do mês.
Beijinho.
Ao que parece alguns dos peões da comunicação social receberam recentemente instruções para desancarem membros do Governo, a torto e a direito. Tenho visto entrevistas na televisão que são uma vergonha.
ResponderEliminarEsta quarta-feira apanhei um pouco do programa do José Gomes Ferreira da SIC, a partir do Teatro José Lúcio da Silva. O dito senhor, como se sabe, é pródigo nas tiradas que lança para a bancada. Ele entrevista, porém, não se coíbe de responder às suas próprias perguntas, para consumo e gáudio do povo. Não me passou despercebida, pelas imagens transmitidas pelas câmaras, o modo como certas pessoas se compraziam na plateia com as "verdades" propaladas pelo jornalista/comentador/economista.
Quanto às Educação estará preste a entrar na calha.
BFS.
Amigo Agostinho, não tenho saúde para ver esses energúmenos, sob pena de escaqueirar o aparelho de televisão!
ResponderEliminarQuanto à Educação, é tema que eles têm sempre à mão... :(
Separando as águas...
ResponderEliminarDizer a um aluno com sete negativas: "tu passas de ano como aquele que tem 5 a tudo..." é exactamente a mesma coisa que dizer àquele que tem 5 a todas as disciplinas: "estás a esforçar-te e a estudar para quê? Diverte-te, joga, brinca... estudar é uma inutilidade, tu passas de igual forma!"