quarta-feira, 28 de maio de 2014

O Golpe de 28 de Maio de 1926


«Sob o comando do general Gomes da Costa, iniciou-se, na madrugada de 28 de Maio de 1926, a sublevação militar do Regimento de Infantaria 8, de Braga.- Ex-comandante da II divisão do Corpo Expedicionário Português na Flandres, este foi convidado para chefiar o golpe, devido a doença do general Alves Roçadas, indigitado comandante da programada operação militar com «uma finalidade elevada, visando uma reforma da política nacional».

Outro mentor do golpe, almirante José Mendes Cabeçadas, que, juntamente com Armando Ochôa, deveria chefiar a guarnição de Lisboa, acabou por ser preso às ordens do governo, em Santarém. Isso não impediu porém que o movimento militar se estendesse a todo o país, com a adesão das guarnições militares de Braga, Vila Real, Coimbra, Viseu, Tomar e Évora. Nesta cidade, vindo de Elvas, o general Óscar Fragoso Carmona (1869-1951), assumiu, no dia 30 de Maio, o comando da respectiva 4.ª Divisão do Exército.

Entre os militares que apoiaram inicialmente o golpe de Estado, contaram-se os do «tenentismo» fascizante, que incluía os oficiais Assis Gonçalves, futuro secretário de Salazar, Humberto Delgado, Henrique Galvão, David Neto e Pereira de Carvalho.» (Irene Pimentel)

Como se sabe, este golpe deu origem ao período da Ditadura Militar que, passados dois anos, deu entrada a Salazar no governo. Desde então até 1974 foi aquilo que todos sabemos e alguns vivemos.

A propósito, transcrevo um texto que o meu facefriend Carlos Esperança escreveu hoje no facebook e que aqui deixo para possível reflexão.

«Há quem esqueça o período negro do salazarismo que oprimiu Portugal, quem denigra a primeira República para justificar a ditadura e deprecie a democracia para reabilitar o regime fascista que a precedeu.
São reacionários, oportunistas e trânsfugas para quem a história é um conjunto de factos que se deturpam ao sabor dos interesses e da sua ideologia.

Faz hoje 88 anos que um golpe militar, igual a outros que os militares tinham por hábito levar a cabo, sempre em defesa da ordem, do saneamento financeiro e da restauração da autoridade do Estado, deu origem a uma longa e sinistra ditadura.

Deixar que o tempo apague a memória e a amnésia absolva os crimes, é serviço que se presta às forças totalitárias que estão adormecidas e não foram erradicadas.

É preciso recordar o tempo em que o país, com 40% de analfabetismo, uma mortalidade infantil que envergonhava qualquer país europeu e uma esperança de vida diminuta, era apresentado como tendo a governá-lo um homem providencial.

O ensino primário que na primeira República se tornou obrigatório e tinha cinco anos de escolaridade foi reduzido a 4, para rapazes, e a 3, para meninas. [mas não obrigatório]

Mas foi a repressão e a miséria que fizeram do Estado Novo, o pseudónimo da ditadura, uma mancha indelével na história do séc. XX, em Portugal.

Prisões sem culpa formada, degredo, exílio, espancamentos, assassinatos e perseguições foram a chave do triunfo de uma obscura ditadura que excluiu Portugal do convívio das nações livres e prolongou o atraso que a monarquia legou.

O 28 de maio foi um acidente de percurso na história, a nódoa que manchou a honra do País e comprometeu o progresso de Portugal. Triste sina a nossa. Maldito esquecimento.»


10 comentários:

  1. Quando não se fala
    é mais fácil fazer esquecer

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  2. É sempre bom recordar.

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  3. Os meios e métodos hoje são diferentes. Até o Salazar já não usa botas.

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  4. ~
    ~ Nós temos um canal televisivo que é de serviço público, pago
    pelos contribuintes, que apenas fomenta e incentiva politiquices
    de baixo nível, tendo feito uma péssima cobertura à campanha
    eleitoral e nenhuma in/formação condigna.
    ~ Como teria sido bom, se os noticiários tivessem sido reduzidos
    e que temas como este tivessem sido debatidos, após as notícias,
    em horário nobre.

    ~ ~ ~ Abraço. ~ ~ ~

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  5. Mas a data não foi esquecida, Graça.
    Quem conhece a História, tem memória.
    E não é selectiva.
    Beijinhos

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  6. Subscrevo o comentário da Majo!
    Nem uma palavra oficial sobre esta data fatídica!
    Ainda bem que a trouxeste até aqui!

    Abraço

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  7. Majo e Leo, estais cheias de razão!!! A RTP 1 está ao serviço desta espécie de governo e mais nada!!

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  8. Ora aqui está uma sinopse do que foi o 28 de Maio que acabou por levar Salazar ao poder e que a maior parte do povo português não conhece minimamente.
    E não é que estamos numa fase da nossa História com contornos muito parecidos? E que já temos um candidato concreto a "Salazar" do pós-25 de Abril? E que até já se murmura por aí que o atual PR se estará a perfilar para orientar o seu partido para as próximas Legislativas?

    Que Povo este, tão ignorante e pacóvio!...

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  9. Que povo tão pacóvio e ignorante mesmo, António!!

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