Da Música

Arco da Quinta do Ramalhão

Em 70/71, dei aulas de Português no Colégio do Ramalhão em Sintra. Muitas histórias me vêm à memória desse ano em que ensinei no Ramalhão. Gostei muito da experiência que não se repetiu porque, apesar das miúdas terem gostado bastante de mim – uma jovem professorinha alegre, moderna para a época, determinada e de mente aberta – as freiras e a velha professora de Português, a Srª D. Bela,  que já não conseguia abarcar todas as turmas do Colégio, não viram em mim (nem podiam…) o perfil de professora definido para a vaga…

O Colégio

Mas, não obstante não concordar com muitas atitudes e comportamentos por parte das freiras para com as meninas, especialmente as internas, houve muitas coisas que por lá me encantaram. Lembro-me com muita veemência e muito prazer dos ensaios do coro para apresentação no dia de Santa Cecília, padroeira dos músicos, em 22 de Novembro.

Era às sextas-feiras de manhã que as meninas dos anos mais avançados se juntavam no salão que hoje se chamaria polivalente, recebendo a visita dos rapazes do Colégio dos Salesianos do Estoril e, a vozes, ensaiavam o extraordinário Coro dos Escravos Hebreus de Verdi.

O salão polivalente e a galeria
(daqui)

Eu tinha aulas só ao fim da manhã, mas ia para o Colégio mais cedo apenas para ficar na galeria a ouvir aquela melodia tão intensa, tão vigorosa, tão pungente, aquelas vozes jovens e fortes que se elevavam no ar e me faziam arrepiar e sentir quase sem peso.

Não sei se por isso, se por ter aprendido na Faculdade a gostar da Ode a Santa Cecília do poeta inglês do século XVIII Dryden que depois serviu de tema para uma cantata composta por Haendel, quando penso em Dia da Música logo me vem à ideia o dia 22 de Novembro.

De facto, só mais tarde, em 1975, é que a UNESCO instituiu o dia 1 de Outubro como o Dia Mundial da Música, celebrando-se no dia 22 de Novembro o Dia dos Músicos.

Para celebrar a efeméride do dia, deixo aqui uma versão do magnífico Coro dos Escravos Hebreus da ópera Nabucco de Verdi.