Com a shopping-mania que se abateu sobre as cidades de há uns anos para
cá – e até sobre Leiria, imagine-se! – e também com os sucessivos cortes com
que os “nossos” governantes têm mimoseado os reformados, diga-se, fui perdendo
o (bom) hábito de dar umas voltas pela cidade a ver as lojas e a fazer uma
comprita aqui, outra acolá.
Ontem à tarde, para me recompor
de tanta chuva e tanto tempo cinzento e de uma semana de algum mal-estar,
resolvi ir passear pelas ruas e ver as lojas.
Nos anos em que, de acordo com as
contas e as certezas deste “governo”, todos nós vivíamos “muito acima das
nossas possibilidades”, por esta altura do ano já tinha feito quase todas as
comprinhas de Natal para sobrinhos, amigas, filhos de amigas e parte da família
chegada, “extravagância” para a qual muitas vezes me chegava menos de metade do
subsídio de Natal. Como agora o que atualmente recebo de “prestação mensal” do
dito subsídio não chega, nem pouco mais ou menos, para pagar a também mensal taxa
de solidariedade social, ainda não tenho nada comprado e pouco vou comprar,
claro.
Na minha voltinha de ontem, porém,
pensei que talvez encontrasse algumas coisas que me surpreendessem pela
novidade e/ou pelo preço, sei lá!
Entrei, saí, entrei, saí, entrei
e voltei a sair e, das lojas que ainda não fecharam, saí sempre com a mesma
sensação: espaços enormes vazios, ou enormes porque vazios, com as funcionárias,
muitas delas “velhas conhecidas”, fingindo-se entretidas, ocupadas a arrumar
cabides ou a ajeitar roupas ou a verificar códigos no computador… Que desânimo!
Ver uma loja enorme de uma cadeia espanhola que costumava fervilhar de jovens
em fila para experimentarem um fato, umas calças, um vestido, completamente vazia. Outra de roupa para
crianças em tempos de preços acessíveis, completamente
vazia. Outra que outrora tinha dois andares repletos de modelos masculinos
e femininos mas que agora usa um só andar metade do qual ainda com saldos de
verão, completamente vazia. Tudo
vazio. Tudo como que para fechar. Como as pessoas: também parece que estão para
fechar. Um desânimo!
Vim para casa. Como quem também
está para fechar. Desanimada.
Parece uma cidade tb ela vazia.
ResponderEliminarAs pessoas necessitam de priorizar nesta altura.
Que situação tão desanimadora.
O Pais, depois dos saldos, vai fechar...
ResponderEliminarAinda vai havendo quem veja...
ResponderEliminarPor este andar, pouco falta, nem ver vai ser possível. Por um lado a cidade a ser um deserto, por outro cada vez mais ocupada por "gente estranha"... (não há problemas de segurança com video vigilância, garantem os maiorais).
As pessoas cada vez mais conformadas, a desistir de viver, ficarão em casa, na caminha para poupar no aquecimento e na sola dos sapatos.
Estamos a voltar ao tempo do velho santa-comba-dão. Em Coimbra cantava-se:
Ó Oliveira da Serra
o vento leva a flor
só a ti ninguém te leva
para o pé de Nosso Senhor.
Hoje poderia ser assim:
Ó Coelho de Massamá
levaste os jovens em flor
não há quem te leve de cá
pró pé de Nosso Senhor?
O sumo-sacerdote há dois anos e picos indicou o caminho: out!!!
Os velhos, para ele, não são problema, vão indo...
Ontem esteve um lindo dia para passear. O Sol brilhou e a temperatura foi muito agradável.
ResponderEliminarOs locais visitados são realmente bonitos e convidativos para um passeio .
Mas quanto a lojas ... já estamos desabituados e de prendas para o Natal... Bem pedimos a Deus que nos conceda saúde e muita harmonia dado que quando começa a faltar o pão de cada dia as pessoas tornam-se azedas, incrédulas e impacientes...
Alguém ainda acredita neles...???
Governos de PPP's...
Por cá é a mesma desolação. Nunca , mas nunca julguei ver este cenário. M.A.A.
ResponderEliminarEsse vazio senti eu na alma quando recentemente passei pela outrora animadíssima baixa de Setúbal e vi encerrados estabelecimentos que já existiam quando , com onze anos mal feitos, fui para o Liceu ...e a maioria dos restantes transformados em lojas chinesas.
ResponderEliminarBom domingo
Por este andar, o dono dessas lojas espanholas, o mais rico de Espanha e um dos mais ricos do mundo (Revista Forbes), num futuro próximo vai ter uma grande queda...A ex-mulher já não assiste, pois faleceu este ano.
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ResponderEliminarÉ desolador e tende a piorar. O conformismo onde entra, tolhe.
Dar voz à revolta é um sinal de que o país ainda tem quem o respeite.
Um beijo
Sempre privilegiei as compras de bairro e raras vezes vou a centros comerciais. Gosto do atendimento personalizado e por isso me entristeço quando vejo estabelecimentos a encerrar todos os dias. É um pouco da história das cidades que se vai perdendo paulatinamente, perante a indiferença da maioria
ResponderEliminarQue desalento andar pela cidade... e pensar que, naquele preciso momento, o "Shopping Leiria" está a abarrotar de gente!
ResponderEliminarAfinal para que é que levámos séculos a construir cidades?! Casa a casa, rua a rua, loja a loja?
Para dum momento para o outro virem os "grandes investidores" e roubarem-nos a "nossa cidade"?!...
Vá lá que não conseguiram transferir as nossas recordações para o "Shopping"!...
as-nunes,
ResponderEliminarPor enquanto esse tipo de negócio ainda é monopólio das TVs.
Vazios andamos todos. Sobretudo de esperança.
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