Gosto particularmente de dar uma volta, pela manhã, pela área do Centro Comercial D. Dinis, na zona mais velha de Leiria. Foi sempre a minha área preferida das ruas desta cidadezinha acolhedora. Quando trabalhava, depois da Escola se mudar, em 82, das velhas instalações do Antigo Lyceu de Rodrigues Lobo para antigos terrenos da Prisão-Escola, perto da Câmara Municipal, descia do autocarro na Fonte Luminosa para fazer a pé aquele passeio revigorante até à Escola, passando pela área do D. Dinis, vendo as montras, subindo pela antiga Casa de Saúde até à Câmara, descer ao Porto Moniz, para estar na sala de professores aí pelas 8.20 para poder ainda trocar umas brincadeiras com as colegas. Foram anos.
Antigo Lyceu Rodrigues Lobo |
Mercado de Santana |
Câmara Municipal de Leiria |
De modo que, e ainda por cima com o tempo claro e luminosos que tem estado, continua a dar-me imenso prazer dar umas voltas pelas medievais ruinhas em redor do Terreiro, olhar as montras, ver os saldos e as novidades na Livraria e, depois, entrar no D. Dinis para ver os jornais, comprar o pão e beber o segundo café.
Costumam estar por lá quatro senhores, segundo me dizem, reformados da banca, que falam alto e riem muito (se bem me pareça que não aparentem grande naturalidade, nem boas maneiras, em fazê-lo). Hoje, o tema de conversa dos senhores era a revoltante gaffe do senhor presidente ao falar da sua «exígua» reforma. Até aqui, tudo bem: o país (quase) em massa comenta, manifesta-se e barafusta. Mas o tom daqueles senhores era quase de galhofa, o que, de facto, não me pareceu nada genuíno e muito menos sincero. E aí pensei muito cá para mim: quantos daqueles senhores terão votado Cavaco? Quase todos, senão todos mesmo, se pensarmos que Leiria (e arredores) foi sempre um verdadeiro «Cavaquistão». Então para quê todo aquele «arraial» forçado? Veio-me à mente o texto “Então e a verdade?” que Pedro Marques Lopes escreveu no passado domingo no DN em que com toda a sinceridade e sabe-se lá com que sentimento de contrariedade e de revolta aquele homem de direita, como ele próprio se assume, confessou publicamente: «Anteontem tive vergonha de ter votado algumas vezes neste senhor.»
Será que algum daqueles senhores ali sentados teria coragem suficiente para simplesmente dizerem o mesmo?
Obrigada pelo passeio, querida amiga, por esta cidade que eu amo e onde passei tantos e tantos anos como aluna e como professora!
ResponderEliminarTive o privilégio de ter sido aluna do velho Lyceu e professora da "tua/nossa" escola que aí funcionou também.
A minha 1ª escola como profissional foi a então Escola Comercial e Industrial de Leiria, a minha última foi a Escola Básica 2/3 Dr. Correia Mateus.
Só não fui professora do "Liceu"...
Falta-me isso no meu CV! :-))
E ainda acrescento que o meu rapaz mais novo nasceu na velha Casa de Saúde, tal como as tuas filhas, penso eu...
Abraço
Delicioso passeio.Matei saudades
ResponderEliminarsem sair daqui.
Do meu Liceu,vieram-me à lembrança
os inocentes disparates que nós,as meninas,fazíamos para podermos ver os rapazes que brincavam na cerca,pois que todas as janelas do primeiro andar, destinado às aulas das meninas, estavam pregadas e tinham os vidros pintados de branco
Vê-los subir ao nosso andar a caminho dos laboratórios era o gosto supremo,só que raramente acontecia porque a "Menina Sara" (Senhora casada e mãe de dois filhos,mas que não tinha direito a DONA,porque o Dona era para as Professoras que, por sua vez, não tinham direito a Dras porque esse título era só para Professores)nos enfiava nas salas ao toque da sineta.
Enfim,coisas de quem já viveu 3/4 de século...
Quanto ao Presidente dos Portugueses (?),tenho de dizer já:NÃO FUI EU!Visito este blog desde que a amiga Rosa mo indicou.
Todos os dias me dá algo de novo.Obrigada
Kinkas
Foi muito bom passear com você! Adorei! Belas fotos! Reproduzem bem o texto!
ResponderEliminarAbraço da Célia.
Posso até envergonhar-me de muita coisa... disso não!
ResponderEliminarCavaco??? Nem da lagosta me consigo aproximar...
:(
Bonito passeio por Leiria , que eu não faço há muitos anos.
ResponderEliminarEsses senhores galhofeiros, são na minha opinião os verdadeiros representantes dos "grunhos" nacionais ao passo que Pedro M. Lopes , sabe o que diz. Gosto de o ouvir na SIC notícias , sábado à noite no Eixo do Mal , embora aprecie a Clara Ferreira Alves.
O anónimo anterior sou eu M.A.A.
ResponderEliminarLembro-me da Leiria dos meus oito anos, porque os meu Avô era da Barrocaria um lugar perto do Olival e íamos para lá passar alguns dias. Claro que a ida quase diária a Leiria fazia parte do programa, assim como a compra dos colares de pinhões que o meu Avô fazia questão que eu todos os dias comesse. A praça encantava-me.
ResponderEliminarAgora 'Cavaquistão' é a zona de Viseu. Aqui são sempre os mesmos, mas também não há alternativas. Beberam-no no leite materno e também a genética tem muita força.
Beijo
Graça minha querida
ResponderEliminarMuito obrigado pela tua companhia neste passeio a que estou habituada a fazer sozinha,m possivelmente já se cruzamos por lá, são algumas as vezes que vou ao centro comercial D.Dinis.
Conheço cada canto das tuas fotos.
Meu pai faleceu na casa de saúde em 1992.
Beijinho e uma flor
Muito obrigada por terem gostado da cidade onde já passei mais tempo da minha vida do que em qualquer outra, não obstante não ser a "minha cidade" que essa é Lisboa (desculpe-me quem puder...)
ResponderEliminarObrigada, querida Kinkas pelas tuas boas memórias do teu Lyceu. Continuo a gostar muito do edifício e tenho saudades dos anos que lá passei como professora. Tínhamos um grupo muito simpático, muito característico.
Beijinhos.
Flor, se calhar já nos cruzámos mesmo e sem sabermos. temos de combinar um encontro - de flor ao peito...
Pois foi, Rosinha, as minhas filas também nasceram naquela Casa de Saúde. E que pena me fez e me faz ainda vê-la abandonada, "toda rota, toda patida"... Agora vai virar centro comercial com mais não sei quantas lojas que vão ficar às moscas como as dos restantes centros comerciais da cidade.
Acácia, tens de vir fazer uma visita a Leiria. Podes ficar cá em casa.
Beijinhos para todos.
Passei por alguns destes locais. Lembro-me perfeitamente do Lyceu. Tirei foto, evidentemente. Só não me recordo do edifício do mercado.
ResponderEliminarMas é lindo, não é, Catarina? Dos anos 20 do século passado.
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