A rosinha (da minha roseira brava) estava em botão quando a vi de manhã.
Pelo meio do dia toda ela se abria em cor.
E, ao fim da tarde, dava já sinais de morrer em breve.
Então lembrei-me das rosas dos jardins de Adónis de Ricardo Reis «que em o dia em que nascem, em esse dia morrem».
E trouxe-o aqui para refletirmos...
As rosas amo dos jardins de Adónis,
Essas volucres 1 amo, Lídia, rosas,
Que em o dia em que nascem,
Em esse dia
morrem.
A luz para elas é eterna, porque
Nascem nascido já o Sol, e acabam
Antes que
Apolo deixe
O seu curso
visível.
Assim façamos nossa vida um dia,
Inscientes, Lídia, voluntariamente
Que há noite antes e após
O pouco que
duramos.
1. efémeras
11-7-1914
(Odes de Ricardo Reis.
Fernando Pessoa. Lisboa: Ática, 1946)
Uma sequência muito bem focada.
ResponderEliminarEfémeras? Tudo é relativo...
A elegância insciente e fatalista de Ricardo Reis.
Foi uma boa associação...
Beijinhos
~~~~
Tudo na Natureza nasce, cresce e morre, mas a vida dessa tua rosinha foi demasiado efémera, Graça.
ResponderEliminarO poema é um apelo à nossa reflexão sobre quão breve é o nosso tempo.
Porquê gastá-lo inutilmente a complicar, ao invés de contribuir para que a nossa passagem seja lembrada com saudade?
Janita
Eliminara lei da natureza não é essa...
e no reino da rosa
tudo se transforma
basta que guardes um pétala
"Assim façamos nossa vida um dia,"
ResponderEliminare o meu está amanhecendo agora...
(verdade!)
O que importa é o que fazemos entretanto, na nossa vida, no nosso dia-a-dia.
ResponderEliminarBeijinhos, bfds
Bonitas essas rosas e bonitos esse Ode do Ricardo Reis (Fernando Pessoa), um dos génios da Literatura Portuguesa que deveria ter recebido um Nobel, pela sua enormidade e a sua capacidade de criar 4 heterónimos completos e escrever, assumindo a personalidade de cada um !
ResponderEliminarObrigado Graça
A beleza é mais breve ainda do que a Vida....mas as tuas fotos no-la guarda para sempre.
ResponderEliminarBeijinho, bom fim de semana
Lindíssimos comentários da parte dos meus queridos amigos que agradeço do coração.
ResponderEliminarBeijinhos. E... não se esqueçam de mudar a hora aos vossos relógios...
Também gosto de as observar aqui no roseiral! E tenho uma roseira que meu pai plantou que neste processo vai do rosa ao amarelo... Bj e gosto muito da poesia
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